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“Aqueles que deixam Omelas” faz nova temporada no Teatro Poeirinha

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É possível criar um mundo verdadeiramente justo? O que fazer quando cada movimento com esse objetivo parece gerar novas e desconhecidas injustiças? Esses questionamentos guiam o elogiado espetáculo “Aqueles que deixam Omelas”, solo narrativo baseado no conto homônimo da renomada autora americana Ursula K Le Guin (1929-2018), nunca publicado no Brasil.

A trama se constrói a partir do encontro do espectador com o narrador da história, um viajante solitário. Desde que deixou Omelas, ele percorre o mundo contando a história desse lugar de nome exótico, desconhecido por todos. A peça ficará em cartaz, às terças e quartas-feiras, às 20h.

Num primeiro momento, Omelas parece ser o lugar da utopia: solar, belo, alegre, livre. Mas, na verdade, ele esconde um segredo, uma feiura e tragédia quase distópicas. Ao revelar esse segredo, a sombra de Omelas aparece, tornando aquele lugar familiar a todos. O relato feito pelo viajante, em detalhes minuciosos, funciona como uma espécie de espelho, onde cada espectador ao se ver refletido, percebe que é parte integrante da distopia de Omelas. Talvez a narrativa do viajante tenha até um caráter de maldição, uma necessidade permanente de dividir com todos a sua própria perplexidade: “Se eu terei de viver para compreender isso que parece incompreensível, vocês também terão…”, diz o personagem para o público. 

Com tom de fábula moral filosófica, a narrativa apresenta uma trama repleta de paradoxos: beleza e sofrimento, liberdade e opressão, justiça e injustiça, dor e prazer. O espectador se vê envolvido por um turbilhão de imagens e acontecimentos, que vão sendo narrados pelo viajante, e mediados por esse jogo de opostos incômodos. A história que está sendo contada, em alguma medida, pode ser a história de qualquer um que esteja ali sentado, ouvindo aquele curioso relato.

“O que é belo e profundo neste texto é que ele pode ser uma metáfora para diversas esferas da nossa vida, tanto questões íntimas quanto das nossas bolhas e também mundiais. O que é Omelas? É uma cidade fictícia ou a nossa realidade diária?”, observa o ator João Pedro Zappa. “Nossa ideia na peça é plantar uma indagação que possa gerar uma reflexão no espectador. E essa reflexão vai ser diferente para cada um”, completa.

Estreando na direção teatral, João Maia P constrói uma cena crua e direta apoiada no trabalho minucioso da construção de imagens poéticas feitas pelo ator-narrador, e por uma cenografia e um figurino minimalistas.  “A urgência de contar essa história no Brasil de hoje está ligada à necessidade de se pensar sobre como é complexa a estruturação de uma sociedade mais justa. A quebra da ilusão utópica como caminho para lidar com a turbidez da realidade da experiência social humana no mundo”, avalia o diretor. 

Serviço: Temporada: 14 de janeiro a 26 de fevereiro de 2025 / Dias e horários: terças e quartas-feiras, às 20h. / Teatro Poeirinha: Rua São João Batista, 104 – Botafogo /Classificação etária: 14 anos / Venda de ingressos: pelo site Sympla e na bilheteria do teatro, de terça a sábado, das 15h às 21h, e domingo, das 15h às 19h.

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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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