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Eduardo Moscovis expõe a violência humana em monólogo 

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A obscura gênese da violência – seja ela inerente à natureza humana e, portanto, incontornável, ou fruto das relações sociais – é a principal premissa do monólogo inédito “O motociclista no globo da morte”, do dramaturgo, diretor e ator Leonardo Netto, que ganha o palco do Teatro Poeira. O trabalho, que marca a primeira parceria de Eduardo Moscovis com o diretor Rodrigo Portella e o quinto espetáculo produzido pelo ator.

Ao contar uma história que, em tese, poderia acontecer com qualquer um, o espetáculo faz uma provocação ao diluir as fronteiras entre vítima e algoz, civilizado e selvagem. “O que mais me cativou no texto foi perceber que o protagonista é um homem que tem uma vida correta, pacífica, com quem eu facilmente me identificaria, mas que, assim como seu antagonista na história – um homem vil em todos os aspectos –, pode se igualar a este ao cometer um ato de extrema violência”, conta Eduardo Moscovis.

“Mesmo com a ausência da contracenação, da troca com os outros atores, que, para mim, é um dos grandes desafios em um monólogo, fui arrebatado por esse texto do Leo e tem sido muito prazeroso todo o processo”, celebra. 

Depois de assistir inadvertidamente um vídeo de uma situação real de extrema violência em uma rede social há alguns anos, Leonardo Netto se questionou sobre o que leva alguém a cometer um ato violento, mas também a filmá-lo, postar e, por fim, o que leva alguém a curtir esse tipo de conteúdo. Outras questões foram surgindo como o porquê do fascínio e da idolatria a assassinos, psicopatas, serial killers ao longo da história: “A espetacularização, a romantização e a banalização da violência, exacerbadas com a multiplicação de câmeras e da internet, talvez nos torne mais insensíveis a ela”, acredita.

A ideia foi sendo processada até decidir que iria escrever a respeito e, de certa forma, exorcizar a sensação ruim que não saiu mais de sua mente após ver o vídeo. “Foi muito perturbador assistir, mas escrever também foi difícil, incômodo. Muitas vezes eu tive que parar”, revela Leonardo, que ao longo do processo da escrita passou a imaginar o amigo Eduardo Moscovis – com quem dividiu o palco em Corte Seco(2010) –, como o protagonista. “O título surgiu como uma metáfora à iminência do desastre. Assim como no globo da morte, nós vivemos tentando nos desviar da catástrofe o tempo inteiro”.

Nesta que é a primeira parceria com Rodrigo Portella, o ator Eduardo Moscovis exalta o trabalho do diretor: “A experiência com o Rodrigo tem sido muito boa. Ele é um diretor-criador, um criador de cena, ele pensa no espetáculo, pensa no teatro de uma forma muito genuína e potente, não só na forma de contar a história, do ponto de vista do narrador, mas de contar a história do espetáculo”.

Para construir a dramaturgia e ambientar o espaço cênico onde o protagonista conta em detalhes a história trágica que viveu em um dia comum, enquanto almoçava no bar que costumava frequentar, Rodrigo optou por uma cena extremamente minimalista, com pouquíssimos elementos.

Ele conta, “Para mim, o espetáculo acontece na cabeça do espectador. Qualquer elemento concreto no palco seria uma distração para o mergulho para dentro da história, que é muito poderosa. O personagem tem um discurso elaborado, que de alguma forma se aproxima da literatura, como se o espectador estivesse lendo um livro, onde as coisas não estão dadas a ele como em uma fotografia ou filme, mas onde ele é convocado a imaginar.  Nesse sentido, o que a gente tem é o ator numa relação profunda e íntima com o espectador o tempo inteiro, do início ao fim do espetáculo”, define. “A ideia principal é enfatizar o aspecto comum desse acontecimento, que poderia acontecer com qualquer um de nós. É um evento extraordinário que acontece num lugar ordinário, executado por um homem ordinário”. Nesse sentido, tanto a trilha musical de André Muato, como o figurino de Gabriella Marra e a iluminação de Ana Luzia de Simoni buscam reforçar essa ideia. 

Rodrigo percebe ainda no texto outras camadas como uma conexão mais direta com o contexto político-social brasileiro atual, ao fazer uma espécie de raio x da polaridade ideológica dos dias atuais: “Não há partidarismo, não se nomeia esquerda ou direita, mas claramente os personagens que estão envolvidos diretamente no crime se enquadram na dicotomia político-ideológica em que a sociedade brasileira está mergulhada”.

SERVIÇO: Temporada: 06 de setembro a 26 de outubro Horários: Quinta, sexta e sábado, às 20h | domingo, às 19h / Local: Teatro Poeira Endereço: Rua São João Batista, 104 – Botafogo Classificação indicativa: 14 anos INGRESSO VIVO VALORIZA: Cliente Vivo Valoriza possui 50% de desconto na compra de até um par de ingressos (não acumulativo com direito de meia entrada nem outras promoções). O cliente deverá entrar no APP Vivo e realizar o resgate do voucher de desconto na aba Vivo Valoriza. O voucher deverá se apresentado na entrada do teatro.

Rota Cult
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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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