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“Camille em fuga” estreia no Sesc Copacabana

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A pintura “Mulher com Sombrinha”, também conhecida como “O passeio”, é uma das obras mais emblemáticas do movimento impressionista, no quadro, Monet eternizou sua primeira esposa, Camille, e seu filho Jean, em um campo de papoulas, com delicadeza e sensibilidade. A tela sempre foi uma das preferidas da autora e diretora Gabriela Estevão, e sua inspiração para escrever o espetáculo “Camille em fuga”.

Camille em fuga
Foto: Nil Canine

Em “Camille em fuga”, no entanto, o momento familiar registrado pelo artista francês suscita discussões sobre sororidade, maternidade, liberdade do corpo, aprisionamentos sociais, medos e inseguranças femininas. Com coordenação de Eli Carmo, este projeto foi contemplado pelo Edital de Cultura Sesc RJ Pulsar. 

“A mulher é observada (e cobrada) o tempo todo pela sociedade. Mesmo sem querer, costuma ser aprisionada pelos moldes que são impostos por um universo patriarcal. Será que as pessoas próximas conseguem enxergar como essa mulher é de verdade? Será que conseguem entender o que realmente deseja? A trama parte desses questionamentos e convida o público a refletir, com leveza e comicidade, sobre temas fundamentais para a sociedade atual”, conta a dramaturga e diretora Gabriela Estevão. 

“Camille em Fuga” traça uma relação sensível entre três mulheres, duas humanas e uma em óleo sobre tela. Em cena, estão as atrizes, Denise Stutz e Eli Carmo, que vivem Aura e Camille, respectivamente. Toda segunda-feira, Aura visita a mesma galeria, onde Camille trabalha, para admirar uma instalação inspirada no quadro de Monet. É ali o seu refúgio, onde consegue ser ela mesma, sem precisar desempenhar qualquer papel para ninguém. A partir de um jogo de enquadramentos e pontos de vistas, essas mulheres se entrelaçam construindo uma intimidade incomum no mundo individualista contemporâneo.

O cenário remete a um grande quadro, em que as atrizes são modelos vivos e sujeitos, e, com isso, o espetáculo brinca com as planificações e com os pontos de fuga construídos nessa moldura cênica. Uma tela em branco que, aos poucos, vai ganhando movimento e cor através da iluminação e de tecidos e acessórios coloridos que vão se revelando no figurino. “É importante para a gente construir essa transdisciplinaridade entre teatro e artes visuais para falar da invisibilidade feminina, já que na pintura a mulher sempre ocupou mais o papel de objeto do que de sujeito”, lembra a atriz Eli Carmo. “No Masp, inclusive, há uma obra da Guerrilla Girls que deixa isso em evidência, com o título “As mulheres precisam estar nuas para entrar no Museu de Arte de São Paulo?”. Apenas 6% das obras do museu são de artistas mulheres, enquanto 60% dos nus são femininos”, acrescenta. 

A partir da personagem Aura, Denise Stutz lembra que a peça também provoca uma discussão sobre a solidão da mulher que envelhece e que deixou sua própria vida em segundo plano. “Falamos da limitação que o passar do tempo vai impondo na nossa vida, principalmente das mulheres. Para onde foram seus desejos, e quais são os desejos que sobraram para o futuro?”, indaga Denise.

Serviço: Temporada: de 07 de novembro a 1º de dezembro de 2024 Local: Sala Multiuso do Sesc Copacabana (Rua Domingos Ferreira, 160, Copacabana) / Dias e horários: de quinta a domingo, às 19h / Ingressos na bilheteria. / Classificação: 12 anos

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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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