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“Solidão de Caio F.” faz recorte sobre obra de Caio Fernando Abreu

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A busca pelo amor verdadeiro nas grandes metrópoles e a poesia extraída da dor de se sentir só permeiam os textos do jornalista, dramaturgo e escritor gaúcho Caio Fernando Abreu (1948-1996), que deixou uma extensa obra, composta por contos, romances, novelas e peças teatrais. “Solidão de Caio F.” põe um foco nesse recorte ao unir dois contos do autor sobre o tema (“Uma praiazinha de areia bem clara, ali, na beira do sanga” e “Dama da Noite”), além de cartas escritas entre 1987 e 1990.

Com direção de Alexandre Mello e roteiro de Hilton Vasconcellos, “Solidão de Caio F.” evoca imagens de uma época de homofobia explícita por conta da desinformação sobre a Aids e da grande dor existencial desta geração que viveu o golpe militar e a decadência das artes e da cultura no país.

 "Solidão de Caio F."
Fotos Felipe O_Neill

Na trama, um único homem, o escritor, desdobra-se em dois personagens, que estão em um mesmo ambiente, mas não se encontram, por pertencerem a contos diferentes. Os atores Hilton Vasconcellos e Rick Yates são cérebro e coração do autor, num mesmo espaço-tempo, contracenando indiretamente. Quando um é autor, o outro é personagem e vice-versa. Aliás, a encenação optou por explorar uma imagem bastante popular da famosa tela de Van Gogh, que retrata seu quarto, como suporte para a cena de Caio F.

Os personagens que habitam “Solidão de Caio F.”, apresentam suas memórias e impressões do mundo e da vida se expressam através das imagens daqueles tempos. Além disso, no espaço, também haverá uma exposição sobre o escritor, com textos, projeções e músicas de artistas citados em suas cartas e contos, de Maria Bethânia e Maysa a Fassbinder e Oscar Wilde.

“Este monólogo-tributo foi escrito durante a pandemia, quando a palavra de Caio parecia “gritar pelos cantos”. Suas crônicas e cartas nos anos 1990 denunciavam a ignorância em torno de um vírus, também desconhecido, e desmascaravam a covardia dos que usavam a epidemia para impor o ódio e o preconceito. O universo de Caio é o mesmo dos que insistem em continuar, dos que tentam não sucumbir às mazelas diárias”, descreve Hilton Vasconcellos que, em 2012, ficou oito meses em cartaz na peça “Homens de Caio F.”, dirigida por Delson Antunes. “As palavras de Caio parecem ter sido feitas para as ações que nascem no coração. Tudo ali é à flor da pele e nos emociona. O que é descritivo nos seus textos é cinematográfico, gerando imagens que ativam todos os nossos sentidos. Minha paixão pela obra dele é de longa data”, acrescenta Rick Yates. 

Caio Fernando Abreu é um dos mais importantes escritores brasileiros contemporâneos. Se estivesse vivo completaria 76 anos em 2024. Inovador, Caio F imprimia em seus contos uma narrativa cinematográfica, detalhada, delicada e ácida.

Integrante de uma geração, que vai dos hippies, passando pelos “punks” e “clubbers” até ser devorada pela Aids nos anos de 1980/90, os contos de Caio Fernando Abreu têm imagens potentes, são histórias cinematográficas da solidão de seus personagens na selva urbana.

“Caio surge como autor, sob a censura moralista da decadente ditadura militar no Brasil. Embarca numa espiral de afã por liberdade e justiça, amor livre e luta contra a homofobia, mas sua obra segue uma “via negativa”. Seus personagens são anti-heróis urbanos, “loosers”. A obra de Caio F. responde com sensibilidade à demanda de liberdade de seu tempo e continua atualíssima”, reforça Alexandre Mello.

Serviço: Temporada: 29 de novembro a 22 de dezembro de 2024 / Dias e horários: sexta e sábado às 20h30 e domingo, às 19h30. A casa abre 30 minutos antes das sessões e o bar funciona antes e depois do espetáculo. Local: Ateliê Alexandre Mello: Rua Alice, 1.658/201 – Laranjeiras / Classificação etária: 12 anos / Ingressos: no Sympla e no local sujeito à lotação 

Observações sobre o local do evento: O Ateliê Alexandre Mello fica na subida da Rua Alice, ponto de referência: bem em frente ao Residencial Redentor – lar de idosos. Pode-se subir de uber, táxi ou ônibus, linhas 133 e 507, saindo do Largo do Machado. O local não conta com estacionamento próprio, estando a cargo de quem for de carro estacionar na calçada. Para acessar o andar é necessário subir três lances curtos de escadas.

Rota Cult
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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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