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 8ª edição do Festival Galeria Providência acontece no Morro da Providência

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Carinhosamente chamado de Pequena África, o Morro da Providência, primeira favela do Brasil, é rico em história, com moradores e personagens que marcaram o ativismo e o protagonismo preto no Rio de Janeiro e no Brasil e para dar visibilidade a essa região plena de significados,  a 8ª edição do Festival Galeria Providência lança uma plataforma digital que contará com um acervo histórico completo do morro.

Aproveitando o dia desde os primeiros raios de sol, a programação começa às 8h, com uma corrida urbana que reunirá duas equipes – o Corre dos Crias e o 5AM Running Club. Na sequência, atrações como artistas urbanos locais e convidados grafitando as paredes das casas, rodas de conversas, exposições, roda de pagode e o sempre animado Baile Black Bom preencherão o local com reflexão e alegria.

Foi buscando apresentar e honrar a riqueza histórica da região através de uma narrativa dos próprios moradores que surgiu a ideia da criação do site, que contará com registros fotográficos do Morro da Providência que datam do século XX. Além disso, estarão dispostos os documentos de projetos antigos que marcaram as obras e urbanização da região; filmes; documentários; artigos; acervo artístico e bibliográfico; jornais e publicações em geral que tenham sido produzidas sobre o morro. Desta forma, quem visitar a plataforma digital terá conhecimento de como a Providência foi pensada, narrada e visualizada ao longo desses anos, e como sua história se sobrepõe ao desenvolvimento da cidade – e vice-versa.

“Essa memória apresentada no site reitera que já resistimos antes e que temos força para seguir. Ela é a semente para o futuro que desejamos plantar. Por isso estamos estruturando nosso acervo em uma plataforma digital para um futuro Centro de Memórias aqui da nossa comunidade, tão significante para a história do Rio de Janeiro”, afirma Hugo Oliveira, artista, pesquisador, produtor cultural, morador do morro, idealizador e diretor geral do Galeria Providência.

A primeira edição do Festival aconteceu em 2017, quando Hugo decidiu unir moradores e artistas locais para colorir com grafites as paredes do bairro, ampliando voz à cultura local. A partir desse importante movimento cultural local – e como forma de corrigir uma negligência histórica com o Morro da Providência – surgiu a Galeria Providência, um polo de formação e qualificação educativa que, por meio das artes e da memória, tornou-se um espaço onde moradores possam se reconhecer, se formar, estudar e se fortalecer enquanto sujeitos políticos, artistas e educadores. Reunindo cursos, oficinas, palestras e seminários gratuitos realizados ao longo de todo ano, o espaço atende moradores de todas as idades. Com uma gestão horizontal e comunitária, tudo na instituição é feito em diálogo com os moradores, desde o planejamento de ações até as aulas e mutirões culturais, respeitando o tempo, saberes e desejos da comunidade.

O espaço conta ainda com uma biblioteca comunitária, o pré-vestibular Marielle Franco, a Galo Comunicação (escola-agência de comunicação digital), e uma série de cursos técnicos para jovens de até 28 anos oferecidos pela Firjan (entidade parceira há quatro anos). “Educar a partir do território é formar sujeitos conscientes de sua história, identidade e potência. A Galeria promove esse vínculo ao transformar a favela em sala de aula viva, onde a realidade local é ponto de partida para reflexão, crítica e ação transformadora. Saberes ancestrais, práticas comunitárias de cuidado, resistência, reexistência, criatividade nas adversidades e memória oral são conhecimentos que estruturam a vida na favela, mas que raramente têm lugar nos currículos escolares”, observa Hugo.

Ao valorizar a memória do Morro da Providência, o projeto reafirma que o morro é um lugar legítimo de se viver, sonhar e transformar, o que fortalece a autoestima e a ligação dos moradores com o território. Linguagens urbanas como grafite, hip hop, funk e samba, entre outras danças, são expressões que reforçam a identidade local, rompem estigmas e criam espaços de pertencimento, tornando a favela um lugar de produção estética e política. E propõe, assim, novos modelos de inovação onde não só a cabeça pensa, mas o corpo como um todo. Diversas narrativas locais vêm ganhando força e destacando sua importância histórica, cultural e social, passando de território marginalizado a berço de resistência e de relíquias vivas.

Em prol do bem-viver e do desenvolvimento social da região, o projeto Galeria Providência atua também em outras frentes, como a saúde metal. O Núcleo de Saúde Mental do Morro da Providência (NUSAMP) atende as demandas da população local por meio de uma rede de solidariedade e ações de afetos trocados cotidianamente. Ao longo do ano são realizados fóruns de saúde integral para mulheres e atendimento psicológico gratuito para moradores. “A saúde mental emergiu organicamente. Muitos moradores relatam que as atividades os ajudavam a aliviar a tristeza, a ansiedade e a solidão. A arte virou uma forma de cuidado e expressão emocional, consolidando o nosso fórum mensal com mais de 100 mulheres. Muitas vezes, durante nossas atividades coletivas, as pessoas se sentem à vontade para compartilhar suas dores e sentimentos. A escuta ativa se tornou parte essencial do trabalho”, finaliza Hugo, ressaltando ainda a importância da distribuição de cestas básicas por meio da instituição para fortalecer a saúde de várias famílias da comunidade.

A 8ª edição do Festival Galeria Providência acontece dia 26 de outubro, das 8h às 22h, na Rua do Monte, um dos acessos à comunidade, com uma programação cultural intensa e totalmente gratuita.

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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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