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Perrengue Fashion: Ingrid Guimarães se aventura na Amazônia

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De repente, um interesse maior do que o comum aparece no cinema brasileiro, pelas imagens da Amazônia, do Pará, fora do circuito dos festivais e do universo do curta metragem brasileiro. Antes tarde do que nunca, mas ainda nos falta desbravar um outro reconhecimento, que é o de cineastas da região Norte conseguirem filmar mais e tornar suas vozes acessíveis aos cinemas de larga escala. Enquanto isso não acontece, filmes como Manas, de Mariana Brennand, encantam merecidamente plateias do mundo inteiro, e uma outra cineasta, Flávia Lacerda, também desloca suas lentes para a floresta, em outro registro. Perrengue Fashion tinha tudo para ser ‘mais um filme protagonizado por Ingrid Guimarães’, mas o título se exemplifica por outros registros de ordens diversas. 

A estrela goiana nunca escondeu seu orgulho de, apesar de adotada pelo Sudeste, ainda guardar diversos vínculos com suas raízes, e essa é a segunda vez seguida que ela entrega seus filmes à imagens de outras regiões. Após o sucesso de Minha Irmã e Eu, com grande parte das cenas feitas em Goiás, Guimarães vai, enfim, conhecer o pulmão do mundo, e em paralelo a esse olhar sobre uma região pouco explorada pelo blockbuster nacional ainda que originária do país, discutir as éticas e normas das redes sociais hoje. Mas, sendo Perrengue Fashion um título para consumo em larga escala, e com roteiro assinado a oito mãos – incluindo as dela – o cerne de cada questão abordada no filme está sempre na superfície, e algo como profundidade ficando ao largo do foco. 

Guimarães tem um ponto quando resolve procurar propósito em influenciadores digitais, porque é uma “atividade” com um número cada vez maior de adeptos, entre quem faz e quem consome tais pessoas, e a pergunta que merece ser feita é onde vai parar toda essa influência. Se tudo é muito fugaz, passageiro, dependente de um modismo, tais análises ficam guardadas onde? Ou não precisam ficar? Dito isso, não é bom esperar de Perrengue Fashion um olhar ácido e analítico sobre o que é visto. A proposta é a do passatempo igualmente veloz, como grande parte da filmografia da atriz, mas ela está disposta a um encontro menos vazio aqui, com o espectador. O resultado são implicações pontuais, que passam aceleradas pela tela, e onde a crítica precisa ser agarrada a unha. 

Ao lado dela, mais uma vez seu olho clínico para parcerias apadrinhou uma joia: Rafa Chalub, que se lançou como o comediante Esse Menino, rebatizou-se e aqui mostra a veia cômica que seus vídeos já anunciavam, além de um talento como ator que ainda não tinha sido mostrado. Profissional formado, Chalub preenche todos os espaços da tela com muita verve e uma presença cênica marcante. Ainda que não exista uma demonstração diversificada dentro do que ele já apresenta em seus próprios canais de comunicação, carisma não se compra, e a parceria que ele forma com Guimarães rende material de química inegável. Com a promessa de futuros projetos, o interesse por Chalub é genuíno, mostrando que já existe uma confiança no que ele apresenta em Perrengue Fashion

Os pontos de alerta da produção ficam evidentes a partir do momento de que todo filme é apresentado do ponto de vista do estrangeiro. Com a exceção de uma personagem com pouco espaço de cena, Perrengue Fashion é observado por quem ocupa o espaço alheio. Essa comunicação acaba sendo restrita para quem está nesse lugar, já que os locais não enxergam sua voz em tela. Ainda que o filme provoque diversão sincera e alguma ousadia adulta, será fácil reconhecer onde os detratores se incomodarão, e eles têm seu ponto. O cinema brasileiro precisa mesmo ceder as vozes de suas regiões aos cineastas, atores e autores de cada espaço específico, e o Norte do país encontra grandes artistas no curta-metragem, mas entre os longas essa não é a predominância ainda. Que a visibilidade que uma produção como essa possa fazer essa conversa acontecer, e esse espaço nascer naturalmente. 

Com facilidade, conseguimos ver a personagem Paula Pratta e seu fiel escudeiro Taylor protagonizando novas aventuras, então é como se estivéssemos de frente ao nascimento de uma nova franquia. Com um começo tão promissor assim, não é difícil imaginar que Perrengue Fashion virá, no futuro, consertar alguns arranhões de mensagem cometidos aqui. Mas temos como negar que Guimarães tem alcance suficiente para evoluir o olhar e partir dessa experiência para uma evolução bonita que vem acontecendo nas comédias nacionais, vide o exemplo recente de A Sogra Perfeita 2. Se no campo de entretenimento, a estrela de De Pernas pro Ar é uma das maiores e mais bem sucedidas dos últimos 15 anos – e essa franquia citada é um claro exemplo de evolução narrativa – não será essa nova empreitada que o olhar estará imutável para o futuro. 

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