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Kristen Stewart volta à Berlinale como estrela de um candidato a cult

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Um ano depois de presidir o júri do Urso de Ouro, confiando o prêmio a um documentário (“No Adamant”), a atriz californiana Kristen Stewart falou poucas a boas sobre o benquerer em seu regresso ao festival de Berlim, desta vez na condição de protagonista de um dos achados da seleção deste ano. Aliás, Love Lies Bleeding, de Rose Glass, tem tudo para sair da capital alemã com fôlego para fazer sucesso comercial. Sequências de nudez que desafiam a lógica da objetificação feminina e do fetichismo pornográfico e doses fartas de sangue fazem do thriller ambientado nos anos 180 uma iguaria sinistra no coletivo de títulos que lotam as salas do Festival de Berlim.

Kristen Stewart

Kristen Stewart conta, “Num senso comum, o amor ajuda as pessoas”, a uma concorrida coletiva de lançamento do longa de Glass, referindo-se aos perrengues que sua personagem, Lou, encara ao se apaixonar por Jackie.

Conforme a coletiva transcorria, num dos auditórios do hotel Hyatt (sede de partes das ações do festival), um telão na entrada do Berlinale Palast (centro nervoso de exibição do evento) atraia uma multidão, com olhos grudados na fala da estrela, cuja popularizada brotou com a Saga Crepúsculo (2008 – 2012). Uma multidão se estapeava do lado de fora do Hyatt à espera de sua saída, desesperada por uma foto e um autógrafo de Kristen Stewart. Seu fã-clube anseia por novidades do novo caminho em sua carreira: ela vai estrear como realizadora, com o projeto “The Cronology of Water”. As memórias da escritora Lidia Yuknavitch são a essência de uma trama em que ela vai dirigir Imogen Poots no papel principal.

“Tenho interesse em fazer um cinema que faça diferença também por vias da ousadia. Sinto ter chegado num momento em que estou pronta para tudo, embora eu me identifique mais com as escolhas que fogem das normas”, disse Kristen Stewart ao Rota Cult em sua passagem por Berlim em 2023, pouco depois de ter concorrido ao Oscar por “Spencer”, no qual encarnou Lady Di.

Exibido em Sundance, em janeiro, Love Lies Bleeding também traz elementos diferentes para a persona de Kristen, que já filmou com David Cronenberg, Walter Salles, Kelly Reichardt, Ang Lee, Woody Allen, Olivier Assayas, Catherine Hardwicke e outras vozes autorais de peso. Rose Glass agora integra a esse grupo. A diretora de “Saint Maud” (2019) evoca elementos da obra dos Irmãos Coen (sobretudo de “Um Gosto de Sangue”) ao narrar a quebra de harmonia no cotidiano de Lou, gerente de academia que paquera uma jovem drogadita (Anna Barishnikov, filha do bailarino e ator Mikhail Baryshnikov). Ao conhecer a ficulturista Jackie (Katy O’Brien), Lou se apaixona cegamente, mas tem que driblar a relação com seu cunhado tóxico (Dave Franco) e com o pai, um vendedor de armas nada legalizado, interpretado por Ed Harris.
“Diria que é um filme bem-humorado sobre assuntos pesados”, disse Rose à Berlinale, que termina suas atividades no próximo domingo.

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