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“Só vendo como dói ser mulher do Tolstói” na Casa de Cultura Laura Alvim

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Só vendo como dói ser mulher do TolstóiEscrito por Ivan Jaf, estrelado por Rose Abdallah, com direção de Johayne Hildefonso e música original de André Abujamra, o monólogo “Só vendo como dói ser mulher do Tolstói” revela que o casamento de Sofia Tolstói com o célebre escritor russo Leon Tolstói, autor de “Guerra e paz” e “Anna Karenina”, foi um pesadelo patriarcal, machista e abusivo, como comprovam os diários escritos por ela durante os 48 anos de relacionamento.

 Ofuscada pela fama do marido por dois séculos, só agora, com os movimentos de empoderamento feminino, a voz de Sofia começa a ser ouvida. Em “Só vendo como dói ser mulher do Tolstói”, uma atriz prepara-se para entrar em cena no papel de Sofia. No camarim, mistura a voz da personagem com sua voz feminista atual, indignada e revoltada com o escritor machista e abusivo. Além disso, a peça mistura também épocas e espaços (inícios dos séculos XX e XXI na Rússia e no Brasil).

Assim, em uma linguagem do nosso tempo, Sofia enfim fala. Nos bastidores da vida de um grande homem, havia mesmo uma grande mulher, mas ela foi massacrada e oprimida.

“Conhecia Sofia Tolstói apenas por foto e sempre ao lado do marido Leon Tolstói, o grande romancista russo. Quando li o monólogo, foi um mistura de sentimentos: amor por ela e choque por conhecer o outro lado de Tolstói. Apesar de toda sua genialidade, ele era um homem comum, um russo seguidor fiel dos ensinamentos do Domostroi, que, em russo, significa ‘ordem na casa’, ‘se o marido não domar a esposa, todo lar desmorona’. Conheço várias mulheres que ainda hoje vivenciam os mesmos conflitos que Sofia. Talvez leve mais alguns séculos para que uma mudança concreta ocorra e que, finalmente, as mulheres tenham seu protagonismo reconhecido! Salve Sofia Tolstói! Salve o protagonismo feminino”, exalta a atriz Rose Abdallah.

Sofia foi casada com o célebre escritor russo Leon Tolstói por 48 anos, até que, no dia 28 de outubro de 1910, ele fugiu de casa e acabou morrendo dez dias depois na estação ferroviária de uma pequena vila a 300 quilômetros de distância. O pior foi que a culpa sobre a morte do famoso escritor recaiu sobre Sofia, que foi considerada uma megera da qual Tolstói havia fugido e por isso morrera.

Foram quase 50 anos de brigas entre o escritor e a esposa. Um século de machismo estrutural, somado à imensa fama planetária e importância da obra de Tolstói, legou à Sofia o papel de megera. No entanto, o movimento feminista vem corrigindo essa injustiça. Durante toda a relação, cada qual retratou em diários o que se passava entre eles, em detalhes.

 “Só vendo como dói ser mulher do Tolstói” traz uma leitura desses diários que revelam o verdadeiro vilão dessa história. À luz das modernas teses feministas, fica clara a relação tóxica, abusiva e patriarcal do homem Leon, independentemente de seu inquestionável talento literário. É a partir do conteúdo desses diários que o dramaturgo Ivan Jaf constrói seu monólogo, dando voz a Sofia. Não uma voz contida pela repressão da mulher na Rússia do começo do século XX, sob o peso da Igreja Ortodoxa e da mão pesada do czarismo, mas um discurso com toda a verve libertária da indignação feminina atual.

A peça estreia temporada de seis apresentações no Teatro Rogério Cardoso, na Casa de Cultura Laura Alvim, em Ipanema, a partir do dia 6 de setembro. As sessões serão às quartas e quintas-feiras, às 19h.

Rota Cult
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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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