Casa França-Brasil passa a se chamar CASA BRASIL

Com novo nome, nova identidade visual, novo conceito e novos programas para interação com artistas e com o público, A Casa França Brasil, que já teve outros nomes em sua história, inaugura uma nova etapa com o projeto Casa Brasil, incentivando a produção de artistas nacionais. Ao trazer a brasilidade para o centro da sua vocação, o reposicionamento amplia o acesso a um dos mais importantes e tradicionais equipamentos culturais do estado do Rio de Janeiro, abrindo suas portas para o mundo. A novidade foi anunciada hoje, 27 de junho, junto ao lançamento da primeira chamada para submissão de projetos artísticos de todo país cuja seleção resultará na exposição coletiva homônima Casa Brasil, com abertura prevista para outubro. 

O reposicionamento, a ampliação da programação e a mudança de nome para CASA BRASIL são parte de um projeto de reestruturação do equipamento, que foi submetido ao edital Novos Eixos da Petrobras, na linha Ícones da Cultura Brasileira. A iniciativa concorreu com mais de 8 mil propostas e foi uma das contempladas no Programa Petrobras Cultural. O projeto colabora na afirmação da vocação da CASA BRASIL, que há anos fomenta e difunde as artes carioca, fluminense e brasileira, e cria novos programas que impulsionam artistas e movimentam a cadeia de produção das artes visuais, ancorados na diversidade, sustentabilidade e economia criativa.

Além disso, outra novidade é a abertura dos acessos à Orla Conde, que cria um novo fluxo de circulação para os visitantes no prédio neoclássico de 1819 projetado pelo arquiteto Grandjean de Montigny para abrigar a Praça do Comércio. Somando-se ao acesso principal compartilhado com o CCBB e Centro Cultural dos Correios, a iniciativa retoma uma antiga vocação do edifício.

“A CASA BRASIL é a oportunidade para o desenvolvimento das redes de cultura e economia criativa no estado. O incremento da programação vai aumentar a circulação de visitantes e promover uma nova experiência, garantindo a apropriação e o uso de um dos mais importantes equipamentos culturais do Rio de Janeiro. Os preceitos de acessibilidade, diversidade e inclusão, que sempre estiveram presentes no programa da Casa, serviram de base para esse reposicionamento”, explica Danielle Barros, secretária de Estado de Cultura e Economia Criativa.

O projeto do museólogo francês Pierre Castel que transforma o espaço em “Casa França-Brasil” oficializando o seu uso como centro cultural é de 1989, sendo a sua inauguração em 29 de março de 1990. Estamos, portanto, no ano em que o edifício completa 35 anos servindo à arte, um marco para um dos mais importantes e relevantes centros de cultura do estado do Rio de Janeiro. 

“O reposicionamento da Casa absorve debates atuais crescentes ligados à colonialidade, mas principalmente motiva aqueles que abordam as questões das identidades brasileiras e fluminenses, apresentando o espaço como um celeiro para pensar essas culturas e a sua relação com o mundo. É a oportunidade para difundir as expressões artísticas e culturais que compõem o Rio de Janeiro e o Brasil. Essa diversidade estará refletida nas exposições e no programa público. Por outro lado, criamos a oportunidade de uma vivência virtual dessa programação, que terá uma grande interface no ambiente digital”, conta Tania Queiroz, diretora da CASA BRASIL. 

O projeto consolida uma aspiração de compatibilizar a identidade do centro cultural com a sua programação. “O reposicionamento em si expressa um discurso conceitual denso. Por meio da programação, detalharemos o que faz da CASA BRASIL um lugar de pensamento sobre a arte contemporânea e as brasilidades. Reunimos um grupo representativo de profissionais e que pensam as artes visuais em nosso país para a construção dos alicerces desta nova Casa”, diz Jocelino Pessoa, sócio da V ARTE, que coordena o projeto. 

O prédio que abriga há 35 anos a Casa França-Brasil é um documento histórico arquitetônico do Estado do Rio de Janeiro e foi uma encomenda de D. João VI a Grandjean de Montigny, arquiteto da Missão Artística Francesa. A ideia era que a construção sediasse a primeira Praça de Comércio da cidade. A inauguração aconteceu em 1820. Quatro anos depois, passou a sediar a Alfândega. Em 1938, foi tombado pelo Departamento do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional — atual IPHAN.

Ao longo dos anos, a obra de Montigny recebeu diferentes usos, tendo servido até 1952 de depósito para os arquivos do Banco Ítalo-Germânico e, de 1956 a 1978, como sede do II Tribunal do Júri.  O nome Casa França-Brasil surge de uma iniciativa do antropólogo Darcy Ribeiro, então secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, em conversas com o Ministro da Cultura da França, Jack Lang. A nomeação, por meio de decreto do então Governador Leonel Brizola, viabilizou a restauração do prédio, mas as intenções apontavam para a implantação de um centro cultural destinado ao intercâmbio cultural entre os dois países.

Além das exposições, residências artísticas e extensos programas de ensino, o projeto conta com atividades educativas para escolas, numa intensa programação. No conjunto de novidades, está previsto um podcast voltado para os debates que emergem pelo reposicionamento da Casa e sua programação e o lançamento de um aplicativo que conduz para uma visita virtual ao edifício histórico, que já abrigou a Alfândega, Tribunal do Júri e Câmara de Comércio, antes de se tornar um centro cultural.

O processo de residência artística, realizado graças a uma parceria com o meio de hospedagem Congá, no Centro do Rio de Janeiro, convida dois artistas nesta edição: um de Roraima e uma do Rio de Janeiro. A ação cria oportunidades para que, com acompanhamento curatorial e institucional, os participantes possam desenvolver no centro cultural seus projetos artísticos nesse novo contexto. A presença dos artistas desdobrará atividades abertas que se tornam uma possibilidade para o debate público sobre a Casa.