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“DESERTO” reestreia no Teatro Firjan SESI Centro

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Com direção e dramaturgia original de Luiz Felipe Reis e atuação de Renato Livera — indicado ao 35º Prêmio Shell na categoria Melhor Ator —, “DESERTO” estreia nova temporada no Teatro Firjan SESI Centro. Novo espetáculo da Polifônica, DESERTO é a primeira encenação brasileira baseada em fragmentos de diferentes obras e das memórias do premiado escritor chileno Roberto Bolaño (1953-2003), considerado um dos grandes autores latino-americanos de todos os tempos.

Eleito pelo The New York Times como um dos maiores romancistas do século XXI, pelas obras “Os detetives selvagens” e “2666”, Bolaño tem sua obra revisitada e recriada em DESERTO, a partir de uma dramaturgia que propõe uma reflexão coletiva “acerca das condições de possibilidade para a existência da poesia e dos poetas no mundo contemporâneo, em meio à ordem neoliberal vigente e suas inúmeras formas de violência”, diz o diretor.

Em cena, Renato Livera se aproxima da figura do escritor, emprestando corpo e voz às suas palavras, extraídas de obras emblemáticas como “A universidade desconhecida”, “2666”, “O gaúcho insofrível”, “Entre parêntesis” e “Bolaño por si mesmo”. A partir destes diferentes textos e materiais — poemas, crônicas, conferências, entrevistas —, DESERTO compartilha com o público suas reflexões autobiográficas e artísticas — sua relação com a escrita e com a poesia, com a História política da América Latina, com a violência do machismo e do sistema capitalista —, em suma: suas mais recorrentes preocupações éticas e estéticas, políticas e poéticas. Propondo um jogo de atravessamentos entre arte e vida, DESERTO olha para Bolaño e para seu compromisso com o fazer literário a fim de questionar qual o lugar da poesia e dos poetas em meio à violência do mundo contemporâneo.

“DESERTO reverbera o grande ponto de interrogação, de questionamento, que se encontra ao longo da obra de Bolaño, que se indaga continuamente sobre a viabilidade da poesia, ou da criação artística, em meio à disseminação da violência, da opressão e da devastação que marcam nosso mundo atual”, diz Luiz Felipe Reis.

Resultado de uma extensa pesquisa na obra de Bolaño,DESERTO aborda, sobretudo, os últimos anos de vida do escritor. Diagnosticado com uma doença hepática crônica, em 1992, Bolaño passou sua última década de vida lidando com uma doença de certa forma silenciosa, enquanto se dedicava à conclusão de obras como “2666”, sua obra-prima final, e “O gaúcho insofrível”, sua última coleção de contos. Neste sentido, DESERTO acompanha um poeta diante da morte — enquanto aguarda um transplante de fígado —, porém afirmando, até o fim, a vida em contínua criação.

“Toda sua trajetória, e sobretudo seus últimos anos de vida representam, de certa forma, a batalha cotidiana dos artistas no mundo contemporâneo, uma luta contínua contra diferentes forças de restrição e de opressão, contra o processo de desertificação das subjetividades e de desvitalização do imaginário a que estamos sendo submetidos pelo mundo neoliberal e digital”, diz o diretor. “Sua obra, assim como nossa peça — ao menos é o que esperamos —, apresentam o que chamo de contra-cenas ao estado atual do mundo, ou seja, cenas que se levantam criticamente e propositivamente em relação ao estado atual do mundo, em ao estado desértico a que o mundo ruma, à disseminação irrestrita do horror e das forças de destruição que se alastram e englobam a Terra: violência neoliberal, necropolítica, ecocídio, feminicídios, fascismos e autoritarismos que vicejam por todos os lados, nas Américas e além”.

Ao passo que acompanha de perto a etapa final da vida do escritor, DESERTO também é atravessado por flashes de diferentes momentos da impressionante jornada de vida de Bolaño, que saiu do Chile para o México aos 15 anos, atravessou as Américas para retornar ao Chile nos anos 1970, mas após o golpe em Salvador Allende, em 1973, retorna ao México para, então, se fixar de vez na Espanha a partir de 1977. DESERTO é a recomposição de rastros dessa aventura, e recria em cena passagens importantes desta trajetória, marcada por seu espírito inquieto e contestador, inconformado com a opressão das normas, das injustiças e com a violência humana.

DESERTO, por fim, reflete a aventura de ser poeta em meio a um mundo globalmente colonizado e dominado pelo imperativo dos números e do lucro, da utilidade e da eficácia a serviço do capital; um sistema de mundo marcado pela exploração e pela devastação de tudo que é vivo. Por sua vez, em contraponto a esta pragmática e destrutiva lógica de mundo, Bolaño se afirma, através da sua vida e sua obra, como um poeta e um cidadão pactuado com Eros e com o Cosmos, ou em outras palavras: com as forças de criação.

“Sua obra e sua vida afirma uma ética, uma forma de existência: Bolaño enxerga a poesia, a aventura poética, como uma forma de vida, como uma forma de escapar e de se contrapor ao conjunto de normas e hábitos, muitas vezes opressores, impostos pelo regime totalitário do capitalismo em sua forma contemporânea, neoliberal, marcada pela intensificação do desamparo, dos conflitos, do sofrimento psíquico, da exaustão ambiental, em suma, pela desertificação de tudo que é vital e fundamental à vida”, diz o diretor. “DESERTO é, em boa medida, uma contra-cena que se levanta contra o atual processo de desertificação e de desvitalização dos nossos corpos e subjetividades, e que afirma a poesia como uma forma de vida: mais lúdica e criativa, e que potencializa, acima de tudo, a viabilidade da nossa existência”.

Atualmente, pode-se dizer que Roberto Bolaño já é reconhecido como um verdadeiro “clássico contemporâneo”, mas ainda hoje, no Brasil, sua obra é menos conhecida e lida do que se pode imaginar. Ao recriar em cena fragmentos da vida e da obra do autor, DESERTO pretende contribuir para a difusão da obra de Bolaño no país e atuar, também, como porta de entrada ao fascinante universo literário do autor de “Os detetives selvagens” e de “2666”, considerado por muitos o maior expoente das letras latinas desde o grande boom dos anos 1960-70 que apresentou ao mundo nomes como Gabriel García Márquez, Julio Cortázar, Carlos Fuentes e  Mario Vargas Llosa.

Serviço:

Local: Teatro Firjan SESI Centro – Avenida Graça Aranha nº 1, Centro.

Temporada: 05 de setembro a 06 de outubro de 2024, quintas e sextas às 19h, sábados e domingos às 18h

Classificação indicativa: 16 anos

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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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