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“Frívola City” apresenta quatro contos de João do Rio

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“Frívola City” promete levar o público diretamente para o Rio Antigo. Com estética inspirada na arquitetura, moda e comportamento da Belle Époque carioca, a montagem traz pela primeira vez aos palcos quatro contos de João do Rio, cronista e escritor que foi referência para nomes como Nelson Rodrigues, mas permanece até hoje pouco encenado no teatro brasileiro.

Entre o fascínio e a decadência, “Frívola City” revela os bastidores da cidade, apresentando os contos costurados em um prólogo que introduz o universo da obra de João do Rio, sem compromisso com linearidade ou narrativa fechada. As histórias escancaram um período onde a frivolidade e a tragédia andavam de mãos dadas:

Créssida mergulha no universo das máscaras sociais e das paixões intensas; Dentro da Noite desvenda as taras do espírito humano e mostra como o homem é pequeno diante dos mistérios da mente; O Bebê de Tarlatana Rosa expõe a ambiguidade da festa carnavalesca, a atmosfera fantástica, a luxúria e as suas consequências; Parada da Ilusãoacompanha a jornada de um homem em busca de uma felicidade ilusória. A união destes contos se traduz em verdadeira ode à história da cidade do Rio de Janeiro.

O espetáculo é um desejo antigo de João de Freitas Henriques, que há 40 anos pesquisa o autor, chegando a fazer leituras dramatizadas, mas nunca uma montagem. Ator, cenógrafo, maquiador e professor da CAL e da Estácio, o diretor comenta a realização do sonho:  “Apresentar João do Rio ao teatro era o desejo maior, já que é praticamente inédito, ainda mais os contos, que nunca foram adaptados. Ele escreveu poucas peças e, que eu saiba, só foram encenadas na época dele. Dos contos de nosso espetáculo, apenas o Dentro da Noite já foi encenado pelo ator Marcus Alvisi, mas como monólogo. O texto dele mais encenado é O Homem da Cabeça de Papelão, que na verdade é uma crônica adaptada.”

Outro fator que conquistou Henriques foi descobrir que o escritor também era uma grande fonte de inspiração à Nelson Rodrigues: “Eu reconheci muita coisa do Nelson nas histórias do João do Rio, os amores proibidos, as taras, a hipocrisia da sociedade, enfim, ele tem uma coisa muito rodriguiana, depois eu descobri que o Nelson bebeu dessa fonte também”, revela 

O elenco, formado por cinco atores, se reveza nos papéis, dando vida à personagens que habitavam uma cidade em grandes transformações, na virada do século 19 para o 20, quando o Rio de Janeiro passava por um processo de modernização urbana e cultural. João do Rio, pseudônimo de Paulo Barreto, foi cronista desse momento, registrando com lirismo e ironia as mudanças da cidade e seus bastidores sociais.

Pardo, gordo e homessexual, João do Rio sofreu inúmeros ataques ao longo da vida, também por ter ideias muito à frente do seu tempo, defendendo dentre outras pautas, o voto feminino e o divórcio. Foram de sua autoria reportagens que mostravam um Rio de Janeiro muito mais amplo do que a elite carioca gostaria de ver, como na célebre “As Religiões do Rio”, onde ele entrevistava diversos líderes religiosos, em uma época em que praticar outras religiões que não fosse a católica, era extremamente mal visto.

“Ele caiu no esquecimento e agora recentemente, ele está sendo redescoberto, mas ainda de maneira muito tímida. Apesar da importância, ele é pouco conhecido do grande público e muito se deve a isso, porque ele era pardo, gordo e um gay afetadíssimo, que fez muito sucesso e ficou rico, então ele foi perseguido, faziam caricaturas dele (…), ele se tornou muito popular, morreu jovem e o funeral dele foi dos mais concorridos que a cidade já viu”, conclui o diretor. 

SERVIÇO: Temporada: 06 a 29 de junho (sextas, sábados e domingos) / Horário: 20h / Classificação: 14 anos/ Local: Teatro Cândido Mendes (Rua Joana Angélica, 63, Ipanema) / ingressos: https://bileto.sympla.com.br/event/106042y

Rota Cult
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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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