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Guerra sem Regras exala autoconfiança, com elenco estelar

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O que poderíamos esperar de uma reunião entre Guy Ritchie e Jerry Bruckheimer, não é exatamente o que encontramos em Guerra sem Regras, divertido título de ação, comédia, tensão e História – sim, com H maiúsculo. O primeiro é o cineasta britânico que deu um nó no cinema de seu país há quase 30 anos, quando lançou o insano Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes, e foi cooptado para os Estados Unidos, onde foi dirigir sucessos como Sherlock Holmes (e no caminho, casar-se com Madonna). O segundo é um dos maiores produtores a aparecer em Hollywood nos últimos quarenta anos, responsável por clássicos como Top GunUm Tira da PesadaFlashdance, entre muitos outros. O resultado é surpreendente não pelo ritmo impresso na obra, mas pelos lugares onde o filme passeia. 

Para começar, é quase impossível bater os olhos em Guerra sem Regras e não pensar em Bastardos Inglórios, um dos maiores clássicos de Quentin Tarantino, aliás, o pôster, por si só, já remete ao filme de 2019. Apesar das muitas referências que o diretor sempre atribui a seus filmes, a história real de Gus March-Phillips e seu grupo de colegas que combateram de peito aberto os nazistas durante a Segunda Guerra Mundial não aparece citada como uma inspiração. Mas provavelmente o diretor de Pulp Fiction leu algo sobre esse pelotão improvável, porque muito do clima e das ideias parecem bater. A diferença é que esse grupo de pessoas existiu de verdade, o que torna a produção ainda mais surreal. 

O ritmo não é frenético como costumamos ver com o cineasta, mas a trama de espionagem cômica que ainda conta com a participação de Ian Fleming entre os personagens é envolvente, cheia de inspiração. Talvez o escritor tenha aberto os olhos aqui para desenvolver um certo James Bond? Provavelmente. E essa é mais um dos caminhos muito apetitosos de Guerra sem Regras, quando a ficção e os fatos se esbarram para construir um produto que não está configurado para a caixa esperada. Durante quase duas horas de duração, o filme irá abusar de situações improváveis para equilibrar os esquemas de atribuições reais da narrativa. 

Segurando o queixo, os valores de produção de Guerra sem Regras são visíveis, feitos para encher os olhos do espectador. Custando apenas 60 milhões de dólares, o filme conta com uma construção de arte impressionante em diversas passagens, que acabam contribuindo para afastar o filme de um esquema de sátira que o humor, às vezes excessivo, acaba sendo exposto. Sua competência na entrega estética mostra o lugar onde Ritchie trabalha com frequência, que é uma zona de detalhes que não costuma ser usual no cinema de entretenimento. Sabemos que nada do que é visto aqui foi conseguido de maneira rasteira, dada a grandiosidade do todo, e de maneira inteligente quando precisa disfarçar nesse lugar. 

Outro ponto que chama a atenção é o elenco reunido, encabeçado por Henry Cavill. Ao lado dele, estrelas em ascensão como Eiza González, Hero Fiennes Tiffin e Henry Golding se junta a veteranos como Cary Elwes, Til Schweiger e uma interessante composição de Rory Kinnear para Winston Churchill. Chamam a atenção as presenças de Alan Ritchson e Babs Olusanmokun, em lugares bastante díspares no grupo. A qualidade desse grupo imenso de atores, todos bem nivelados dentro que precisam entregar, confere mais suculência a Guerra sem Regras, que nem tinha a intenção de revolucionar a sétima arte, mas que mostra que essa necessidade não deveria existir. 

A verdade é que não há nada muito especial no que é apresentado em Guerra sem Regras enquanto obra cinematográfica, o que ele apresenta de invenção ou de como sua voz pode causar alguma provocação. Mas é justamente durante sua projeção, tão cheia de uma vibração genuína, que um filme como esse se faz valer. É uma forma honesta de entregar uma produção que exala autoconfiança no que está sendo entregue, e o resultado é a forma sedutora com que acabamos por nos envolver. Com a competência de sempre, Ritchie é daqueles cineastas que não temos como apostar contra, porque ele não entrega filmes de inspirações rasas, ainda que em momentos bagunçados; a marca registrada aqui é a da credibilidade. 

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