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Espaço Zagut abre exposição sobre o Feminino, Universo e Galáxia

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Bebendo nos ensinamentos de Cora Coralina, olhando os dados, os especialistas, novas arrumações, o Espaço Zagut recebe exposição sobre o Feminino, Universo e Galáxia.

O machismo estrutural não é exclusivo de nosso meio, ocorre em todo o mundo. Segundo as Nações Unidas, na Declaração do Ano Internacional da Mulher em 1980, a violência contra a mulher foi considerada o crime mais encoberto do mundo. Além disso, na história recente do país, vieram a público situações escandalizadoras em relação ao tema.

Vivemos em uma sociedade que convive com a violência descabida, entre tantas outras anônimas, inclusive as com ações protetivas, e os assassinatos são só a ponta do iceberg. Em 2022, 699 mulheres foram vítimas de feminicídio no Brasil (quinto lugar no mundo), um crime de ódio que se segue a diversos abusos, metade das vezes cometido por familiar, em um terço pelo companheiro ou ex.

Nas artes, a desigualdade de gêneros é bem conhecida. No Espaço Zagut, em praticamente todas as exposições mais da metade de artistas foram mulheres, na maioria das vezes 70%, sempre com muitas obras que se remetem a temas intrinsecamente femininos, tendo realizado exposições focadas no tema, como “Entre Fronteiras” e “Erotica, Eroica, Universale”. Falar inúmeras vezes sobre o tema da desigualdade de gêneros faz com que, certamente, ocorram reflexões e consequentes mudanças.

As Guerrilla Girls, grupo de artistas anônimas, usa dados estatísticos, frases, para denunciar tal realidade. Na obra “As mulheres precisam estar nuas para entrar no Museu de Arte de São Paulo?”, identificaram 6% de artistas mulheres e 60% dos nus. Situação melhor que do MET de Nova York e do que na Europa. Sobre o feminicídio, colocam: O que Carl Andre e O.J. Simpson têm em comum? Assassinaram Ana Mendieta e Nicole Brown, suas respectivas mulher e ex. Continuam: a cada 15 minutos uma mulher é atacada por seu companheiro. Alguns ataques terminam em morte. Em geral, esses crimes não têm testemunhas.

Além da situação atual na arte contemporânea, há uma imensa dívida histórica. A pergunta de Linda Nochlin em 1971, “Por que não houve grandes mulheres artistas?”, foi feita há meio século. O caso mais emblemático é o de Artemisia Gentileschi, italiana. Entre fundadores da Academia Real Britânica em 1768, constavam duas prestigiadas pintoras: Angélica Kauffmann e Mary Moser, que só aparecem em duas telas na parede em pintura retratando seus fundadores. A próxima mulher a entrar nessa academia foi em 1922. Há poucos museus-casa de mulheres, como o de Kathe Kowitz em Berlim. O Museu Rodin retirou da reserva técnica a obra de Claudel, assim como o Marmottan Monet a de Morisot, mas sem mudança de nome.

No Brasil império, não era permitido que mulheres frequentassem a Escola de Belas Artes, só ocorreu em 1892. No Liceu de Artes e Ofícios, desde 1881.

São inúmeros os casos de “apagamentos”. Abigail de Andrade e sua filha Angelina Agostini foram muito prestigiadas, ganharam importantes prêmios (o da 1ª medalha de ouro e o de viagem ao exterior, respectivamente), mas são pouco conhecidas. A obra de Angelina que ganhou o prêmio ao exterior em 1913, “Vaidade”, o único prêmio de uma mulher na Primeira República, fica em sala de passagem e com acesso restrito, sem dados sobre a obra e a autora, no Museu de Belas Artes.

Duas escultoras pouquíssimo conhecidas foram Julieta de França (primeira mulher a matricular-se em modelo vivo na ENBA, ganhou o prêmio de viagem ao exterior em 1900, desafiou uma comissão de premiação e as portas se fecharam, com poucas obras conhecidas, já que não possuía recursos para fazê-las em bronze) e Nicolina Vaz de Assis (também cursou ENBA no mesmo ano de 1897 e também estudou na França na Academie Julien com bolsa de seu estado natal, São Paulo – onde mulheres pagavam o dobro dos homens, realizou inúmeras obras públicas, várias de suas obras eram apresentadas nos salões em bronze).

Serviço:
Data: 16 de abril até 10 de maio de 2023
Local: Espaço Zagut (Endereço: Rua Siqueira Campos 43, sala 725, Copacabana )

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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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