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Historiadora Silvia Lerner lança livro sobre música produzida durante o período do Holocausto

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Depois de dez anos de pesquisa, o livro “A música e os músicos em Tempos de Intolerância: o Holocausto” , da historiadora Silvia Lerner, aborda a música produzida durante o período do Holocausto, nos guetos, campos de concentração, campos de extermínio e também nas florestas, onde os guerrilheiros judeus se escondiam.

“A música, assim como outras atividades culturais, visava a ocupar as pessoas daquele ‘mundo’. Por não terem acesso às armas, acabaram se refugiando no mundo das artes como forma de manter sua integridade física e moral, como forma de resistência psicológica”, afirma a autora Silvia Lerner.

Com 375 páginas, o livro faz parte do amplo estudo de Silvia Lerner sobre a cultura durante o Holocausto. O atual livro chega às livrarias dois anos depois do sucesso da publicação “Arte em Tempos de Intolerância: Theresienstadt” (2021), primeiro livro da série, no qual a historiadora abordou as artes visuais produzidas no único campo cultural do período.

Neste novo livro, no entanto, a autora fala sobre a música produzida em diversos guetos e campos. Ao longo de nove capítulos, com uma linguagem envolvente, a autora vai contextualizando o período historicamente, seguindo uma ordem cronológica, e enumerando os locais onde as músicas eram produzidas. Todas as canções apresentadas no livro, escritas originalmente em iídiche ou alemão, foram traduzidas para o português pela autora. Para ouvi-las no original, o livro possui QR Codes, fazendo o leitor mergulhar no universo musical daquela época.

De que se tem conhecimento, foram produzidas cerca de 300 músicas pelos judeus durante o Holocausto, em cerca de 30 locais. Destas, a autora selecionou 31 para traduzir ou transliterar, contextualizando o espaço concentracionário onde ela foi produzida, o que aconteceu com seus autores, entre outras informações reveladas ao longo do livro. Até hoje, nenhuma dessas canções havia sido traduzida e tampouco havia sido feita uma pesquisa tão ampla sobre o tema.

Além disso, o livro traz músicas que vão desde canções de ninar, até músicas em ritmos variados, incluindo também as orquestras e os hinos dos campos de concentração, algo que era incentivado pelos líderes nazistas. No entanto, todas elas trazem, em comum, a melancolia. “Os temas das canções se referem à vida diária nos guetos e campos, apesar da condição depressiva dos prisioneiros, retratando seus medos e suas esperanças”, conta a autora, que completa “não há músicas que evoquem tempos de normalidade, temas como amor e casamento, alegria com as crianças, alegria no trabalho e no estudo humor ou felicidade. A palavra saudade se tornou uma constante nessas músicas”, conta Silvia Lerner.

Durante a pesquisa, a autora se surpreendeu com a descoberta de diversas músicas em ritmo de tango, gênero musical surgido no início do século XX. “Os nazistas aceitavam o tango, por ser uma música de submissão, na qual o homem conduz a mulher na dança. Já o jazz, não era aceito, por ser a música dos negros”, conta.

Rota Cult
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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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