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Marcia Tiburi lança publicação que reflete sobre o ódio às mulheres na sociedade patriarcal

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Segundo dados do Mapa de Segurança Pública 2025, cerca de quatro mulheres são vítimas de feminicídio por dia no Brasil, sendo que quase a totalidade delas (97%) foram mortas por homens. Entender as razões e as implicações práticas, políticas, estéticas e filosóficas desse ódio destinado às mulheres em nossa sociedade patriarcal é um dos eixos centrais de “Ninfa Morta – Uma história do ódio às mulheres”, novo livro da filósofa Marcia Tiburi, que acaba de ser lançado pela Editora Planeta.

Nesta obra contundente de filosofia política, a autora investiga as engrenagens do patriarcado, entendido não como um resquício do passado, mas como um sistema “total”, que se atualiza nas formas do capitalismo, do neoliberalismo e do fascismo. O homem assume, portanto, o status de mais-valor em relação à mulher, tornando-se ele próprio uma forma de capital. A autora demonstra também como a misoginia – ou ódio às mulheres, entendidas enquanto categoria negativa em relação aos homens, ou seja, não homens – funciona como afeto organizador desse regime, sustentando práticas sociais, narrativas culturais e estruturas de poder que convergem para o feminicídio. “O patriarcado é uma máquina feminicida. Analógica e digital, seu motor converte formas de energia simbólica, psíquica e física em energia mecânica de matança” (p. 39).

A partir de termos como tanatopolítica e necropolítica, Tiburi cunha o conceito de ginecropolítica, cálculo sistemático sobre a vida e a morte das mulheres, para evidenciar que o assassinato de mulheres não é acidente ou desvio, mas parte de um programa de organização social intrínseca ao patriarcado. A cultura misógina, segundo a autora, sacrifica as existências femininas ao mesmo tempo em que cultua a masculinidade, produzindo um sistema que inferioriza, submete e apaga corpos dissidentes.

Dividida em duas partes, a obra articula teoria filosófica e análise estética, com referências a diversas pensadoras e pensadores, como Judith Butler, Silvia Federici, Simone de Beauvoir, Michel Foucault, Giorgio Agamben e Achille Mbembe. Na primeira parte, a autora desvela a “máquina feminicida” em seus dispositivos de poder, linguagem e violência; na segunda, investiga figuras paradigmáticas da tradição literária e cultural, como Antígona, Ofélia, Diadorim e Branca de Neve, que exemplificam a forma como o imaginário coletivo se constitui por meio de narrativas que normalizam a morte e o silenciamento das mulheres a partir de categorias como banimento e loucura.

Com rigor filosófico e vasto arsenal iconográfico, “Ninfa Morta” propõe uma reflexão radical sobre o presente, no qual tanto o espaço público quanto o privado se configuram como territórios hostis às mulheres. Mais do que um diagnóstico, o livro encaminha a consciência crítica e as lutas feministas como alternativas para superar o regime patriarcal, garantindo às mulheres o direito e o controle sobre seus corpos e suas próprias narrativas.

Rota Cult
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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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