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 3º Encontro de Povos de Terreiro no Centro Cultural UNICA e o Sacadura 154

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Evento que já está se tornando parte do calendário carioca, o Encontro de Povos de Terreiro chega à sua nova edição entre os dias 26 de setembro e 05 de outubro no Centro de Cultura Única e também no Sacadura 154, ambos na Gamboa, no Centro, com uma programação totalmente gratuita. Reafirmando o território da Pequena África como espaço de memória, resistência e celebração, desta vez tomam o centro das atenções eixos temáticos a celebração da Criança Ancestral, evocando a força dos Ibejis e a ancestralidade da infância, e o resgate de A Força da Mulher Ancestral, que retoma discussões sobre a decolonização da Umbanda e o protagonismo feminino nos terreiros e na sociedade. 

Farta e ampla como em todas as edições, a programação inclui novidades como um espaço mais abrangente para a programação infantil. Por começar no fim de semana em que se comemoram São Cosme e Damião e, por sincretismo, os Ibejis, haverá distribuição de doces e também recreação infantil com brincadeiras, pintura, artesanato e contação de histórias. Contemplando os adultos, muita troca e aprendizado nas rodas de conversa, palestras, oficinas e a diversão garantida com o Festival de Curimba e shows musicais de atrações como o grupo Awurê, Samba que Elas Querem, Velhos Malandros, Carta na Manga e Tambores de Ayan, além de atividades voltadas à economia criativa, à gastronomia de terreiro e à sustentabilidade.

“O tema da edição nasceu da compreensão de que, dentro das tradições de matriz africana, a infância carrega uma força ancestral própria: os Ibejis. A criança é símbolo de continuidade, vitalidade e renovação. Homenagear a criança ancestral é valorizar tanto os fundamentos espirituais, quanto a necessidade de cuidar das infâncias de hoje, resgatando o brincar, a oralidade e a transmissão dos saberes. Essa homenagem ficará aparente na programação entre 26 e 28 de setembro, refletindo isso em atividades lúdicas, artísticas e reflexivas, que celebram a infância como lugar sagrado de memória e futuro”, sintetiza Leandro Bacellar, coordenador do evento.  

Observando que, de modo geral, as religiões são transmitidas de pais para filhos, Leandro percebe certa interrupção neste processo quando se trata das religiões de matriz africana. “O processo de transmissão sofre desafios principalmente pelo preconceito e pela intolerância religiosa que atravessam nossa sociedade. Muitas vezes, famílias têm receio de expor seus filhos a práticas públicas por medo da violência simbólica ou material. Ainda assim, a tradição oral permanece viva: os terreiros seguem como espaços de acolhimento, onde os mais velhos ensinam pela convivência e pelo exemplo. Temos percebido também um movimento de retomada das juventudes, que reivindicam com orgulho sua ancestralidade, reforçando que a transmissão não foi interrompida, apenas transformada”, anima-se.

Dentre as trocas de saber desta edição, as atenções se voltam, sobretudo, à decolonização da Umbanda e ao protagonismo feminino nos terreiros. “Essas discussões são centrais. A decolonização da Umbanda significa revisitar nossa história, compreender os apagamentos e dar visibilidade às origens afro-indígenas da religião, muitas vezes encobertas por narrativas eurocentradas. Já o protagonismo feminino é uma realidade inegável nos terreiros: são as mulheres que, em grande parte, sustentam a espiritualidade, a organização comunitária e o cuidado coletivo. Queremos evidenciar esse papel, trazendo reflexões que conectam terreiro e sociedade, mostrando como a força feminina se desdobra também em lutas sociais mais amplas”, endossa o coordenador do evento, Leandro Bacellar. 

Contabilizando mais de 4 mil participantes nas duas primeiras edições, o evento reitera por si só sua relevância, indo ao encontro da necessidade da sociedade por espaços de troca e diálogo sobre ancestralidade e espiritualidade. Ao falar de decolonização, ancestralidade, protagonismo feminino e infância, o Encontro de Povos de Terreiro trata de valores universais como respeito, cuidado e diversidade. “O preconceito nasce da ignorância. Por isso, abrir esses diálogos em um espaço cultural é também um ato pedagógico, que ajuda a construir uma sociedade mais justa e plural”, reitera Leandro.

A prova cabal é o próprio terreiro UNICA (União Umbandista Luz, Caridade e Amor), que existe há oito anos e é liderado pela Mãe Sara Pinheiro, a idealizadora do Encontro. Tendo como finalidade fortalecer o combate à intolerância religiosa, tem sido comum no evento histórias de quebras de estigmas. “É um dos frutos mais bonitos do Encontro. Recebemos muitos relatos de pessoas que, ao participarem, mudaram completamente a forma de olhar para as religiões de matriz africana. Muitas dizem que foi a primeira vez que puderam ouvir diretamente dos praticantes, sem intermediários ou estigmas. Essa experiência abre portas para o respeito. Já tivemos casos de pessoas que chegaram cheias de dúvidas ou até preconceitos e saíram encantadas com a beleza, a profundidade e a força da tradição”, orgulha-se Mãe Sara.

Rota Cult
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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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