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“A Vida Como Ela É…”, de Nelson Rodrigues, ganha nova montagem

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“Basta ler um conto de ‘A Vida Como Ela É…’, que você quer fazer todos. Quanto mais eu lia, mais vontade tinha de ver todas aquelas histórias encenadas, exatamente como Nelson Rodrigues escreveu, sem mexer em nenhuma palavra, mas precisei escolher apenas quatro”, conta José Pedro Peter sobre sua mais nova incursão teatral: o espetáculo “Tremores Ligeiros”, estrelado por Aline Fanju, Alexandre Varella, Ricardo Lopes e o próprio Peter, que faz as vezes de ator e produtor, sob a direção de Michel Blois. 

A montagem, que estreia dia 5 de setembro no Espaço Abu, em Copacabana,  reúne quatro curtas histórias — “O Gato Cego”, “A Coroa de Orquídeas”, “O Chantagista” e “Vontade de Ser Mãe” — e ainda um prólogo e um epílogo escritos por Peter. Em 1996, o “Fantástico”, da Rede Globo adaptou, com sucesso, cerca de 40 contos inspirados na coluna que o celebrado dramaturgo possuía no jornal “A Última Hora”. “O desafio já nasceu como parte da empreitada, mas um desafio que o nosso diretor Michel Blois enfrenta com muito entusiasmo e ideias brilhantes”, afirma ele.

O título “Tremores Ligeiros” surgiu a partir dos temas que estes quatro contos abordam, como a imprevisibilidade e a impulsividade com a qual a vida se apresenta muitas vezes e o chão que pode tanto faltar como separar em algumas circunstâncias. Esses processos desembocaram na idealização do cenário para a encenação, criado por Michel Blois. 

“As histórias fazem um duelo constante contra a estrutura patriarcal. Os textos falam de competição, feminicídio, maus-tratos, silenciamento, extorsão e manipulação. Então a concepção cênica é uma tentativa de fragilizar, testar, reorganizar ou derrubar um monumento compacto formado por uma sobreposição de peças, que, ao serem removidas, ganham novos significados”, explica Blois. 

Para o diretor, a obra de Nelson Rodrigues, como um todo, faz uma denúncia de uma sociedade adoecida. “Ele é cruel porque a vida, infelizmente, é cruel para as mulheres, para a  comunidade LGBTQIAPN+, para os pretos, periféricos, PCDs, povos originários… Não acho que ele escreveu o que escreveu para exaltar o patriarcado, mas, sim, para questioná-lo. Qualquer rearranjo social só é possível em coletivo, portanto discutir o status quo e as dinâmicas de poder são as bases para qualquer mudança. E o teatro pode e deve nos suscitar esse alerta”, instiga. 

A atriz Aline Fanju, que já se aventurou em outras obras de Nelson — atuou ao lado de Marília Pêra no filme “Vestido de Noiva”, dirigido por Joffre Rodrigues, em 2006, e também numa montagem com contos de “O Anjo Pornográfico” —, é a única mulher do elenco e só topou participar da montagem dirigida por Blois ao entender que realmente se pretendia fazer um distanciamento crítico. 

“Nelson tem uma assinatura, uma métrica que é genial, mas é também assustador. Nos contos, vemos como a vida era extremamente machista e brutal. E, em muitos aspectos, isso não mudou. Mas Michel me explicou que teríamos aqui uma nova opinião sobre essas questões, uma moldura, para que houvesse transformação, para que os homens fossem convocados a participar disso, dessa manutenção necessária”, festeja Aline.  

“Tremores Ligeiros” faz temporada no Espaço Abu (Av. Nossa Sra. de Copacabana, 249 – loja E – Copacabana). de 5 a 29 de setembro de 2024 | quinta a domingo | 20h . Ingressos pela Sympla

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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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