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Oscar 2025: Ainda Estou Aqui faz história com 3 indicações

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Digam o que quiserem, hoje seria um dia histórico, tinha esse sentimento no ar. O que não nos passava pela cabeça era o tamanho da historicidade. Com perdão a O Beijo da Mulher Aranha, você não é falado em português – Ainda Estou Aqui sim, é o primeiro filme brasileiro indicado ao Oscar na categoria principal na História. Na esteira desse momento crucial, tudo parece… “menor”, e não é. Estamos, de novo, indicados nas categorias de melhor filme internacional e melhor atriz, como em 1999, com Central do Brasil. Sim, Fernanda Torres e sua mãe, Fernanda Montenegro, são as únicas atrizes brasileiras a conseguirem tal feito, que as coloca simplesmente ao lado de Judy Garland e Liza Minelli, como as únicas mãe e filha a conseguirem tal feito em 97 anos. 

Ao largo do que conseguiu a campanha extraordinária da Sony Pictures Classics para Ainda Estou Aqui, que nos dá esse marco merecido para um filme que, até agora, já fez mais de 3,5 milhões de espectadores no Brasil, nossa pedra no sapato não é qualquer pedra; Emilia Pérez é o filme com o maior número de menções do ano, e também se torna o maior filme internacional de todos os tempos ao conseguir o recorde de 13 indicações para um filme não-falado em inglês. Seremos o pequeno Davi lidando com esse poderoso Golias, querendo mais uma vez tentar fazer a fábula ganhar vida. 

Na esteira do fenômeno francês, outro musical está na segunda posição – Wicked conseguiu 10 indicações, ao lado de O Brutalista. Após as vitórias no Globo de Ouro em suas respectivas categorias, imagina-se que os longas de Jacques Audiard e de Brady Corbet estejam na primeira fileira de favoritos na categoria principal. Mas em uma das corridas mais surpreendentes e emocionantes dos últimos anos, não podemos contar que Conclave (e suas 8 indicações) e Anora  (com tradicionais 6 dedicadas a títulos ‘grandes’ do cinema indie) estejam fora do radar. Como já dito, não se trata de uma corrida comum, com caminhos tradicionais de outros anos. 

Trata-se de um momento delicado para tratar de favoritismos e manter os olhos fechados para a força dos acontecimentos. As indicações de Ainda Estou Aqui são a prova de que essa corrida será como uma montanha russa, e tais definidores de surpresas vindouras ainda começam a se desenhar. O escândalo do IA nas feituras de O Brutalista Emilia Pérez, por exemplo, só foi conhecido após o fim do período de votação das indicações; como isso irá repercutir no quadro de vitórias? 

Outros fenômenos de menores expressão foram notados hoje, como a confirmação da ascensão de Um Completo Desconhecido, filme lançado há menos de um mês nos cinemas e que no início da corrida parecia “apenas” o filme que tentaria dar o Oscar de melhor ator a Timothee Chalamet. Hoje, tivemos 8 indicações para o título, incluindo duas menos óbvias, a de direção para James Mangold e a de atriz coadjuvante para Monica Barbaro. Quando olhamos para o quadro de indicados, inclusive, parece ter tido algum freio interno para a produção, que poderia alcançar feitos ainda maiores se tivesse conseguido performar melhor em categorias outras como as de fotografia e direção de arte. 

Outro dado interessante é observar como esse ano parece conter um ar de renovação como há muito não era visto dentro da Academia. Entre as categorias de interpretação, há um recorde de estreias. Se em melhor ator, apenas Sebastian Stan (por O Aprendiz) é novato, nas outras três apenas um integrante de cada já tinha sido indicado anteriormente. Ou seja, temos treze indicados pela primeira vez, mostrando uma Academia disposta a mover suas fichas para vozes não ouvidas anteriormente. Entre os diretores, o espanto é ainda maior: desde 1998 (o ano da consagração de Titanic), não tínhamos um grupo inteiro de estreantes no topo. 

E a História não parou de ser feita, já que Emilia Pérez também conseguiu indicar sua personagem-título, vivida por Karla Sofia Gascón, em melhor atriz, marcando a primeira indicação de uma atriz trans em seu quadro; lembrando que Elliot Page ainda não tinha realizado sua transição quando foi indicado por Juno. Esse também é um momento para que toda a ala ‘queer’ esteja em comemoração, por conhecer a idade média dos votantes da Academia e entender o passo importante que foi dado aqui, de mobilização por um olhar inclusivo em toda sua diversidade. 

Daqui até o dia 2 de março muita coisa ainda irá mudar. Como disse acima, não se trata de uma corrida igual a todas as outras, estamos diante de um barco que irá velejar para lugares muito inexplorados ainda. As vitórias de todos no Globo de Ouro precisam ser repetidas em outras premiações para que tais favoritismos, se é que existem de alguma ordem, sejam reafirmados. Não podemos deixar de colocar, por exemplo, que “número máximo de indicações” não significa favoritismo isolado. Vide os casos de Coringa, em seu ano, que saiu com apenas 2 Oscars da festa, ou Mank em 2021 (iguais 2 estatuetas), Ataque dos Cães (apenas 1) e tantos outros anos. Quando era pequeno fui surpreendido com essa análise pela primeira vez, quando vi o “favorito” Bugsy com suas 10 indicações, perder as principais estátuas da noite para o hoje imenso O Silêncio dos Inocentes

Estamos diante de um favorito em Emilia Pérez? Sem dúvida. Mas não podemos esquecer que essa é uma produção Netflix, que consegue tradicionalmente uma quantidade imensa de indicações para seu principal nomeado – vide dois dos citados acima. O filme de Jacques Audiard terá de enfrentar as resistências a sua trama, às suas polêmicas, ao seu gênero cinematográfico (o musical é um dos recortes, hoje, que mais provocam divisão entre o público), à sua protagonista que diariamente mete os pés pelas mãos com declarações arriscadas, à arrogância que a própria Netflix apresenta, e a um ano, como repetido muitas vezes, inesperado e imprevisível. Hoje, ele tem um alvo nas costas, e é nesse momento que os filmes precisam fazer absolutamente todos os lances certos para não desequilibrar. 

E, nossos colegas franceses têm também eles um pequenino problema surgido hoje: uma produção modesta, emocionante, que arrasta multidões aos cinemas e tem caráter muito mais aglutinador, de campanha crescente e coração imenso, que hoje foi ousado o suficiente para peitar o favorito. Acima de tudo, ainda estamos aqui, na briga, na garra, esperando o próximo capítulo de um livro que está longe de ter se encerrado. 

Confira os indicados do Oscar 2025:

  • Indicados ao Oscar de Melhor Filme
  • “Ainda estou aqui”
  • “Anora”
  • “O brutalista”
  • “Um completo desconhecido”
  • “Conclave”
  • “Duna: Parte 2”
  • “Emilia Pérez”
  • “Nickel boys”
  • “A substância”
  • “Wicked”
  • Indicadas ao Oscar de Melhor Atriz
  • Fernanda Torres (“Ainda estou aqui”)
  • Mikey Madison (“Anora”)
  • Demi Moore (“A substância”)
  • Karla Sofía Gascón (“Emilia Pérez”)
  • Cynthia Erivo (“Wicked”)
  • Indicados ao Oscar de Filme Internacional
  • “Ainda estou aqui” (Brasil)
  • “Emilia Pérez” (França)
  • “Flow” (Letônia)
  • “A Garota da Agulha” (Dinamarca)
  • “A Semente do Fruto Sagrado” (Alemanha)
  • Ator coadjuvante
  • Yura Borisov – ‘Anora’
  • Kieran Culkin – ‘A verdadeira dor’
  • Edward Norton – ‘Um completo desconhecido’
  • Guy Pierce – ‘O brutalista’
  • Jeremy Strong – ‘O aprendiz’
  • Figurino
  • ‘Um completo desconhecido’
  • ‘Conclave’
  • ‘Gladiador 2’
  • ‘Nosferatu’
  • ‘Wicked’
  • Maquiagem e cabelo
  • ‘Um homem diferente’
  • ‘Emilia Pérez’
  • ‘Nosferatu’
  • ‘A substância’
  • ‘Wicked’
  • Trilha sonora
  • ‘O brutalista’
  • ‘Conclave’
  • ‘Emilia Pérez’
  • ‘Wicked’
  • ‘O robô selvagem’
  • Curta-metragem com atores
  • ‘A lien’
  • ‘Anuja’
  • ‘I’m not a robot’
  • The last ranger’
  • ‘The man who could not remain silent’
  • Curta-metragem animado
  • ‘Beautiful men’
  • ‘In the shadow of cypress’
  • ‘Magic candies’
  • ‘Wander to wonder’
  • ‘Yuck!’
  • Roteiro adaptado
  • ‘Um completo desconhecido’
  • ‘Conclave’
  • ‘Emilia Pérez’
  • ‘Nickel boys’
  • ‘Sing sing’
  • Roteiro original
  • ‘Anora’
  • ‘O brutalista’
  • ‘A verdadeira dor’
  • ‘Setembro 5’
  • ‘A substância’
  • Atriz coadjuvante
  • Monica Barbaro – ‘Um completo desconhecido’
  • Ariana Grande – ‘Wicked’
  • Felicity Jones – ‘O brutalista’
  • Isabella Rossellini – ‘Conclave’
  • Zoe Saldaña – ‘Emilia Pérez’
  • Canção original
  • ‘El Mal’ – ‘Emilia Pérez’
  • ‘The journey’ – ‘The six triple eight’
  • ‘Like a bird’ – ‘Sing sing’
  • ‘Mi camino’ – ‘Emilia Pérez’
  • ‘Never too late’ – ‘Elton John: Never too late’
  • Documentário
  • ‘Black box diaries’
  • ‘No other land’
  • ‘Porcelain war’
  • ‘Soundtrack to a coup d’etat’
  • ‘Sugarcane’
  • Documentário de curta-metragem
  • ‘Death by numbers’
  • ‘I am ready, warden’
  • ‘Incident’
  • ‘Instruments of a beating heart’
  • The only girl in the orchestra’
  • Filme 
  • ‘Ainda estou aqui’ – Brasil
  • ‘A garota da agulha’ – Dinamarca
  • ‘Emilia Pérez’ – França
  • ‘A semente do fruto sagrado’ – Alemanha
  • ‘Flow’ – Letônia
  • Animação
  • ‘Flow’
  • ‘Divertida mente 2’
  • ‘Memórias de um caracol’
  • ‘Wallace & Gromit: Avengança’
  • ‘O robô selvagem’
  • Direção de arte
  • ‘O brutalista’
  • ‘Conclave’
  • ‘Duna: Parte 2’
  • ‘Nosferatu’
  • ‘Wicked’
  • Montagem
  • ‘Anora’
  • ‘O brutalista’
  • ‘Conclave’
  • ‘Emilia Pérez’
  • ‘Wicked’
  • Som
  • ‘Um completo desconhecido’
  • ‘Duna: Parte 2’
  • ‘Emilia Pérez’
  • ‘Wicked’
  • ‘O robô selvagem’
  • Efeitos visuais
  • ‘Alien: Romulus’
  • ‘Better Man: A História de Robbie Williams’
  • ‘Duna: Parte 2’
  • ‘Planeta dos Macacos: O Reinado’
  • ‘Wicked’
  • Fotografia
  • ‘O brutalista’
  • ‘Duna: Parte 2’
  • ‘Emilia Pérez’
  • ‘Maria Callas’
  • ‘Nosferatu’
  • Ator
  • Adrien Brody – ‘O brutalista’
  • Timothée Chalamet – ‘Um completo desconhecido’
  • Colman Domingo – ‘Sing sing’
  • Ralph Fiennes – ‘Conclave’
  • Sebastian Stan – ‘O aprendiz’
  • Atriz
  • Cynthia Erivo – ‘Wicked’
  • Karla Sofía Gascón – ‘Emilia Pérez’
  • Mikey Madison – ‘Anora’
  • Demi Moore – ‘A substância’
  • Fernanda Torres – ‘Ainda estou aqui’
  • Direção
  • Sean Baker – ‘Anora’
  • Brady Corbet – ‘O brutalista’
  • James Mangold – ‘Um completo desconhecido’
  • Jacques Audiard – ‘Emilia Pérez’
  • Coralie Fargeat – ‘A substância’

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