“Chá com Tchekhov” no Teatro Sergio Porto

Três amigos, o chá quente, uma vodka escondida e um convidado especial que nunca chega, esta é a premissa de “Chá com Tchekhov“, primeiro espetáculo da Cia Fragmentos do Baú. A montagem, dirigida e escrita por Klever Schneider, convida o público a uma experiência teatral interativa, inspirada no universo do dramaturgo Anton Tchekhov. Em cena, o poder do dinheiro, a incomunicabilidade, as frustrações e a busca pela felicidade emergem, em um mosaico de emoções que transitam da melancolia ao humor. A

Na trama, uma socialite falida reúne em seu apartamento, que será vendido, amigos que não via há muito tempo: um coach influenciador e um motorista de aplicativo. Esse chá de despedida oscila entre a expectativa do reencontro e a incerteza da ausência de uma outra pessoa. Enquanto aguardam, o trio revira um baú de memórias, revelando dilemas que atravessam gerações. No elenco estão Thales Huebra, Renata Mariane e também o diretor Klever Schneider.

Segundo a Cia, a ideia de montar o espetáculo nasceu do desejo de criar uma experiência teatral intimista, que aproximasse o público da essência humana presente na obra do dramaturgo russo.  “Sempre me fascinei com a profundidade dos temas que ele aborda — as contradições da alma, os conflitos sociais e as nuances das relações humanas. Tchekhov não apenas escreveu histórias, mas também nos ofereceu espelhos para refletirmos sobre nós mesmos e nossa sociedade”, revela o diretor.

Mestre em captar momentos de transição, Tchekhov explora situações de passagem tanto na vida pessoal de seus personagens quanto na sociedade. Chá com Tchekhov mergulha nessa essência, trazendo à tona temas como o declínio da aristocracia, a alienação da nova classe emergente e a tensão entre tradição e modernidade. A dramaturgia do grupo se inspira em obras, contos e cartas que Tchekhov trocava e transpõe para o nosso cotidiano revelando inquietações universais.

A encenação propõe um realismo psicológico marcante: os diálogos carregam silêncios eloquentes, os personagens transitam entre a introspecção e o exagero, e o público se torna parte ativa do encontro. Em um mundo onde a comunicação se torna cada vez mais acelerada e superficial, a peça provoca uma reflexão sobre a solidão contemporânea, o poder do dinheiro e os afetos que resistem ao tempo.

SERVIÇO: Data: de 04 a 27 de abril / Horários: sextas e sábados 19h e domingos 18h / Local: Espaço Sergio Porto