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“O Planeta Lilás”, adaptação do livro de Ziraldo, ganha os palcos

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Adaptação do livro homônimo do escritor, cartunista, poeta e dramaturgo Ziraldo, o espetáculo musical infantil “O Planeta Lilás” acompanha a aventura do Bichinho que, bem pequeninho, entra em uma nave espacial e sai de seu Planeta Lilás para conhecer e descobrir o universo.

 "O Planeta Lilás"
Foto: Rogerio Von Kruger

A obra, dedicada ao poeta Carlos Drummond de Andrade, é uma homenagem a Ziraldo, que fez 90 anos em outubro de 2022. O livro completa 45 anos em breve e terá uma edição comemorativa, lançada pela Editora Melhoramentos, na Bienal do Livro do Rio de Janeiro, em setembro.

“O Planeta Lilás” é uma grande deferência à literatura nacional, tão censurada durante os “anos de chumbo” no Brasil. O musical pretende transpor os elementos da linguagem da literatura (letras, pontuações e palavras) para os elementos que compõem o teatro: a luz, o som, a pausa, o ritmo, a atriz.

“Do mesmo jeito que a história contada por Ziraldo no livro era metalinguística e falava (e exaltava) o próprio livro, aqui no espetáculo essa história vai percorrer e exaltar os elementos que surgem na transposição e adaptação da linguagem literária para a linguagem teatro-musical”, explica Mariana Kaufman, dramaturga e diretora do espetáculo.

“Eu acredito que, para além de fazer uma homenagem à literatura, Ziraldo, no livro, faz uma ode à própria poesia, à fantasia e à arte em geral. A ideia é que o Bichinho percorra a clássica ‘jornada do herói’ para se entender e se libertar, podendo ser quem quiser, buscando um mundo plural e diverso. No fim das contas, o livro é também uma ode à imaginação como potência”, acrescenta a diretora e idealizadora do espetáculo infantil.

O livro foi escrito em um cenário de ditadura militar, no ano de 1979, quando a literatura foi duramente afetada pelos Atos Institucionais, que censuraram direitos individuais e coletivos. O personagem, preso em um mundo de cerceamento de liberdades, busca se libertar e romper com as amarras de seu tempo e sua sociedade. “Para nosso espetáculo, adaptar essa história para o contexto contemporâneo nos parece mais pertinente do que nunca. Em um cenário de guinadas autoritárias no poder e constantes ataques à cultura e à arte, e ainda somado a isso, o contexto pandêmico de reclusão e isolamento, nosso personagem vem mostrar que ele não se conforma e que pode suscitar aos pequenos cidadãos que é possível transformar uma realidade opressora”, pontua Mariana.

Com estética minimalista adotada por Ziraldo em seu livro, a peça traz referências que se relacionam com o universo concreto e neoconcreto do Ballet Triádico da Bauhaus e o Ballet Neoconcreto de Lygia Pape. A referência de um ballet conceitual também é parte da construção de movimento da peça, em que o concreto vai pautar a movimentação dos corpos dos atores em cena.

Mariana revela ainda que pensou em trazer um carnavalesco para assinar figurino e cenário para que se pudesse construir uma estética em que os corpos dos atores não fossem apenas uma superfície. Para que pudessem se ajustar e servissem também de cenário, como acontece nos desfiles carnavalescos. “Como a peça é metalinguística, o cenário e figurino também se tornam personagens. Desde o início, me interessava que os corpos dos atores pudessem se tornar cenários, ou seja: figurino pode ser volume e cenário e os cenários são os próprios atores. O corpo não é só um corpo, pode ser uma forma”, explica.

Ela acrescenta ainda que o espetáculo termina com um bloco de carnaval. “Da mesma forma que pensei que o carnaval poderia ser o cume desse espetáculo, da ode à fantasia, do espetáculo da libertação, terminar no carnaval é quase como se o teatro saísse do seu espaço e fosse para a rua”, conclui Mariana.

A direção musical é assinada pela dupla de compositores Domenico Lancellotti e Bruno di Lullo, nomes reconhecidos e importantes da Música Popular Brasileira. Ao todo, serão oito músicas compostas por eles em parceria com a diretora especialmente para a peça. Todas estarão disponíveis no Spotify.

SERVIÇO
Musical infantil “O Planeta Lilás”
Local: Futuros – Arte e Tecnologia Endereço (R. Dois de Dezembro, 63 – Flamengo)
Ingressos em www.sympla.com.br

Rota Cult
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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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