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Musical Funny Girl faz apoteose da saudade nos palcos

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Charmosos figurinos e voz fascinante dão o tom em Funny Girl.

 Nos tempos em que a Herbert Richers era a versão brasileira deste país para a televisão, “A Garota Genial” passou na TV Globo com Neuza Tavares dublando Barbra Streisand e Celso Vasconcellos emprestando o vozeirão a Omar Sharif. Era uma reinvenção seca, de gogós abafados, para uma história que nasceu na Broadway em 1964, Funny Girl renasce agora nos palcos brasileiros. Aliás, é necessário que se destaque a espoleta Giulia Nadruz antes que se dê qualquer passo na montagem (visualmente suntuosa) de Gustavo Barchilon, que, surpreendentemente, mata a gente de rir bem mais do que se espera na releitura de um clássico.

Musical Funny GirlExiste um aforismo do dramaturgo Jean Anouilh que diz tudo: “Existe o amor, é claro, e existe a vida, sua inimiga”. Barchilon conduz o espetáculo mais por essa trilha, a do benquerer que se espatifa na esperança do lirismo do que numa convencional reverência a pulmões em ebulição. Canta-se pacas, sim. Mas os suspiros que brotam dessa releitura exasperam mais do que toda e qualquer destreza canora do elenco – como todo bom musical deveria ser. Eriberto Leão ajuda um bocado nessa linha, num trabalho de fricção entre o romantismo e uma aspereza de drama realista social. Estamos diante de um enredo de superação da pobreza, o que mantém Marx por perto.

Vicejante em seu jogo de substantivos e adjetivos, a versão do musical para nosso vernáculo é feita por Bianca Tadini e Luciano Andrey e se apoia na coreografia (e direção de movimento) digna de centrífuga de Alonso Barros, sob a direção musical de Carlos Bauzys. Sinestesias das mais rascantes marcam os charmosos figurinos de Fábio Namatame, no cenário pomposo (na medida da excelência) de Natália Lana. Ou seja: tecnicamente, tudo grita: “É hora do show!”. E que show! Mas há brasilidade. Muita. Há um toque de folhetim no rasga-coração entre o casal protagonista. O registro cômico de Giulia sabe cavar espaço para a mágoa no embate com Leão, que entra e sai de cena seguro, com a dimensão trágica daqueles amores que devassam nosso miocárdio sem pedir licença.

É inegável a reverência ao “Funny Girl” original, com trilha sonora de Jule Styne, letras de Bob Merrill e libreto de Isobel Lennart, que estreou na Broadway em 1964. O enredo semibiográfico é baseado na vida e na carreira da comediante e estrela da Broadway, Fanny Brice, apresentando seu relacionamento tempestuoso com o empresário e jogador Nicky Arnstein.

Curiosidades à parte, Barbra Streisand estrelou o musical original da Broadway, produzido pelo genro de Brice, Ray Stark. A produção recebeu oito indicações ao 18º Prêmio Tony.
Desde já, a atuação de Giulia se candidata a prêmios e a um cantinho no afeto da gente.

Certamente, dá vontade de rever o filme de William Wyler do qual pouco se fala, também com Barbra, e com Omar Sharif a esbanjar carisma. São interseções necessárias, no Tempo, que só grandes reinvenções provocam. O que Barchilon faz é reinventar caminhos, na canção e na reflexão da mitologia teatral.

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