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Paddington: Uma Aventura na Floresta

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Tem um quêzinho de Indiana Jones, numa linha de ficção exploratória, cheia de perigos e de armadilhas em Paddington: Uma Aventura na Floresta, aliás, tem também um quê de family film sobre afetos parentais. Esses extremos se equilibram azeitadinhos na direção de Dougal Wilson, um bombado realizador de comerciais e videoclipes, que faz do filme uma atração ideal para as férias escolares (e também a de alguns adultos). Parece o pãozinho quente que se serve à mesa do café da tarde. Faz rir, destila adrenalina, celebra a solidariedade e ainda visita antropologicamente a cultura da América Hispânica sem lupas do exotismo. Seu maior feito é oferecer às novas e novíssimas gerações um herói que carrega sob sua fofura toda a tradição comportamental (e literária) de seu país natal, a Inglaterra.   

Encarado pelo povo britânico como se fosse o Mickey do Reino Unido, só que mais atrapalhado e mais doce do que o camundongo da Disney, Paddington é menino pequeno nas telas, mas já é um senhor na vida real. Nasceu em 13 de outubro de 1958 na literatura infantojuvenil, sob a pena do escritor Michael Bond (1926-2017). Protagonia 29 livros, publicados ao longo de 60 anos, com sucesso nas vendas, o que lhe garantiu estrelar duas séries de animação. Uma foi exibida de 1976 a 1993. A outra foi lançada em 2019, alcançando espaço entre nós via Prime Video. Ambos os seriados formaram uma legião de fãs, com um apelo forte para mães e pais ao colaborar com a alfabetização de suas plateias mirins. Afinal, a polidez do ursinho de chapéu vermelho, capa de chuva azul e galochas é um modelo. Não causa estranheza, portanto, que o cinema tenha se interessado por ele.

Em 2014, o personagem ganhou seu primeiro longa-metragem, numa mistura de live-action com cenas animadas, tendo o ator Ben Whishaw como a voz original do pequeno herói, aqui (muito bem) dublado por Bruno Gagliasso. A produção, dirigida por Paul King, custou US$ 65 milhões, mas rendeu a impressionante cifra de US$ 318,7 milhões. O enredo, como nos livros, apresenta Paddington como um ursinho ainda moleque, egresso da Amazônia peruana, que encontra um lar ao ser adotado pela família Brown. Nos escritos de Bond, ele foi inspirado num bicho de pelúcia que o autor encontrou à venda numa vitrine de loja, solitária, evocando a solidão das crianças que foram vítimas de violência na II Guerra, sobretudo os refugiados. 

O êxito do longa original repetiu-se em sua (brilhante) sequência, de 2017, que custou US$ 40 milhões e arrecadou US$ 283,7 milhões, presenteando a plateia com uma das atuações mais inspiradas de Hugh Grant, no papel do picareta Phoenix Buchanan. Mata-se a saudade dele em uma sequência divertida de “Paddington: Uma Aventura na Floresta”, pilotado por um Dougal Wilson atento às deixas cômicas. Não se ri tanto quanto da Parte Dois, mas há gargalhadas aqui e ali, sobretudo no empenho de Hugh Bonneville em fazer do patriarca dos Brown, Henry, um paizão que pau pra toda obra, mesmo abilolado.    

Com seu colorido (sabidamente) retinto, a fotografia de Erik Wilson acentua visualmente as duas paisagens onde a trama se passa: uma Londres chuvosa e a fluvial geografia peruana. É para o coração da Pangeia sul-americana que Paddington se bandeia a fim de visitar sua amada tia Lucy (na voz de Imelda Stauton), que agora mora no Lar para Ursos Aposentados. Parte para lá com o clã dos Brown, uma vez que Henry é instigado por sua nova chefa a se arriscar. Uma freira nada confiável, vivida por Olivia Colman, diz a ele que sua titia sumiu e precisa ser achada. Após uma hilária passagem pela imigração, o peludinho mais amado da pátria dos Beatles encontra o apoio de um barqueiro, Hunter Cabot (papel de um inspirado Antonio Banderas), e sua filha, Gina (Carla Tous), para encontrar o paradeiro de Lucy. O problema é que Hunter parece ter segundas e terceiras e quartas intensões na expedição.A travessia por um mundaréu verde serve de deixa para um processo de reinvenção para os Brown e para Paddington, nos moldes clássicos da jornada do herói, sempre pautada por um ethos de lealdade que norteia a prosa de Michael Bonde. Na versão brasileira, vale aplausos o desempenho de Marco Ribeiro dublando Banderas. 

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