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Predador: Terras Selvagens faz ponte com a franquia Alien

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O diretor Dan Trachtenberg estreou nos cinemas com um dos mais elegantes títulos de horror recentes, a continuação Rua Cloverfield, 10, uma reimaginação e também um complemento inusitado ao universo criado por Matt Reeves e J.J. Abrams (que volta aqui), e já ali demonstrou um sentido aguçado de assertividade ao lidar com material alheio. Desde então, ele mergulhou fundo em outra mitologia, a de Predador, ao entregar uma observação original a respeito do personagem em Predador: A Caçada, que foi infelizmente lançado somente para o streaming. Mas o sucesso da empreitada o fez ganhar cacife para esse Predador: Terras Selvagens, que estreia elevando ainda mais as expectativas para o universo e as ramificações que o cineasta é capaz. 

O resultado não somente é das produções mais empolgantes e divertidas dentro do blockbuster direto em 2025, como não se furta em criar uma nuance narrativa a respeito de traição e fraternidade, em tempos de guerra – mas logicamente, também valendo fora da mesma. O filme parte de uma ideia original, mostrando as criaturas predadoras vivendo em seu país de origem, onde precisam explorar outras culturas para definir seu futuro. E o trampolim para essa metaforização em torno do filme já é encaminhado a partir da sua abertura, quando irmãos predadores são atraídos pelo pai que não os reconhece, com um confronto que termina em morte e fuga. Todo esse preâmbulo é falado na língua criada exclusivamente para o personagem e quando ele efetivamente começa a se comunicar em inglês, a quebra da quarta parede proposta é o primeiro sinal de diversão. 

Pelas contas por alto, essa é a nona encarnação do personagem Predador nas telas. Entre o clássico de 1987 e a animação lançada há poucos meses, muitos filmes fracos foram produzidos, inclusive na dupla de produções onde ele e Alien brigavam entre si. Mas poucas vezes o personagem foi apresentado em cenário bem humorado, onde a comédia seria deliberada como aqui; Predador: Terras Selvagens se vale da presença de Elle Fanning em ano crucial da carreira para ir até esse lugar. Mesmo a atriz, que está tentando uma indicação ao Oscar por Valor Sentimental, nunca tinha sido tão convocada pelo humor, e aqui ainda encara a responsabilidade de um papel duplo, com camadas surpreendentes, principalmente se levarmos em conta que tratam-se de uma dupla de andróides. 

Predador: Terras Selvagens é bem sucedido em encampar esse desdobramento principal para uma investigação a respeito da traição, que não cansa de mostrar seu propósito. Ou seja, mesmo em um título que tem como objetivo o lucro e o fortalecimento de uma marca, pode sim ser pensado em autoralidade e na vontade de discutir ideias, e não apenas em exibir maquiagem, cenas de ação e efeitos visuais. Dessa forma, o filme não apenas entrega entretenimento de alta qualidade, como também uma discussão sobre como a confiança nem sempre gera resultado. Em outras terminações, Trachtenberg explora a humanidade em seres que não deveriam possuí-la, extraterrestres e robôs, e eles demonstram aptidão para esse olhar através de suas ações e reações. 

Tecnicamente, estamos diante de uma produção que capricha além do esperado. Que os efeitos e a maquiagem de Predador: Terras Selvagens chamem a atenção, é esperado; ainda assim, eu consideraria esses trabalhos para possíveis vitórias em suas categorias nas premiações do ano, tamanha é sua excelência. Mas se tem algo que chama a atenção aqui é a direção de arte, e a criação estética dos planetas que o filme explora. O filme não passeia por ambientes repetidos, ao explorar as possibilidades de cada setor que funciona como palco de sua ação. A criatividade está nos detalhes, tanto das criaturas que estão em cada um dos lugares (como as plantas venenosas que lançam dardos letais) assim como nos animais em cena, exemplificando os limites de cada área da produção, sempre na excelência. 

É um produto que podemos dizer que se enquadra como completo: trata-se de um entretenimento cheio de predicados, e uma narrativa repleta de curvas. Ainda que não seja um desdobramento exatamente novo, Predador: Terras Selvagens se desenvolve com um raro tratamento elevado para uma produção com as suas características. Temos uma continuação de uma franquia que não teria mais nada a dizer, mas que seu novo diretor reinaugurou o interesse nos projetos anteriores, além de ser um projeto de orçamento agigantado. Que o resultado final tenha saído acima das suas possibilidades, isso é resultado da mão firme de Dan Trachtenberg ao conduzir essa empreitada cheia de possibilidades. 

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