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Aos 86 anos, Alaíde Costa lança álbum produzido por Emicida, Marcus Preto e Pupillo

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Vida e de música inspiram álbum de inéditas.

Alaíde
Foto: Ênio Cesar

Aos 86 anos, Alaíde Costa está de volta aos lançamentos musicais com o olhar de Marcus Preto e Emicida. Aliás, pode-se dizer que “O Que Meus Calos Dizem Sobre Mim”, álbum que Alaíde Costa lançou hoje, 19 de maio, é o primeiro trabalho da cantora e compositora carioca cujo repertório foi todo pensado especificamente para ela.

 O impulso inicial de “O Que Meus Calos Dizem Sobre Mim” se deu ainda no primeiro ano da pandemia, quando o produtor Thiago Marque Luiz divulgou a live que ela faria sobre a obra de Johnny Alf (1929 – 2010) nas plataformas do Museu Afro-Brasil. Na época, Emicida falou, “Porra, mano, essa live é meu presente de aniversário! Mentira: Alaíde Costa cantando Johnny Alf! Cê tá maluco, mano! Que lindo, que lindo, que lindo, que lindo! Apenas obrigado. Já é meu presente de aniversário”.

Preto conta, “Emicida é o cara mais ocupado do planeta, com show, filme, livro, disco, game, programa de TV e sabe-se lá quantas coisas tarefas, tudo ao mesmo tempo. Porém, o projeto não saia da minha cabeça. Escrevi para ele, as não deixei de falar o que tinha pensado, “Meu mano, tô com uma ideia maluca aqui. E se a gente fizer um disco foda da Alaíde? Não falei com ela, nem sei se ela quer. Mas eu sei que eu quero. E ia ser foda ter você pra dividir as ideias. Sei lá, pensa aí. A gente tem essa galera viva ainda, mano! Sei que cê tem muito o que fazer, mas fiquei com vontade de sugerir essa maluquice”. A resposta veio por áudio: “Mano, se eu falar pra você que desde que vi o vídeo eu tô pensando a exata mesma coisa você bota uma fé?”. Liguei imediatamente para o Thiago Marques Luiz, minha ponte com Alaíde (que não me conhecia), e ele passou o recado. Logo veio o áudio da própria: “Oi, Marcus! O Thiago já me contou a história toda. Eu tô dentro, né? Claro!”, assim começamos”.

As melodias para o universo de Alaíde começaram a ser projetadas por Joyce, Ivan Lins, Guinga, João Donato, Marcos Valle e Francis Hime, entre outros, a fim de que Emicida colocasse as letras. Também pedi composições para Fátima Guedes, João Bosco, Erasmo Carlos, Guilherme Arantes e Céu.  O repertório foi ficando tão farto e indispensável! O projeto, então, foi desmembrado em dois – quem sabe três – discos.

 Pupillo não foi o único a se convidar para “O Que Meus Calos Dizem Sobre Mim”. Em um telefonema sobre outros assuntos, contei para Nando Reis que estávamos construindo repertório para um álbum de Alaíde Costa. Nando ficou realmente mexido, esqueceu todos os outros assuntos e disse: “Me põe dentro! Ouço Alaíde desde que nasci, ela é a cantora preferida de meu pai”. Pedi uma melodia à própria Alaíde. Ela enviou uma que tinha na cabeça desde os anos 1960. Nando fez a letra em poucos minutos. Tristonho foi lançada como single de “O Que Meus Calos Dizem Sobre Mim” em abril.

Sua voz tão singular, mas também cheia de personalidade, doçura e força voltam a estrada com um álbum que vale como uma espécie de biografia musical, unindo compositores de diversas gerações.

Joyce Moreno e Ivan Lins abrem parcerias com Emicida, uma máquina de fazer letras tão poéticas quanto contundentes. O veterano Erasmo Carlos compõe sua primeira canção a quatro mãos com o jovem Tim Bernardes, outro gigante gentil, 50 anos mais novo. Juntos, os irmãos Céu e Diogo Poças escrevem aquela que se tornaria a faixa de abertura do álbum. Aliás, João Bosco vem com a única não inédita do álbum, com letra do filho Francisco Bosco. A essas sete, junta-se Tristonho, melodia de Alaíde Costa letrada por Nando Reis que já foi lançada como single em abril.

“Nossa ideia inicial era fazer um álbum que sublinhasse a grandeza de Alaíde Costa não apenas como intérprete ligada à Bossa Nova, movimento que surgiu para o Brasil ao mesmo tempo em que a própria artista no final da década de 50. Mas, sobretudo, como a voz que transitou, quase sempre à margem do grande público, pelos mais nobres ambientes da nossa música popular”, conta Marcus Preto.

Alaíde é a única mulher na ficha técnica do clássico “Clube da Esquina” (1972), de Milton Nascimento e Lô Borges. Compositora sofisticada, escreveu canções com Vinicius de Moraes e Geraldo Vandré, entre outros grandes. Interpretou como ninguém as obras de Hermínio Bello de Carvalho e Johnny Alf. Atravessou os anos 80 lançando álbuns independentes, já que gravadoras queriam dela o que ela não queria dar e fazer concessão nunca foi uma possibilidade para Alaíde. Por isso, pagou o preço de ver a repercussão de seus trabalhos minimizada.  Assim, criou uma obra à sua imagem e semelhança.

Rota Cult
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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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