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Henfil é homenageado em “Chuva na Caatinga”

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Com a chegada dos 15 anos, a Multifoco Companhia de Teatro leva seu olhar para as infâncias. Não como quem deseja voltar a ser o que já foi um dia, mas como quem busca a inspiração, a resiliência e o frescor dos começos. É com essa proposta que o inédito “Chuva na Caatinga“é inspirado nas tirinhas do cartunista Henfil e adaptado e desenvolvido pelas muitas mãos que compõem a Multifoco.

Com direção de Ricardo Rocha e Diogo Nunes, a montagem apresenta três personagens do alto da caatinga – a pequena de forte personalidade Graúna, a ingênua cangaceira Zeferina e a intelectualizada cabra Francisca Orelanaestão à procura de algo valioso para a humanidade: o sentimento da esperança. Várias dificuldades e descobertas acontecem nesse percurso, como a fome, a seca e a dificuldade de convivência.

“A amizade entre uma ave, um cangaceiro e um bode, bem como suas personalidades e aventuras, parece ser mais facilmente entendida pelas crianças. A ideia inicial surgiu através de uma tirinha específica, que foi o fio condutor, e a partir disso fizemos a escolha de alguns temas para serem abordados. Houve, então, um processo de pesquisa e seleção de quais tirinhas seriam utilizadas e uma costura, que também misturou outros textos e criação autoral para o que atendesse melhor a encenação”, antecipa Clarissa Menezes, idealizadora da montagem e atriz do espetáculo.

Com a clássica tirinha adaptada para o teatro, o público-leitor pode se surpreender com a encenação. Presentes no processo de criação como parte da pesquisa em expressão corporal, tanto a estética de cartum, quanto o desenho animado foram observados na busca de características de movimentação. “Abandonamos o realismo, que não se relaciona com a estética dos quadrinhos e do desenho animado, para rabiscar novos quadros na tela da cena. Performamos a temática da peça com gestos, posturas, manipulações do cenário e formas corporais que nascem do olhar atento aos traços de Henfil”, explica o diretor de movimento Palu Felipe. 

A peça valoriza a diversidade artística brasileira na escolha de uma dramaturgia autoral baseada na obra do jornalista e escritor brasileiro Henfil, que em 1964 iniciou sua carreira de cartunista. Trabalhou, entre outros veículos, em “O Pasquim”, “Jornal do Brasil”, “Estadão”, “O Globo” e na revista “O Cruzeiro”. O projeto se propõe a construção de memória dos 81 anos do seu nascimento e 61 anos de sua obra. Uma singela maneira de manter viva sua criação por meio da recriação de suas histórias e personagens no teatro. 

“Henfil publica sua obra num contexto de Brasil marcado pela censura, onde a graça e a ironia eram artifícios fundamentais para que se pudesse falar do que era pungente naquele momento e tentar passar batido pela repressão, o que era um feito hercúleo. Ao decidir apresentar sua obra no palco para um público de menos idade, viemos buscando quais linguagens nos ajudam a transpor o tom do Henfil para a cena. Então, bebemos nas ferramentas da palhaçaria, da comédia física, além das acrobacias – que já são uma marca da companhia – para trazer a leveza e o humor para a cena”, analisa Bárbara Abi-Rihan, atriz da peça e também fundadora do grupo.

A montagem traz como elemento fundamental a música, assim como a sonoplastia e as onomatopeias, recurso muito utilizado nas histórias em quadrinhos. Responsável pela direção musical, a compositora e musicista Rohl Martinezentra em cena como a onça Glorinha, outra personagem do Alto da Caatinga de Henfil, ajudando a ilustrar com sons a história. “A peça conta com quatro canções originais compostas por mim com a colaboração do diretor Ricardo Rocha em algumas letras. Construímos uma narrativa que mistura movimento e som (utilizando violão, percussões, apitos, efeitos sonoros, etc.), criando uma atmosfera lúdica onde a movimentação das personagens ganha cor e desenho por intermédio do som feito ao vivo em cena”, explica. 

A produtora executiva Fernanda Xavier entende que, mais do que um título, o espetáculo é um sopro de fé e renovação. “‘Esperançar’ é o verbo que guia a narrativa, um lembrete de que, mesmo em tempos de secura, ainda há sonho, movimento e possibilidade. Inspirado nas potências da infância, o espetáculo nos convida a revisitar o olhar puro e curioso que enxerga o mundo com possibilidades infinitas. Propomos uma reflexão poética e necessária sobre o valor de seguir em busca do que realmente importa. Mais do que esperar a esperança, o espetáculo fala sobre agir, caminhar e acreditar. Porque quando se sonha em companhia, tudo floresce mais fácil”, aposta.

Um dos diretores da peça, que também assina sua cenografia e iluminação, Ricardo Rocha revela que o desejo da montagem nasceu da vontade de celebrar o tempo. “De olhar para tudo o que vivemos nesses 15 anos e reencontrar o encantamento. Montar o primeiro espetáculo infantil é como retornar à origem, mas com a maturidade de quem aprendeu a brincar de outros modos. É um gesto de futuro: reencontrar a infância não como passado, mas como potência criadora”, observa. “Trabalhamos a cenografia como um elemento ativo, que desafia o corpo e provoca a criação de imagens poéticas em cena. A pesquisa da companhia desperta, em crianças de todas as idades, o impulso de mover o corpo e imaginar o mundo, ampliando os modos de existir, sonhar e crescer em comunidade”, finaliza o diretor e visagista Diogo Nunes.

SERVIÇO: 06 a 21 de dezembro de 2025 / Centro Cultural Banco do Brasil no Teatro III / Ingressos  disponíveis na bilheteria física ou no site do CCBB (bb.com.br/cultura)

Rota Cult
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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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