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Elizabeth Jobim é tema de exposição na Casa Roberto Marinho

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A Casa Roberto Marinho inaugura duas exposições dedicadas à obra de Elizabeth Jobim. A ocupação dos dois andares do instituto cultural marca as quatro décadas de carreira da artista carioca, apresentando as diferentes fases de sua produção e traçando relações visuais entre suas obras. 

“No térreo, Elizabeth Jobim estabelece um diálogo único com o nosso acervo. Assim, seguimos com a tradição das exposições individuais contemporâneas do Cosme Velho, que promovem não apenas a exibição de trabalhos, mas novas leituras e interações entre passado e presente”, observa o diretor da Casa, Lauro Cavalcanti. 

No andar superior, a curadoria de Paulo Venancio Filho opta por uma mostra panorâmica com mais de 50 desenhos e pinturas, revelando como, ao longo dos anos, a pesquisa artística de Jobim evoluiu de forma pendular, em constante relação com sua própria trajetória.

“As exposições pontuam os principais momentos do meu percurso. Com o Paulo, decidimos incluir trabalhos do início da minha carreira que há tempos não eram expostos. Já na seleção para o térreo, em que faço a curadoria a partir do acervo da Casa Roberto Marinho, entram artistas cujas obras dialogam diretamente com a minha produção”, explica a artista.

Reconhecida como um dos principais nomes da arte contemporânea brasileira, Elizabeth Jobim integrou a icônica exposição Como vai você, Geração 80?, realizada no Parque Lage em 1984. Agora, ao ocupar os espaços da Casa Roberto Marinho, revisita sua obra marcada pela interseção entre pintura, escultura e instalação.

No primeiro andar, A inconstância da forma apresenta uma seleção de desenhos, pinturas, objetos e ocupações espaciais que traçam um panorama da trajetória de Elizabeth Jobim. “A ideia foi romper com uma narrativa de cronologia linear. A trajetória proposta provoca ‘saltos’ temporais e artísticos, desafiando o espectador a se reposicionar constantemente diante da continuidade alternante da obra”, revela o curador Paulo Venancio. 

Essa abordagem cria uma dinâmica pendular que reflete a poética da artista, na qual linguagens e suportes se entrelaçam ao longo do tempo. Para Lauro Cavalcanti, o título da mostra “sublinha a capacidade que a produção de Jobim possui de manter em movimento uma linguagem pessoal cuja estabilidade consiste em acolher e retransformar tendências aparentemente antagônicas da arte contemporânea”.

No início da carreira, Elizabeth Jobim explorava a pintura de forma gestual, buscando uma interpretação sensorial do mundo e dos objetos. “Existe um caminho que começa no trabalho mais gestual e vai em direção ao desenho de observação, a partir de esculturas. Acho que foi nesse período, da passagem do espaço para o plano, que eu tive um amadurecimento nos anos 1980”, pontua a artista.

No fim da década de 1990, seu processo de observação direta se intensifica. Inicialmente, passa a desenhar e pintar tubos de tinta e, em seguida, a explorar as formas e ângulos irregulares das pedras encontradas em seu sítio, na região serrana do Rio. Esse elemento torna-se central na sua pesquisa, aparecendo de diferentes formas em sua obra – seja em desenhos, blocos, monólitos ou esculturas.

A instalação Sem título (2001), exibida ao fundo da sala que abre A inconstância da forma, exemplifica essa investigação. Formado por 42 folhas de papel coladas verticalmente, o mural apresenta desenhos inspirados nas pedras que atravessam a obra de Jobim. Sobre o fundo branco, a tinta acrílica azul ultramar – cor recorrente em sua produção – escorre pela superfície, reforçando a sua materialidade.

No mesmo espaço, as telas costuradas da década de 2020 introduzem um novo momento da pesquisa da artista. O linho aparece em diferentes tratamentos – cru, branco, pintado ou em tecidos industriais para estofados – enquanto as linhas de costura, que estruturam a grade geométrica, permanecem visíveis. “A tela se organiza à maneira de um patchwork absolutamente bidimensional, uma construção de tecidos organizados e costurados fora do chassi, e como um transplante de bidimensional tornado pintura”, resume Venancio no texto da exposição que apresentou a série Linha Florescente, em 2023.

Nas duas salas seguintes, a estreita ligação de Jobim com a história da arte se evidencia em desenhos e pinturas que conversam com a escultura Rapto das Sabinas (1583), de Giambologna, e com o grupo escultórico do Laocoonte(1506). “Todos esses trabalhos são da década de 1980 e trazem, cada um a seu modo, algo que me parece estar presente no olhar da artista, com diferentes graus de sutileza: um interesse pela fisicalidade e pelo movimento do corpo humano, com seus contornos anticlássicos cheios de veias, rugas e torções”, observa o curador. 

Seguindo o percurso da visita, aparecem pinturas mais recentes, em que predominam tons avermelhados que vibram sobre telas de grande formato. Em outra sala, estão reunidos murais do início dos anos 2000, em que a cor azul ultramar é aplicada com rolo sobre o branco. Para Lauro Cavalcanti, essa economia cromática “mais que delimitar figuras, possibilita o espaço vazio”. É nesse período que Jobim expande e intensifica a relação entre pintura e espaço, criando grandes instalações pictóricas com partes moduladas.

SERVIÇO: A inconstância da forma (1º andar) | curadoria: Paulo Venancio Filho
Abertura: 24 de abril de 2025, às 18h30
Encerramento: 10 de agosto de 2025

Entre olhares – Encontros com a Coleção Roberto Marinho (térreo) | curadoria: Elizabeth Jobim Abertura: 24 de abril de 2025, às 18h30
Encerramento: 22 de junho de 2025

O Instituto Casa Roberto Marinho fica na Rua Cosme Velho, nº 1105. Estacionamento gratuito para visitantes, em frente ao local, com capacidade para 30 carros.

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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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