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“Ruth & Léa”, uma homenagem as damas do teatro, no Teatro Glaucio Gill

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Quando a icônica atriz Ruth de Souza partiu aos 98 anos, em 2019, o diretor Luiz Antonio Pilar sentiu que havia ficado em débito com a pioneira e desbravadora artista. Logo depois da pandemia, foi a vez da grande Léa Garcia nos deixar, aos 90, e, com isso, mais outra conta ficou em aberto. Disposto a liquidar de uma vez por todas com essas dívidas (históricas), Pilar, decidiu, enfim, levar aos palcos a grande homenagem que gostaria de ter feito em vida para essas duas figuras seminais da cultura negra brasileira: a peça “Ruth & Léa”.

Mas o tributo não se reduz apenas às trajetórias delas. “Há pretos e pretas que fizeram coisas fundamentais e que ninguém sabe”, lembra Pilar, que elencou ainda para a dramaturgia da montagem, assinada pela celebrada roteirista Dione Carlos — ganhadora do Prêmio Shell de Dramaturgia, na sua 33ª edição —, o multiartista Abdias do Nascimento (1914-2011), fundador do Teatro Experimental do Negro, um divisor de águas na história sócio-político-cultural brasileira nos anos 1940; o ator Aguinaldo Camargo (1918-1952), e Mercedes Baptista (1921-2014), primeira bailarina negra do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. 

A vontade de idealizar um trabalho sobre Ruth e Léa — primeira brasileira a concorrer à Palma de Ouro no Festival de Cannes, por “Orfeu Negro” (1959) – começou, na verdade, em 2003, explica Pilar, e por força do acaso. “A Ruth me chamou à casa dela, era um sábado. Ela tinha esse hábito e eu gostava muito de visitá-la. Chegando lá, ela costumava falar de TV e cinema, entre um biscoitinho e um café, e, para a minha surpresa, também estava a Léa. Eu e ela não sabíamos que iríamos nos ver lá. Então, Ruth me explicou o seguinte: ‘Todo mundo acha que somos inimigas, mas não somos'”, recorda ele. 

Já naquela época, a reverenciada atriz, primeira brasileira a ser indicada a um prêmio internacional — Melhor Atriz no Festival de Veneza por “Sinhá Moça” (1953) —, fez uma crítica sábia e absolutamente contemporânea sobre a escalação das atrizes pretas no showbiz brasileiro. “Ou é a Léa, ou sou eu, ou é a Zezé (Motta). E isso dá a impressão de que estamos disputando entre nós. São eles que nos colocam nessa posição e nos oferecem pouquíssimas coisas. Eu queria muito fazer uma peça com a Léa, sob a sua direção”, confidenciou Ruth a Pilar, durante o encontro. 

Os anos foram passando, e o tempo e as agendas atribuladas dos três não ajudaram, mas ali foi plantada a semente que agora finalmente germina potente no palco. No espetáculo, cujo cenário de Lorena Lima remete a um estúdio de cinema, duas atrizes, Zezé e Elisa — em homenagem a Zezé Motta e Elisa Lucinda —, se encontram para o primeiro dia de ensaio de um filme musical sobre as vidas de Ruth de Souza e Léa Garcia, respectivamente, Bárbara Reis e Ivy Souza. Enquanto se preparam, com figurinos assinados por Rute Alves, – que se inspirou na obra do falecido escultor Emanoel Araújo, curador e fundador do Museu AfroBrasil, muito amigo de Ruth e Léa – e sob a luz de Gustavo e Marcelo Andrade, elas refletem sobre as trajetórias dessas duas icônicas atrizes e compartilham seus desejos, anseios e realizações. Este encontro, em busca de respostas, é testemunhado por Gláucia Negreiros, pianista do espetáculo.

SERVIÇO: Temporada: De 7 de junho até 28 de julho / Local: Teatro Gláucio Gill/ Ingressos https://funarj.eleventickets.com / Classificação indicativa: 14 anos

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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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