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“A Filha da Virgem” faz temporada em Ipanema

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Se o nordestino é antes de tudo um forte, como preconizado por Euclides da Cunha (1866-1909), a mulher nordestina pode ser considerada um dínamo. E Wanderlucy Bazerra sabe bem disso. Nascida no interior de Pernambuco, a atriz forjou sua pessoa diante de regras e dogmas que resvalavam por fatores como machismo, ignorância, exclusão, invisibilidade, descrença e agressões, verbais e psicológicas. Frases como “Se irmã minha fica buchuda eu mato” e adjetivos relacionados aos seus traços físicos acompanharam-na da infância à fase adulta. A artista decidiu tocar as cicatrizes dessas feridas em sua mais recente incursão teatral.  “A filha da Virgem” traz relatos que misturam-se a gêneros musicais tradicionais do Nordeste.

O solo autobiográfico, dirigido por Sandra Calaça e Leo Carnevale com supervisão de Luiz Carlos Vasconcelos, volta ao Rio de Janeiro para novas apresentações, agora na Casa de Cultura Laura Alvim.

Uma mulher comum com uma trajetória inerente a leis e regras de comportamento comuns a muitas mulheres. Assim é Wanderlucy, figura central e narradora de “A filha da Virgem”. A atriz elenca as etapas da sua criação e formação que precisou vencer. São temas como o da descoberta da adoção, o bullying sofrido no colégio (por aqueles que, inclusive, deveriam protegê-la) e os diferentes tipos de assédio a que foi submetida (atos libidinosos, inclusive) tendo de impor-se às manifestações machistas (reproduzidas também pelas mulheres), aos dogmas religiosos (“Mulher tem de casar virgem”) e à culpa pela morte da mãe, impugnada a ela pelo pai, em razão de ter mudado de cidade.

Wanderlucy tinha 21 anos quando se transferiu para o Rio de Janeiro. Veio disposta a abraçar a carreira de atriz, acalentada desde a tenra infância. Sim, a peça também trata de perseverança, coragem e resiliência. É comovente ver e ouvir o relato sobre seu primeiro trabalho no cinema. O filme em questão era “Central do Brasil”, de Walter Salles, no qual a estreante contracenou de cara com uma de nossas maiores atrizes: Fernanda Montenegro. 

Essa mulher não se protege sob a capa da autocomiseração e elenca também as agruras enfrentadas na vida artística, quando um papel pode estar por um triz mesmo depois da prova de figurino, entre outros percalços. Há também conquistas de outras naturezas, como a vez em que, munida das economias angariadas como professora, conheceu seis países da Europa. 

Todos esses relatos – alegres ou tristes – são entremeados por manifestações musicais típicas da vasta cultura nordestina. E neste matulão entram estilos como samba de coco, ciranda, frevo, maracatu, ladainhas e preces numa construção dramatúrgica honesta e cativante. 

Serviço: temporada: de 07 a 29 de maio de 2025 (oito apresentações apenas) / Dias e horários: quartas e quintas, às 19h Local: Casa de Cultura Laura Alvim Espaço Rogério Cardoso (Av. Vieira Souto, 176, Ipanema) / Ingressos: na bilheteria do teatro ou pelo Imply / Classificação indicativa: 16 anos

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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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