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Barão Vermelho encerra a turnê de 40 anos com fôlego para mais

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Noite de celebração no Circo Voador. O Barão Vermelho escolheu a lona da Lapa carioca para encerrar a turnê comemorativa dos 40 anos, na noite de sexta-feira (5), justamente porque ali foi o início de tudo. Ainda quando era armada no Arpoador, no verão 1982, ela foi testemunha do nascimento de uma importante página da História do Rock Brasil. Tendo Cazuza nos vocais, Roberto Frejat na guitarra, Dé Palmeira no baixo, Maurício Barros nos teclados e Guto Goffi na bateria, o Barão deu seus primeiros passos rumo a se tornar um dos pilares daquela geração de bandas que até hoje é a principal referência no que tange ao Rock n’ Roll tupiniquim.

Porém, a configuração mudou. Hoje Frejat não está mais no grupo, os vocais estão a cargo de Rodrigo Suricato e o baixo passou do substituto de Dé, Rodrigo Santos, para Márcio Alencar. Mas o show celebra não só a música, e sim todas as fases atravessadas pela banda, que se manteve como uma verdadeira brigada roqueira baseada no blues remetendo aos Rolling Stones. E assim como seus ídolos ingleses, o lugar onde o Barão realmente mostra seu poder de fogo é no palco.

O repertório não difere muito do restante da tour. Logo após um vídeo no telão, mostrando imagens de arquivo de diferentes épocas da carreira, a festa começou com “Ponto Fraco”, do debut de 1982 que levava o nome da banda no título, seguida do hino boêmio “Por Que A Gente é Assim?”, do grande sucesso “Maior Abandonado”, álbum que consolidou o Barão no mainstream, e “Bete Balanço”. “A história não é sobre chegar em primeiro lugar de p*** nenhuma, é sobre resistência”, bradou Rodrigo Suricato sob aplausos ao se dirigir à plateia pela primeira vez. Reverenciando a história dos colegas, exaltou a celebração do encontro dos dois amigos de escola que foram ao show do Queen e disseram: “acho que dá”.

Em meio aos grandes sucessos produzidos nessas quatro décadas, houve espaço para o momento toca Raul (“Tente Outra Vez”), cover de Legião Urbana (“Quando o Sol Bater na Janela do Teu Quarto”) e músicas que Cazuza compôs com Frejat na fase pós-Barão, como “O Tempo Não Para” e “Codinome Beija-Flor”. Nessa, Rodrigo pediu para que a plateia acendesse as luzes dos celulares. “É pra dar inveja no Coldplay. Eles têm pulseirinha, mas não têm Cazuza”, brincou. O eterno exagerado também foi homenageado com a música “O Poeta Está Vivo”, lançada logo após a morte, no álbum “Na Calada da Noite”, de 1990, e também no texto que Guto escreveu e publicou no Facebook pelo dia do aniversário do vocalista.

Por se tratar de uma comemoração, “Por Onde Eu For” ficou como única representante do álbum mais recente, “VIVA”, de 2019. Um dos melhores momentos da apresentação é quando Maurício deixa os teclados e assume os vocais na bluesy “Não Amo Ninguém” e no cover de Bezerra da Silva “Malandragem Dá Um Tempo”. Ali retorna com força aquela verve de banda de bar que o Barão se orgulha de nunca ter abandonado.

A radiofônica “Puro êxtase” e o clássico “Maior Abandonado” indicavam o encerramento, mas ainda houve bis com “Amor pra Recomeçar”, dedicada aos casais e “Pro Dia Nascer Feliz”, que tradicionalmente fecha os shows da banda, no mais puro clima de festeiro.

O Barão Vermelho, agora já com 42 anos, afinal a turnê comemorativa se estendeu por dois anos, mostra fôlego para seguir por mais alguns anos, talvez alcançando a longevidade dos Mick Jagger e Keith Richards, que tinham apenas 30 anos de estrada quando o Barão foi convidado a abrir os shows da mítica banda inglesa em sua primeira vinda ao Brasil. Vale observar que a adição de duas backing vocals foi bastante bem-vinda e Rodrigo Suricato continua provando ter sido uma escolha muito acertada como frontman, com personalidade, sem tentar emular os antecessores, e ao mesmo tempo mantendo os timbres que caracterizam a banda. Além disso, sua guitarra forma uma sólida cumplicidade com a de Fernando Magalhães. Agora é aguardar pelo próximo álbum que começará a ser gravado em breve.

Setlist:

  1. Ponto fraco
  2. Por que a gente é assim?
  3. Bete Balanço
  4. Tente outra vez
  5. Pedra flor e espinho
  6. O tempo não para
  7. Meus bons amigos
  8. Odeio-te meu amor
  9. Fogo de palha/O Poeta Está Vivo
  10. Amor meu grande amor
  11. Down em mim
  12. Por onde eu for
  13. Por você
  14. Codinome Beija-Flor
  15. Não amo ninguém
  16. Malandragem dá um tempo
  17. Quando o sol bater na janela do teu quarto
  18. Exagerado
  19. Puro êxtase
  20. Maior abandonado
    Bis:
  21. Amor pra recomeçar
  22. Pro dia nascer feliz

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