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Lembranças de um Amor Eterno

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amo-eterno-2 O amor é capaz de sobreviver a morte? O desaparecer físico daqueles a quem amamos é um mal irreparável e muitas histórias de amor se utilizam desse entrave como motivador para relacionamentos que tentam transcender o espaço-tempo.

O caso de amor entre um astrofísico, aparentemente renomado, e casado, com uma aluna que tem a idade de sua filha não parece nada além de um grande cliché, com beijos desengonçados, quartos de hotel separados e despedidas furtivas atrás da cortina. Um cenário que não sugere nada além do que uma relação corriqueira. A impressão de superficialidade deixada pela primeira cena, única no filme em que os personagens se encontram fisicamente juntos, e que marca a falta de química entre os atores, é driblada, sem muito sucesso, pelo relacionamento a distância que acaba dando ares diferentes ao romance e possibilitando algumas reviravoltas.

A real história do romance entre os personagens vai, aos poucos, surgindo na tela e tenta se mostrar muito mais profunda do que aparentava. O professor Edward Phoerum (jeremy Irons), vive em Edinburgh com sua família e conhece uma aluna de graduação Amy (Olga Kurylenko) ao apresentar uma palestra em alguma cidade localizada na Inglaterra. Os dois engatam um romance, que por conta da distância acontece, quase que o tempo, todo virtualmente, entre conversas no skype, vídeos, cartas e entregas misteriosas de flores e pacotes. Ed se ausenta da vida de Amy, deixando um clima entre a irritação e a preocupação em Amy, mas que não parece ser nada surpreendente ou incomum tendo em vista a natureza do relacionamento dos dois. Até que em uma palestra, não por acaso, a mesma em que os dois se conheceram, surpreendentemente, 6 anos depois, Amy recebe a noticia do falecimento do Professor.

A morte inesperada vem acompanhada da tentativa de dar a história um clima de suspense já que Amy continua recebendo correspondências e e-mails dele mesmo depois da suposta data de sua morte. O formato pode parecer interessante num primeiro momento, mas não se sustenta como suspense e a expectativa de que alguma coisa aconteça se transforma em uma infinidade de repetições de cenas de entregas de vídeos e cartas. O que para muitos pode parecer puramente romântico, mais se assemelha a uma obsessão doentia, beirando o relacionamento abusivo. Nem o charme de Jeremy Irons na pele do professor, é capaz de amenizar o tom egocêntrico e irresponsável do personagem que parece pouco se importar em fazer a todos a sua volta, a namorada, a família, os filhos, infelizes com a sua louca obsessão, aspecto esse que podia ter sido explorado pelo roteiro dando uma abordagem diferente a história, uma vez que, o dito caso de amor que pretende ir além da vida se mostra muito mais como um terror emocional em que a tortura psicológica infligida pelo personagem de Jeremy Irons causa o prolongamento da dor da perda levando Amy, praticamente a loucura.

Olga kurylenko faz o que pode mas é difícil ir além dos Olhares rasos d’agua e da tentativa de atrair a empatia do público com doses excessivas de melodrama devido às limitações apresentadas pelo roteiro. Apesar das cenas de ação que quebram um pouco o tom repetitivo do filme, já que além de estudante astrofísica Amy é também dublê, o que se explica em mais um cliché do roteiro pelo passado traumatizado da personagem, o ritmo do filme é lento e as atuações são de maneira geral fracas e pouco expressivas.

A fotografia que conta com belas locações em Edinburgo, York e Piedmont, junto com a trilha de Ennio Morriconi, recém ganhador do Oscar por Os oito odiados de Quentin tarantino, são capazes de dar alguma distração para mais essa história de amor idealizado do diretor Giuseppe Tornatore, que diferentemente de em outros filmes como O melhor lance (2013) e A desconhecida (2006) opta por não explorar os aspectos mais sombrios do seu personagem principal. O absurdo diálogo entre Amy e a filha de Ed,  as intermináveis cenas de Amy respondendo aos vídeos de Ed ou se vendo em um vídeo gravado por ela em um desabafo são exemplos de um roteiro engessados, com situações e diálogos que dão pouca naturalidade à história e aos personagens, onde tudo parece fora de lugar e pouco convincente. Por fim, a história termina como começou, sem causar muita comoção e grandes surpresas, além da sensação de que duas horas podem ser uma pequena eternidade.

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