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“Fílmicas”, de Marcos Bonisson, ocupa as Cavalariças do Parque Lage

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A Escola de Artes Visuais (EAV) do Parque Lage recebe a exposição “Fílmicas“, do artista visual carioca Marcos Bonisson, há dez anos professor da instituição. 

Bonisson adotou a fotografia, o Super 8 e o vídeo como principais campos de trabalho após experimentar outras técnicas na EAV, onde frequentou cursos de gravura, pintura e escultura, entre os anos de 1977 e 1981. Na Escola, foi aluno de Alair Gomes, Constance Brenner, Gianguido Bonfanti, Sergio Santeiro e Celeida Tostes, entre outros. Mais tarde, conciliou a sua prática artística ao trabalho de professor e pesquisador. 

“As obras presentes em Fílmicas são signos em rotação que refletem minhas experiências de vida e linguagens no lastro do tempo. Alguns trabalhos são colagens de registros próprios ou de outros autores, de modo que cada montagem é única”, revela Bonisson, pontuando que o espaço é um elemento constitutivo da nova exposição. “A arquitetura das Cavalariças foi determinante para a concepção do projeto”.

Ao reunir obras em diferentes suportes, a primeira sala imprime a versatilidade da produção do artista, que explora diferentes linguagens e formatos. Exemplo dessa abrangência poética são as nove esculturas em pedras portuguesas, coletadas nas andanças de Bonisson pelo Rio, designadas conceitualmente por ele como “Objetos fílmicos”.

As peças dividem espaço com a série Kinolooks-Noir (8 fotos p&b montadas em caixas pretas de 21 x 21 cm). Realizado em Nova York, entre os anos de 1985 e 1987, o trabalho surgiu a partir de errâncias, passeios de bicicleta e capturas de telas de filmes que o artista registrava nos cinemas da cidade. “Nesta série, a situação processual de seleção e combinação de imagens aleatórias das ruas é relativa à imagem capturada das telas em contingência”, explica. Também disposta em caixas pretas, a série Venezianas apresenta três imagens em preto e branco, selecionadas a partir de registros realizados nas estreitas vielas de Veneza, na Itália, em 2024.

Em outra parede, chamam a atenção o movimento e a sombra gerada pela obra ZigZag, intervenção a partir de oito hastes de bambu cravadas que tensionam sete partes de uma fita preta. “É a primeira vez que executo o ZigZag na vertical, em uma parede”, diz o artista. 

Já Ondado (2005), foto-registro de uma performance realizada por Bonisson no Arpoador, estabelece certa relação simbólica com Autorretrato (2003), fotografia em negativo, também em preto e branco, de 1,10 x 90 cm. “Vou montar esses trabalhos sobre bases de pedras”.

“À primeira vista, pode parecer que nem todas as obras da exposição têm características fílmicas. Há trabalhos estáticos, sem qualquer imagem captada, muito menos em movimento. Em alguns, é possível encontrar certa relação com processos cinematográficos ou pelos quais o filme pode ser afetado”, observa André Sheik. “Na primeira categoria, insinuações de movimento, de deslocamento no tempo e no espaço; na segunda, a degradação material do suporte físico das imagens fílmicas”, analisa o curador. 

As séries de polaroids SX 70 Plano Infiltrado (2008), Plano Geral (2009) e Contra Plano (2011) remetem à história da fotografia. As imagens resultam de defeitos químicos que acabaram por gerar interessantes abstrações. No mesmo espaço, dois monitores de 50 polegadas exibem os filmes Mergulhos, feito em Super 8, em 1977; e Burning pictures(2007).

A segunda sala reúne uma seleção de sete filmes experimentais de diferentes fases da produção do artista. Em looping, dois filmes Super 8 são projetados em um data show: Kopacabana (2019) – parceria entre Bonisson e Khalil Charif, com texto e voz de Fausto Fawcett, e trilha sonora de Arnaldo Brandão – apresentado em mais de 120 festivais e mostras de arte, em cerca de 50 países; e Korruptas (2022), gerado a partir de imagens do Rio de Janeiro, captadasem 1969 pelo pai aviador de uma amiga do artista. O filme teve a sua narrativa inspirada no romance “As cidades invisíveis”, do escritor italiano Italo Calvino.

No mesmo espaço, um monitor exibe os vídeos Tupianas (1977), Motel-Hotel (2007) e Microfilmes (2018). Zig-Zag no Catumbi (2013) e On normal love (2017), vídeo em homenagem ao cineasta e artista americano Jack Smith (1932-1989), são apresentados num segundo monitor.

Completam a exposição O favorito (1999), livro de artista criado a partir de um roteiro inédito de Rogério Sganzerla e Bonisson; e uma homenagem à mãe do artista: um monitor de 32 polegadas desligado tem o vocábulo “ela” decalcado em letras azuis.

Na EAV Parque Lage, Marcos Bonisson ministra os cursos “Introdução à videoarte”, “Livro inventado: produções alternativas e outras edições” e “Linguagens visuais: teorias e práticas em videoarte e fotografia”.

SERVIÇO: Visitação: de 28 de março a 1º de junho de 2025 / Local: Cavalariças | Escola de Artes Visuais do Parque Lage (Endereço: Rua Jardim Botânico, 414)

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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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