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A Primeira Profecia – Prequel resgata a essência do original e acrescenta ainda mais horror

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É de conhecimento dos fãs de terror, a importância de A Profecia, de 1976, para a cultura, assim como Exorcista e Poltergeist também possuem. A história do jovem Damien moldou o imaginário de milhões sendo a figura do Anticristo, gerando até produções de comédia como Belas Maldições da Prime Video. Em A Primeira Profecia temos os processos que culminam no nascimento de Damien.

O filme se passa em 1971 e tem como protagonista Margaret (Nell Tiger Free), uma noviça que ainda não fez seus votos para tornar-se freira. Ela vai até Roma para realizar os votos finais, e se depara com um horror que ela não poderia imaginar nem seus piores pesadelos. A Igreja está perdendo fieis, pois o mundo moderno avança a passos largos e as histórias de fogo e enxofre não podem assustar mais. Então a Igreja decide criar o terror para ser a única tábua de salvação da humanidade.

As expectativas para este longa eram baixíssimas, praticamente inexistentes, principalmente por conta da bomba que foi o quarto filme de O Exorcista. O medo real era que este prequel quisesse dar explicações totalmente desnecessárias para os mistérios de A Profecia. O filme começa com uma sequência de referências muito claras ao clássico, e então ele começa a tomar personalidade mesclando diálogos e flashbacks, confundindo o público propositalmente. Contudo não demora para o roteiro voltar aos eixos da narrativa e o público é contemplado com o horror.

A direção do filme é de Arkasha Stevenson, uma diretora que possui pouca experiência, sendo este seu primeiro longa-metragem, e é chocante a qualidade imensa da direção. Arkasha opta por criar pouquíssimos jumpscares, ou seja, sustos rápidos e fáceis, construindo no lugar uma atmosfera sufocante em constante crescimento. A fotografia usa muitos planos fechados para as cenas mais fortes de horror para que você nunca tenha uma visão completa da cena, assim fica a apenas partes dela e o resto é da sua imaginação.

Além da direção, Arkasha assina o roteiro com Tim Smith e Keith Thomas, que é metódico em entregar apenas o suficiente de informação. Por exemplo, em nenhum momento eles dizem a palavra demônio ou diabo, as poucas vezes que é mencionado se usa “A Besta” ou “O Chacal”, que é diretamente conectado com o filme de 1976.

Tanto o roteiro quanto a direção foram capazes de subverter momentos considerados belos como gravidez, parto, feitura de votos sacros, em pura agonia. Até mesmo na produção de arte na construção dos cenários, existe um trabalho bem afinado em trazer o lado mais assustador da arte da Igreja Católica. E novamente, nada é escancarado, o movimento de câmera te conduz magistralmente ao momento correto e a imaginação do público faz o resto. A trilha sonora de Mark Korven é um alavanca de terror imensa, justamente por também subverter a beleza cristã em horror. O nascimento do Anticristo é seguido por um silêncio sepulcral, e ao ser revelado que um menino, o filho do Chacal nasceu, entra poderosa a trilha clássica “Ave Satani” criada por Jerry Goldsmith. É, certamente, de arrepiar todos os pelos do corpo!

O elenco é impressionante, e que também trouxe grandes surpresas. Grandes nomes do cinema inglês, como Charles Dance e Bill Nighy, para surpresa de muitos, Já Sônia Braga participa do filme com um papel incrível de freira. Por fim, a grande surpresa veio da atuação da protagonista, Nell Tiger Free, uma jovem com poucos papeis de muita relevância da carreira que se entregou magistralmente neste filme.

O roteiro deixa algumas pontas soltas, e fica levemente subentendido que pode haver uma continuação, porém é preciso muito cuidado para não cair no perigo de explicar demais. Dito esses pequenos adendos, é sem dúvida que A Primeira Profecia entre para a lista de melhores filmes de terror de 2024, e um dos poucos casos em que um prequel funcionou muito bem.

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