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O Conde de Monte Cristo ganha roupagem moderna em nova versão

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Ninguém poderia imaginar que, por mais que a obra de Alexandre Dumas seja das mais clássicas já escritas, uma nova versão de O Conde de Monte Cristo fosse ainda suscitar tanto interesse em solo francês. A resposta veio inicialmente em prestígio: selecionado de maneira ‘hors concours’ para a última edição do Festival de Cannes, a nova versão da obra saiu consagrada pela crítica, que indagava porque os diretores da seleção não a colocaram na competição. Um mês depois, a estreia no circuito deixou claro que uma nova versão da história era ansiada: o filme se tornou a segunda maior bilheteria do ano no país, batendo os campeões hollywoodianos, como Meu Malvado Favorito 2Deadpool & Wolverine e o maior de todos, Divertida Mente 2

O Conde de Monte Cristo

Raspando nas três horas de duração, o que impressiona é a noção de ritmo fora do comum que o filme consegue ter. Com uma agilidade que não é habitual de ser conseguida em produções europeias, por mais que a proposta seja de aludir ao blockbuster estadunidense, essa é a versão de número 11 em longa-metragem, porque existem pelo menos cinco minisséries que também adaptaram o livro. Aqui, O Conde de Monte Cristo tem uma roupagem moderna em suas proposições, mas que mantém fiel a época e a base da narrativa. O resultado empolga mesmo os espectadores exigentes, que encontram mais do que uma versão cuja adrenalina é apresentada com requinte. 

Empregando tanto os dados de aventura que fizeram a tradição da história, quanto a tensão que escapa das intrigas palacianas propostas pelo personagem-título, O Conde de Monte Cristo conjuga suas duas encarnações com igual brilho e sem pesar a narrativa. Existe um equilíbrio fino no tratamento das referências ao ‘capa e espada’, e na superfície dramática que engloba o plano de vingança tradicional. As nuances desse campo de narração são bem apresentadas, mas comprimindo uma situação que se desenrola por vinte anos, alguns momentos ainda conseguem ser vistos de maneira ligeira. Isso significa que a duração poderia ser ainda aumentada, para que coubesse mais elementos? Talvez. 

Aliás, a dupla de roteiristas e diretores, Alexandre de La Patellière e Matthieu Delaporte, estão no terceiro sucesso consecutivo, após Qual é o Nome do Bebê? O Melhor Está por Vir. Eles foram os responsáveis pelos roteiros das versões mais recentes de Os Três Mosqueteiros, e demonstram ter capturado a essência do seu autor de maneira ideal. Aqui, no entanto, existe uma elevação das expectativas que não é desfeita; o filme é empolgante, e consegue uma sintonia entre todos os aspectos que um filme compõe. Trata-se de um trabalho cheio de cuidado da dupla, que não se deixa levar pela responsabilidade e entrega o material clássico repaginado para melhor. 

O elenco é encabeçado por um dos mais talentosos atores de sua geração, Pierre Niney (premiado por Yves Saint Laurent). Ele consegue investir na informação mais direta que seu personagem percorre – o ódio, o desejo de justiça, a paixão – para chegar no que é mais introspectivo, que passeia pelo seu olhar. Desde a abertura, a sensacional sequência do naufrágio, Niney demonstra maturidade para encarar um personagem histórico. Suas interações com Laurent Lafitte (de Elle), com Anaïs Demoustier (premiada por Alice e o Prefeito) e com Pierfrancesco Favino (premiado por O Traidor) mostram não apenas a química que nasceu entre eles, com o elenco formidável unido para o projeto, como suas chances ampliadas para possibilidades ainda mais instigantes. 

Com a certeza de que o espectador já conhece todas as curvas dessa narrativa (a versão norte-americana de 2002 ainda é muito popular), O Conde de Monte Cristo é vendida como a versão definitiva da obra, com suas intenções mais completas. Em tempos de Gladiador II, uma obra que ainda consegue se sobressair pela maneira íntegra com que trata seu universo e suas interações, certamente é admirável. Um inédito trabalho de maquiagem, que impressiona em todos os sentidos, é o que realça ainda mais o programa, com chances reais de se tornarem tão atraentes quanto a narrativa em si. 

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