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“As Bruxas de Salém” provoca reflexão sobre o Brasil de hoje

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Com direção de Renato Carrera, “As Bruxas de Salém” estreia no Teatro Casa Grande, com elenco composto por 15 atores e atrizes, entre eles Carmo Dalla Vecchia e Vannessa Gerbelli. A obra do americano Arthur Miller não é apenas um relato histórico, mas também uma crítica social e política que ressoa com a experiência humana contemporânea, questiona a natureza da verdade, a importância da integridade individual, os perigos da intolerância e da manipulação.

Em 1692, na vila de Salém, em Massachusetts, parte da região conhecida na época como Nova Inglaterra, no nordeste do Estados Unidos, o fazendeiro John Proctor (Marcel Giubilei) rompe com sua jovem amante Abigail Williams (Elisa Pinheiro), sobrinha do reverendo Páris (Carmo Dalla Vecchia), que passa a agir com objetivo oculto de eliminar rivais e proteger segredos pessoais. Após Abigail ser flagrada liderando um grupo de jovens mulheres que dançavam feito pagãs, acusadas de conjurar espíritos na floresta, são levadas a julgamento e diante da Corte Suprema (Vannessa Gerbelli), para escaparem de serem mortas, alegam estar possuídas pelo diabo. O que dá início a uma onda de acusações infundadas e histeria coletiva, que leva à condenação de várias pessoas por bruxaria, inclusive Elizabeth Proctor (Patrícia Pinho).

Arthur Miller parte desse mote para construir uma obra de estrutura dramática trágica. Dividida em quatro atos, a peça reflete a religiosidade puritana da época, com crescente tensão opressiva e emocionalmente carregada. Desta forma o autor levou para a sua contemporaneidade questões atemporais com personagens complexos e temas universais, que continuam, no tempo atual, a provocar reflexões profundas sobre liberdade, verdade e responsabilidade moral, como símbolo da resistência à intolerância e à manipulação ideológica.

Escrita em 1953, durante a perseguição anticomunista nos Estados Unidos, a peça retrata os julgamentos por bruxaria na Salém do século XVII, mas sua mensagem permanece atual – em contexto mundial.

A fala da juíza Danforth “Ou estás com esta corte, ou estás contra ela”, expressa a lógica binária que domina o debate público e se sustenta até a atualidade. Representa a cegueira ideológica e o autoritarismo disfarçado de justiça. Esse trecho não fala apenas do século XVII, fala de qualquer época em que a verdade é distorcida por medo, ideologia, religiosidade ou poder. Até que ponto estamos repetindo, com novas ferramentas, as mesmas injustiças do passado?

Hoje, em um mundo marcado por tensões políticas, sociais e digitais, “As Bruxas de Salém” mostra como o medo e a histeria coletiva podem ser usados para justificar perseguições, silenciar vozes dissidentes e destruir reputações. É, assim, uma crítica atemporal aos mecanismos de repressão social e política, por mostrar como sociedades podem se voltar contra seus próprios cidadãos em momentos de crise. A peça é também uma reflexão sobre a coragem individual diante da opressão.

Serviço: Temporada: de 4 de setembro até 05 de outubro de 2025 / Quinta à sábado às 20h e domingo às 18h / Local: Teatro Casa Grande Av. Afrânio de Melo Franco, 290, Loja A, Leblon / Ingressos: à venda na bilheteria do teatro ou antecipadamente pelo Eventim /Classificação: 14 anos

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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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