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“Papaizinho” no Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto

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Tendo como disparador o encontro do ator, diretor e dramaturgo Caio Scot, com o livro “Quem Matou Meu Pai“, do escritor francês Édouard Louis, estreia “Papaizinho“, espetáculo inédito com dramaturgia desenvolvida por Caio, Felipe Rocha, Júlia Portes, Lucas Cunha e Luisa Espindula – esta última assinando com Caio a direção. Além do livro, que considera o universo interno de um filho gay e sua relação com o mundo e com seu pai, na estrutura principal da montagem estão ainda as vivências do próprio Caio, com memórias resgatadas em VHS familiares antigos, e as audições gravadas para encontrar um pai para o espetáculo. Reunindo Caio Scot e Felipe Rocha em cena,.

O espetáculo põe Édouard, Caio e seus pais frente a frente. Uma jornada de autodescoberta desse garoto, que em frente ao espelho tentou entender o que em seu corpo fazia com que os outros o chamassem de ‘viado’. Ele, agora, um homem, vai ao apartamento de seu pai, que não vê há muito tempo, e quando abre a porta se depara com alguém que não reconhece mais. Na impossibilidade de penetrar a solidão um do outro, eles se encontram em uma história marcada por intolerância, incomunicabilidade e resistência.

“Durante o processo, fiz um trabalho de inter-locução artística com o cineasta argentino Manuel Abramovic, explicitei minha vontade de testar pais pra peça e o Manu falou que poderíamos levar isso pra dentro da peça. Adorei essa ideia como processo de busca desse pai, desses pais, dessas possibilidades de pais, tão distintos, tão parecidos, tão únicos – mas tão identificáveis nos clichês. A partir da audição, que ouviu 15 das mais de 100 pessoas inscritas, descobrimos novas possibilidades de caminho”, relembra Caio. “As pessoas compartilharam suas histórias com uma generosidade que nos impressionou, precisávamos fazer muito pouco para que se abrissem, claramente o assunto as mobilizava”, complementa Luisa. 

A montagem apresenta diferentes histórias de relações de pais e filhos, e experimenta tipos de conexões possíveis onde, muitas vezes, as trocas perdem o contorno, mostrando assim o quão complexas são essas figuras. As projeções em vídeos complementam a cena, apresentando histórias variadas que vão da negligência e falta de carinho – temas tão comuns nas relações paternas – ao afeto dos pais presentes, que têm seus filhos como a coisa que mais amam no mundo. 

“Cada vez que a gente encarava o que era singular em cada relação, mais o tema se abria. Num mundo onde o problema do homem autoritário, violento, embrutecido é tão presente, é difícil acreditar que possa existir algo diferente. Então, o desafio foi não deixar que essas histórias (as pessoais, a do livro e as das audições), em sua maioria bem difíceis, fossem conclusivas sobre o que é um pai. A gente quer que o pai tenha a possibilidade de reinvenção”, pondera Júlia Portes.

Ao longo do desenvolvimento da dramaturgia aglutinou-se na montagem todo material recolhido, levando toda a equipe a pensar o quão interessante e importante é refletir sobre esses papéis. Afinal, o que é ser pai e o que é ser filho? O que cabe a um e o que cabe a outro? 

“Foi um processo mesmo de escuta. O livro foi essencial pra peça ser o que é, mas a peça que a gente queria não poderia ser o livro, que tem um gesto político tão forte e contundente. Descaracterizar essa obra seria perder o que ela tem de mais potente. Foi quando decidimos trazer o livro como um material de interlocução, de provocação, de interação, sem querer dar conta de dar vida a obra literária no palco. Não temos uma resposta, temos perguntas e desejos de fazer diferente, sempre”, provoca Caio. 

Para Luisa, entrar em contato com tantas histórias diminuiu muito o maniqueísmo do olhar. “Uma das belezas imensas de criar personagens é ter que humanizar o erro, tentar entender as motivações de alguém, e isso dificulta muito um processo de chegar a verdades absolutas, de achar que sabemos quem o outro é. Me sinto com o olhar mais fresco e disponível para as pessoas e suas contradições”, admite a diretora, enquanto uma das dramaturgas, Júlia, acrescenta que o maior entendimento sobre o tema foi o de não acachapar nem o pai, nem o filho. 

SERVIÇO: Temporada: 17 de maio a 1º de junho de 2025 / Horário: Sextas-feiras às 20h, Sábados e Domingos às 19h / Ingressos:  https://riocultura.eleventickets.com/ Local: Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto Endereço: Rua Humaitá, 163 – Humaitá / Classificação Indicativa: 14 anos

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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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