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“Perigosas Damas'” faz temporada no Multiuso do Sesc Copacabana

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Idealizado e protagonizado por Geovana Pires, o solo inédito “Perigosas Damas'” usa a liberdade como ponto de partida para denunciar o quanto a contenção dos desejos individuais femininos impactam nas políticas públicas. O espetáculo surgiu há cinco anos quando Geovana leu o livro ‘Histórias de um silêncio eloquente’ de Thaís Dumêt, no qual extraiu histórias do início do sistema prisional para mulheres no Brasil, que principia no início do século XX.

A dramaturgia é assinada por Geovana, Elisa Lucinda e Denise Stutz. Após muita pesquisa, inclusive dentro de penitenciárias onde realizou projetos sociais como vice-presidente do Instituto Casa Poema – produtora do espetáculo -, a idealizadora contou com o reforço criativo da direção de Denise Stutz e Soraya Ravenle como diretora musical.

No palco, Geovana aborda o racismo, sexismo, opressão e sobretudo a liberdade por meio de vivências femininas reais do passado, mas que se assemelham com a realidade atual de muitas mulheres. Ao longo da história da civilização humana foram criadas leis e mecanismos de contenção para que, independentemente da cor e da classe social, as mulheres fossem encarceradas em manicômios, conventos e sistemas prisionais por serem sexualizadas, lésbicas, extrovertidas, inteligentes, terem repulsa sexual ao marido, praticarem a cartomancia, prostituição, etc.

‘Eu busquei entender como chegamos até aqui com instituições como a igreja, o judiciário, a medicina e o Estado criando políticas públicas para nos conter e domesticar. Fiquei impactada com a pesquisa de Thaís Dumêt sobre aquelas mulheres que, mesmo depois de mortas, foram silenciadas. Foi muito difícil Thaís chegar nos arquivos e nas histórias delas. Quando fugiam às regras impostas pela sociedade eram contidas por meio de internações, presídios, conventos ou eram presas dentro de casa mesmo. E até hoje há essa contenção do corpo feminino. Todo mundo quer dizer o que queremos fazer com nossos corpos. Quis trazer histórias antigas e reais para que possamos entender que essa luta das mulheres por liberdade atravessa os séculos’, reflete a atriz.

Ao resgatar essas vidas femininas, Geovana apresenta também versões em rap de alguns poemas de Elisa Lucinda, que foram musicados por Soraya Ravenle, que evidenciam o quanto a liberdade feminina frustrava o Estado na tentativa da limpeza moral e racial a que o Brasil foi submetido. ‘A poesia entrou na peça se encaixando com a minha história na Casa Poema, onde trabalhamos com as mulheres privadas de liberdade através da poesia falada. O processo de ensaio foi muito intenso pois não estamos falando só dessas. Eu me vi nelas. E assim, fomos construindo a dramaturgia durante os ensaios. E foi lindo por ter sido uma junção de várias mulheres com vivências diferentes’ conta Geovana.

Com uma equipe feminina em sua maioria, a peça tem como propósito uma narrativa vista sob a perspectiva das mulheres ao dar vida à personagens reais, resgatando histórias respaldadas em ampla pesquisa, que contribuem para a compreensão sobre o feminismo nos tempos atuais. ‘Tem sido um encontro do olhar feminino que desconstrói o autoritarismo e vai para um lugar de liberdade. Por isso eu não queria ser dirigida por um homem, mas sim por uma mulher. Pelo olhar de compreensão e acolhimento.’, analisa.

SERVIÇO
PERIGOSAS DAMAS
Data: 27/06 a 21/07
Horário: de quinta a domingo, às 19h.
Local: Multiuso do Sesc Copacabana (Endereço: Rua Domingos Ferreira, 160, Copacabana)
Ingressos na bilheteria
Classificação indicativa: 14 anos
Duração: 60 minutos

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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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