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O Último Amor de Casanova: Benoit Jacquot leva as telas, um outro lado do personagem

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A história de Casanova não é novidade nenhuma, muito menos para o cinema, que já retratou as aventuras do conquistador italiano algumas vezes ao longo das décadas, transformando o nome em um adjetivo – um equivalente a Don Juan. Porém, enquanto outras produções focavam muito mais no lado mulherengo desta persona, o longa de Benoit Jacquot segue o caminho oposto.

  Assim, o filme tem início no fim da vida de Casanova (Vincent Lindon), quando uma jovem vai à sua casa interessada no passado do homem. Com isso, a narrativa volta trinta anos no tempo – aproximadamente para 1770 -, quando, inesperadamente, o italiano sofreu por amor, em uma Inglaterra que passava por mudanças sociais, que afetavam as relações interpessoais.

 É neste contexto que Casanova conhece a jovem La Charpillon (Stacy Martin), que – surpreendentemente ou não, dependendo da expectativa do público – assume o protagonismo diversas vezes na trama, fazendo-se presente mesmo quando não está em cena, uma vez que, ao resistir aos encantos de Casanova, consegue fazer com que o homem se dobre às suas vontades. No entanto, é a partir deste ponto que o roteiro e a direção começam a apresentar falhas.

La Charpillon é uma jovem e conhecida prostituta – o que quase nunca chega a ser uma questão na trama -, porém, enquanto há momentos em que a personagem apresenta uma ingenuidade pueril e virginal, em outros a moça transmite uma malícia calculada capaz de antever e controlar os próximos passos de seu pretendente – e essa alternância não parece ser intencional, é muito mais um caso de modificar a personalidade da personagem de acordo com a conveniência.

Por outro lado, Lindon – um ótimo ator – apresenta, a partir da metade do longa, o Casanova mais apático da história. Por mais que a personagem ainda seja um sedutor, a interpretação perde o brilho, sem, ao menos, mostrar perturbação ou confusão ao se ver como a presa pela primeira vez. A partir da metade da projeção, a atuação de Lindon parece entrar no Modo Automático.

E, como exemplo do grande problema da direção, está a incapacidade total de criar a esperada tensão sexual entre Casanova e La Charpillon – e o roteiro tenta fazê-lo por várias vezes. No entanto, os longos silêncios, as vontades não realizadas e as condições impostas – tudo isso sem qualquer reflexão mais profunda – conseguem apenas ser, ora entediantes, ora involuntariamente cômicas justamente por parecer, a certa altura, que não há mais história a ser contada, tornando a segunda metade do filme extremamente redundante.

Assim, O Último Amor de Casanova até tem a interessante proposta de abordar um ponto fora da curva, mostrar um outro lado do homem cuja fama de sedutor de caráter duvidoso o precede, e estudar a mulher que fez com que um dos maiores conquistadores da História ficasse aos seus pés. No entanto, falta energia, falta tensão, falta reflexão, falta desenvolvimento, resultando em um longa repetitivo sobre quase nada.

Foto: divulgação Califórnia Filmes

 

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