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Fábio Souza faz um mergulho poético na obra de Emílio Santiago

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O Manouche apresenta “Mar de Emílio”, dedicado à obra de Emílio Santiago, na voz do cantor Fabio de Souza, que fará um show em homenagem ao cantor. Ao lado da aura de novidade natural à estreia, há uma atmosfera de encontro de velhos amigos. Afinal, a capa do primeiro disco do cantor, lançado em 1975, dois anos antes do nascimento de Fabio, é uma das lembranças mais marcadas de sua primeira infância, assim como as canções do álbum clássico. 

Além disso, “Mar de Emílio” é uma estreia do cantor, mas o olhar que Fabio mostra no show — um olhar caracterizado pela combinação de paixão e inventividade — já é uma marca conhecida de seu trabalho como cenógrafo de artistas como Fafá de Belém e Geraldo Azevedo. Que a tradução musical dessa maneira de ver e viver o mundo se mostre a partir de Emílio é profundamente significativo. 

— Penso muito que Emílio não foi valorizado como deveria, ou seja, como o maior cantor do Brasil — avalia Fabio. — Houve muito preconceito por ele ter sido muito popular com a série de discos “Aquarela brasileira”. E também por ser um homem preto, um dado que nunca pode ser ignorado neste país. Esse show nasceu de um sonho de homenageá-lo e mostrar todo o amor que sinto por ele. É também um pedido de licença para chegar nesse universo do canto que hoje em dia tem se desvirtuado tanto. Respeito muito os grandes cantores, eu fui criado assim, ouvindo Elza Soares, Alaíde Costa, Áurea Martins, Johnny Alf, Leny Andrade… Então cantar Emílio é pedir permissão para chegar.

Apesar de Fabio se mostrar à frente de um show só agora, o cantor nasceu nele há muito tempo. Há alguns anos, ele chegou a participar de shows da Orquestra Imperial e de artistas como Mãeana, e mesmo a interpretar uma canção de Emílio acompanhado ao piano pelo maestro Laércio de Freitas. Mas o despertar de sua voz é ainda anterior. Vem de berço — e isso não é força de expressão.

— Minha mãe conta que eu cantava “Bananeira” antes de aprender a falar — explica o artista. — A música sempre foi um elo entre mim e a minha mãe. Porque minha mãe trabalhava de segunda de manhã até sábado à noite, então quem me criou foi minha avó. A música era um jeito de sentir minha mãe perto. Especialmente ouvir Emílio e Elza. Ela era muito fã dos dois, me levou a muitos shows deles.

Seu despertar para o canto se deu quando morava em São Paulo e entrou para a Universidade Antropófaga do Teatro Oficina, selecionado como ator-cantor. Ali começou a caminhada para trabalhar por seu olhar, por sua arte, e não a serviço da arte de outros. Migrou para cenografia e direção de arte, onde construiu uma carreira sólida. Mas o reencontro com o menino que aprendeu a cantar antes de falar começou a se desenhar em setembro deste ano, quando ele fez um pocket show no Largo das Neves, uma prévia do que seria o “Mar de Emílio”. 

No show, Fabio tem a companhia de Vovô Bebê (que assina a direção musical), Nana Carneiro e Caxtrinho. Três músicos que têm, assim como Fabio, o compromisso com o novo.  Ele conta, “Quis jogar luz em músicas da trajetória do Emílio que não ficaram tão conhecidas, músicas incríveis que eu cantava desde criança”.

Por sua musicalidade surpreendente e pelos afetos mil envolvidos, “Mar de Emílio” é uma celebração à liberdade. Liberdade que pode ser sintetizada nos versos de uma das canções que Fabio leva ao palco do Manouche: “Bota pra fora o mundo que existe em você/ Rasgue a fantasia/ Os sentimentos um dia têm que aparecer”. 

SERVIÇO: Local: Manouche (Rua Jardim Botânico, 983, – subsolo da Casa Camolese/Jd. Botânico) / Data e horário: 27 de novembro, quarta, às 20h30 / Ingressos:  https://linktr.ee/clubemanouche 

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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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