Helena Varvaki estreia como dramaturga em ‘Um Lugar Onde a Vida Acontece’

Maria está na véspera de seu aniversário de 60 anos. Enquanto recebe os convidados, ela separa uma série de objetos dos quais vai se desfazer: livros, roupas e louças de família, este é o ponto de partida de ‘Um Lugar Onde a Vida Acontece’, solo que marca a estreia da atriz Helena Varvaki como dramaturga e que também celebra suas seis décadas de vida.

Ainda que não seja totalmente autobiográfico, o espetáculo foi motivado pela efeméride: ‘Eu levei um susto enorme quando percebi que iria fazer 60 anos, como digo na peça: “sempre me imaginei com 95, mas ninguém nunca me falou que, para chegar aos 95, eu teria que passar pelos 60. E agora?” Esse foi o impulso inicial: olhar para a vida a partir da perspectiva de uma mulher que vai fazer 60 anos. Tinha vontade, desde o início, de olhar para esse fato com leveza e humor’, conta Helena Varvaki, que embaralhou memórias, referências literárias e histórias de terceiros para compor a dramaturgia.

Ao longo dos últimos meses, ela entrevistou muitas mulheres da mesma faixa etária e colheu depoimentos que de alguma forma entraram no texto final. A autora/atriz acredita que o tempo seja um grande personagem do espetáculo: ‘Além de falar sobre a chegada de uma mulher aos 60, a peça brinca com o tempo cênico real. Maria convida os espectadores para estarem com ela no momento preciso em que ela vai cruzar a linha dos 59 para os 60. Então a peça joga esse jogo, ela verifica que horas são e fala: “não posso me distrair, não posso perder a hora”. Essa é, na minha opinião, uma das armadilhas da vida: em certo sentido, a gente se distrai do que realmente importa’ reflete Helena.

‘Um Lugar Onde a Vida Acontece’ é o resultado de um longo processo que, ao longo dos últimos oito meses, envolveu toda a equipe de criação, liderada pela diretora Miwa Yanagizawa, que acumula indicações e troféus nas principais premiações teatrais nos últimos anos, em espetáculos como ‘Em Nome da Mãe’ e ‘Nastácia’. A imensa vontade em trabalhar com Miwa foi também um aspecto importante na motivação para o espetáculo:

‘Eu queria ser dirigida pela Miwa. Ela me faz um convite para estar em cena atenta ao presente e com a escuta aberta para o que está acontecendo comigo e, ao mesmo tempo, na relação com o espectador e isso conduz o processo de criação. Isso me interessa muito como atriz, sempre interessou, mas agora não consigo mais pensar a atuação sem conectá-la de forma radical com o presente’.

Serviço

De 03 de outubro a 22 de dezembro de 2024 / Quinta a sábado às 20h, domingos às 19h

Local: Teatro Poeirinha (Rua São João Batista, 104 – Botafogo)

Ingressos em https://bit.ly/UmLugarPoeirinha / Classificação indicativa: 12 anos