A artista Cláudia Lyrio lança a exposição “O Manuscrito”, com curadoria de Marisa Flórido Cesar, no espaço Paço Imperial, no Centro do Rio. São cerca de 70 obras, entrelaçadas entre escrita e pintura, letra e imagem, sentido e silêncio, visível e invisível, legível e ilegível, sentido e ruína. Lyrio, que é formada em Pintura e Letras e é Mestre em Literatura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), usa os dois campos misturando arte e ficção literária em obras híbridas entre pinturas, desenhos, aquarelas, colagens e livros de grandes e pequenas dimensões.
A exposição é dividida em seis conjuntos de trabalhos: Manuscritos; Aquarelas Flora Liriensis (Séries Simbiose e Pétalas); Futuros Possíveis (Desenho sobre impressão Fine Art); Labirintos; Livros de Artista; e Paisagens. O conjunto que dá título à exposição é um livro de autoficção da artista em que cada tela, de grande dimensão (199x97cm cada), é uma página, escrita-desenhada-pintada, por uma de suas personas. As obras, em exposição não linear, estão em meio e ao lado de outras “páginas”, outros conjuntos de suas várias personas, como se todas formassem anotações marginais de um livro rasurado e para sempre incompleto: a escritora, a naturalista melancólica, a arqueóloga…
“O Manuscrito” é uma exposição para se ler-ver sobre tela. As telas, livros e desenhos de Lyrio, em seus grafismos e rasuras, rabiscos e apagamentos, são anotações voláteis do que escapa, como os sentidos, mas também os silêncios. Para a artista, “O Manuscrito” é “uma compostagem”, “de fragmentos e camadas de uma caligrafia pessoal, quase sempre cursiva, (…) o esboço de um livro que um dia viria (sic) a ser editado. Um livro que começou a ser criado no confinamento da pandemia de Covid-19, quando o sentimento agônico de finitude e colapso, de nós e dos mundos, e os sinais definitivos da catástrofe ambiental, se instalaram em nossas vidas”.
Cláudia Lyrio é autora de dois livros infantis, Menina Lua Lobisomem e Três Reis Magros, e procura, de maneira geral, na sua produção artística entrelaçar arte, literatura e contexto ambiental. A artista tematiza questões da existência, o ciclo da vida, origens e fins, entropia, perenidade, efemeridade, perda, apagamento e memória. Lyrio tem especialização em História da Arte e da Arquitetura no Brasil (PUC-Rio) e é doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da UFRJ, na área de Teoria e Experimentação na Arte, linha de Poéticas Interdisciplinares. Em 2023, fez residência artística na Casa da Escada Colorida, no bairro da Lapa, e na Galeria Cândido Portinari, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). “O Manuscrito” fica em exposição no Paço Imperial até 11 d e maio.
Serviço: 15 de março até 11 de maio / Visitação: de terça a domingo, das 12h às 18h / Local: Centro Cultural do Patrimônio Paço Imperial, Praça XV de Novembro, 48 – Centro