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Men At Work revive os áureos tempos, com nova formação

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Quando Colin Hay anunciou o retorno do Men At Work causou surpresa e estranheza nos fãs. Após a morte do membro da formação clássica Greg Ham, em 2012, acreditava-se que a banda australiana encerraria de vez a carreira. Eram os dois que vinham mantendo a banda até então, que teve bastante êxito radiofônico nos anos 80, desde a retomada em 1996, dez anos após o fim. Foi no mesmo Qualistage que recebeu o primeiro retorno da banda, há 28 anos (na época o espaço se chamava Metropolitan, nome pelo qual ainda é conhecido pelos mais veteranos) que Hay apresentou a nova formação do MAW para um público, em sua maioria acima dos 35 anos,- tão ávido por nostalgia que não se importou nem um pouco de ter apenas o vocalista e guitarrista como membro da formação clássica. Na verdade, alguns sequer sabiam desse detalhe, dado o fato de hits populares como ‘Down Under’ e ‘Overkill’ serem amplamente conhecidos, porém maiores detalhes da trajetória da banda não são tão difundidos fora da base de fãs.

MEN AT WORK

Ciente de que estava diante de um público tradicionalmente caloroso, em um dos países que mais abraçaram a mistura de Pop Rock, Jazz e Reggae de sua banda, e onde ela ainda possui relevância, Hay optou pelo repertório seguro, jogando para a torcida nessa primeira apresentação da nova turnê pelo Brasil. O setlist do Men At Work não é muito longo (rendendo 1h38 minutos de apresentação), porém maior do que os que foram executados em shows anteriores no exterior, com 11, 12 músicas. Quase pocket shows.

A festa se iniciou com ‘Touching the Untouchables’, do álbum “Business as Usual”, de 1981, seguida de ‘No Restrictions’, do disco “Cargo” de 1983. Embora sejam da fase áurea da banda, não são conhecidas do grande público, assim como as duas faixas que se sucederam, ‘Come Tumblin’ Down’ e ‘Can’t Take This Town’, ambas da carreira solo de Hay, obscuras para os fãs mais casuais. A primeira do relativamente recente “Fierce Mercy”, de 2017, enquanto a segunda data de 1992, tirada do álbum “Peaks and Valleys”. Mas antes que a plateia esfriasse totalmente, o músico sacou o primeiro hit da noite, ‘Down By the Sea’. Ainda que não tenha tido uma grande projeção radiofônica, é bastante conhecida pelos fãs.

As músicas mais conhecidas acabaram ficando mais concentradas do meio para o final. Certamente, poderia ter sido feita uma distribuição melhor ao longo do setlist. Contudo, a performance do grupo não deixava as atenções se dispersaram muito, a começar pela saxofonista, flautista e tecladista Sheila Gonzalez, bastante aplaudida em seus solos. Ela se encarrega das partes que cabiam a Ham, fazendo-o com irrefutável competência. Aliás, a esposa de Hay, Cecilia Noël, aparentemente não tem muito o que fazer, parece que sua função primária é de animadora do público (sobretudo nas faixas mais desconhecidas), com expansivos passos de dança e um português convincente, já que sua língua nativa é o espanhol. Mas também toca pandeirola e assume eficientemente os backing vocals. Essa presença feminina, inclusive, torna o nome “Homens Trabalhando” um tanto defasado. Na verdade, essa banda com tempero latino – o guitarrista, o baterista e o baixista são cubanos, Cecilia é peruana e Sheila de origem guatemalteca – só não teve o (mais apropriado) nome Colin Hay Band, usado em sua vinda ao Brasil para o Rock in Rio 91, porque o promotor orientou o músico a estampar a marca Men At Work, que venderia mais shows, segundo o próprio Hay afirmou em recente entrevista ao Globo.

Como era mesmo esperado, a empolgação do público se deu mesmo em ‘Who Can It Be Now’, ‘It’s a Mistake’, ‘Down Under’, essas duas executadas na sequência, e no bis com ‘Overkill’, ‘Into My Life’, já da fase pós-MAW, que fez imenso sucesso no Brasil, embora não tenha estourado no exterior, e o show finalizou com ‘Be Good Johnny’. Foi sentida a ausência apenas de ‘Everything I Need’.

Ali ficou bastante nítido porque Colin Hay não hesita em voltar aos palcos brasileiros. Em nenhuma praça, seja do Reino Unido ou dos Estados Unidos, onde mora (em Los Angeles), a plateia canta a plenos pulmões até os backing vocals das faixas, vibrando com os timbres marcantes do vocalista com aquele esticar das sílabas que remete a Sting. E intactos, do alto de seus 70 anos. E o escocês, que se mudou para a Austrália adolescente, retribui o carinho sempre se dirigindo ao público em um português bastante digno. Ao que tudo indica, um retorno não tardará.

Setlist
1.Touching the Untouchables
2.No Restrictions
3.Come Tumblin’ Down (Colin Hay)
4.Can’t Take This Town (Colin Hay)
5.Down by the Sea
6.Blue for You
7.I Can See It in Your Eyes
8.Dr. Heckyll & Mr. Jive
9.No Sign of Yesterday
10.Who Can It Be Now?
11.Underground
12.Upstairs in My House
13.Catch a Star
14.It’s a Mistake
15.Down Under
Bis:
16.Overkill
17.Into My Life (Colin Hay Band)
18.Be Good Johnny

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