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Nação Zumbi fala da importância de Da Lama ao Caos em show no Circo Voador

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Tudo começou no início dos anos 90 em Recife com uma banda pós-punk chamada Loustal que se juntou ao bloco de samba-reggae Lamento Negro. Daí veio o Chico Science e Lamento Negro. Acharam o nome um pouco fúnebre e preferiram homenagear a principal manifestação artística pernambucana, o maracatu. Nascia então Chico Science e Nação Maracatu. Só que os rapazes preferiram uma homenagem ainda mais significativa, e resolveram reverenciar o maior símbolo da resistência negra no Brasil, Zumbi dos Palmares. Estava criada a Nação Zumbi.

“Parece que foi ontem. Trintinha. Uma honra poder compartilhar isso aqui”, disse o vocalista Jorge Du Peixe assim que pisou no palco do Circo Voador lotado na noite de ontem. Era a comemoração dos 30 anos do álbum “Da Lama ao Caos”, um dos discos mais importantes dos anos 90, não só para a música brasileira, como para o cenário mundial. Diversas revistas estrangeiras citavam o trabalho de Chico Science e Nação Zumbi como um dos mais influentes daquele ano e, posteriormente, da década. E a relevância dessa história deixada por Science, que teve a vida interrompida por um acidente automobilístico em 1997, reafirma sua força perene, que pôde ser constatada dada a presença massiva de jovens no público que sequer eram nascidos quando o clipe de “A Cidade” rodava na MTV.

O clássico álbum foi executado na íntegra obedecendo a ordem das faixas, abrindo os trabalhos com “Monólogo ao Pé do Ouvido”. Embora os grandes hits como “A Cidade”, “A Praieira” e a faixa-título tenham, obviamente, sido recebidos com mais entusiasmo pela plateia, boa parte dos presentes tinha todas as músicas na ponta da língua, em um show que não via a energia do público baixar em um momento sequer. Uma volumosa e ensandecida roda de pogo se formava frequentemente ao longo da apresentação no centro da pista ao som da poderosa percussão da banda.

Mantendo a tradição, “Salustiano Song”, homenagem ao mestre mestre de folguedos populares e rabequeiro Manoel Salustiano Soares, contou com um caboclo de lança no palco, o maior ícone do maracatu pernambucano. Em “Computadores Fazem Arte”, Du Peixe colocou o chapéu de Chico Science em um pedestal. “Coco Dub (Afrociberdelia)” encerrou o módulo dedicado ao álbum, com repentista executando rabeca.

Mas claro que ainda faltavam alguns hits, que ficaram guardados para o bis. Pedro Baby, que se juntou à banda na música “Um Sonho”, e permaneceu até o fim da apresentação. Na sequência veio o clássico Manguetown, seguido dos maiores sucessos da Nação lançados já sem Science, “Meu Maracatu Pesa Uma Tonelada” e “Quando a Maré Encher”. O show foi encerrado com “Maracatu Atômico” (e a volta do caboclo de lança, remetendo ao videoclipe), um daqueles casos de versão que acaba eclipsando a original – a música é de Jorge Mautner, lançada no disco homônimo do artista de 1974.

Mais do que celebrar as três décadas de “Da Lama ao Caos”, a Nação Zumbi segue firme no propósito de levar adiante o legado de Chico Science e do movimento Manguebeat, movimento esse que pode até não ter mais os holofotes da mídia de outrora, mas carrega uma história de relevância indiscutível, que precisa ser acessada pela geração atual e as futuras.

Setlist:
1. Monólogo ao Pé do Ouvido  
2. Banditismo por Uma Questão de Classe  
3. Rios, Pontes & Overdrives  
4. A Cidade
5. A Praieira  
6. Samba Makossa  
7. Da Lama ao Caos  
8. Maracatu de Tiro Certeiro
9. Salustiano Song
10. Antene-se  
12. Lixo do Mangue
13. Computadores Fazem Arte
14. Côco Dub (Afrociberdelia)
15. Um sonho
16. Manguetown
17. Meu Maracatu Pesa uma Tonelada
18. Quando a Maré Encher
19. Maracatu Atômico

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