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Silvio Santos Vem Aí: Leandro Hassum apresenta olhar carinhoso sobre o apresentador

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O anúncio de que teríamos uma nova “biografia” sobre Silvio Santos saindo do forno logo depois de seu falecimento, pegou o cinéfilo e o espectador de surpresa. Afinal, poucas semanas após a morte, em agosto do ano passado, chegava aos cinemas Silvio, dirigido por Marcelo Antunez e estrelado por Rodrigo Faro, muito criticado na ocasião. Mas a verdade é que nem essa produção e nem Silvio Santos Vem Aí, que estreia essa semana, são duas biografias lato sensu; enquanto o primeiro se concentrava no sequestro de uma das filhas do apresentador e na relação dele com um dos bandidos, o filme dirigido por Cris D’Amato parte de outro episódio, os 15 dias em 1989 onde a imprensa foi tomada de assalto por um novo candidato à presidência da república: Silvio Santos. 

Com um enfoque ainda mais restrito que o título lançado há um ano atrás, o roteiro de Paulo Cursino praticamente abre mão de flashbacks (existe uma brevíssima cena do passado, e algumas incursões entre o Silvio do presente e suas versões mais jovem, igualmente rápidas) para concentrar no personagem em seu momento. A partir do olhar de uma outra personagem acerca de sua história e de como a mesma pode ser apresentada ao eleitor em espaço supersônico de tempo, Silvio Santos Vem Aí é dos recortes mais interessantes que uma biografia poderia se ocupar acerca de uma esfinge como Senor Abravanel. Afinal, o que sabemos de concreto sobre Silvio, e que possam ser colocadas como algo factual, se o próprio se encarregou de espalhar notícias em múltiplas versões sobre sua vida? 

Silvio Santos Vem Aí  mantem a mitificação que o homem construiu sobre o personagem, investigando pouco sobre o que seria verdade ou não, com isso respeitando a visão do mesmo de manter as aparências falarem mais alto que os fatos. Existe a coragem de apontar Silvio como um mau marido (na verdade, péssimo) para a primeira esposa, mas o filme vai pouco além dessa afirmação. E isso até pode ser visto como positivo, dado que o tempo em que a produção se ocupa (e as próprias condições que a campanha do apresentador enfrentava), retira da equação a capacidade de compreender uma figura tão carismática quanto misteriosa. Por outro lado, o filme também falha em não apresentar algo à mais para o espectador, tendo em vista que esse era o propósito da linha de campanha e da personagem que é a verdadeira protagonista aqui, vivida por Manu Gavassi. 

Como fica clara a ausência de capital para uma produção que teria um escopo de reconstituição de época de 35 anos no passado, o resultado para a produção e direção é encerrar suas imagens em planos reduzidos, quase sempre em cenários fechados, o que soa como um filme sufocado. Dentro dessa forma, a direção de D’Amato faz o que pode com a realidade possível, que tem alguma nostalgia no sabor. A título de comparação, o orçamento de O Último Episódio deve ter sido muito menor e os resultados no recém lançado filme de Maurílio Martins não poderiam ser mais superiores. O resultado aqui é acanhado para o que a direção teria capacidade de realizar, mas existe alguma eficácia na direção de arte e no figurino em seu adereçamento. 

Encabeçando o elenco, os esforços de Leandro Hassum surtem mais efeito que os de Faro. Porque o ator aqui não tenta recriar uma maquiagem elaborada onde as falhas possam tornar-se evidentes, para se concentrar em um lugar reverencial. Não há imitação, mas um olhar carinhoso de Hassum para um dos homens mais midiatizados do nosso tempo. Existem várias camadas que o ator dá a seu Silvio, em seus muitos momentos, inclusive contracenando consigo mesmo em certa passagem. A representação de um desafio para Hassum só não é valorizada pelo próprio filme, que não enfatiza os esforços do ator, que independente disso, mostra um serviço digno em suas intenções. Ao lado dele, os experientes Marcelo Laham e Regiane Alves brilham em suas composições, ele como o chefe de marketing de sua campanha e ela como Íris Abravanel, segunda esposa do apresentador. 

O que impressiona mais na contabilização, tanto de D’Amato quanto de Hassum, é o fato de que ambos estão em seu quarto lançamento em 2025 – ela, com Viva a VidaMissão Porto Seguro A Sogra Perfeita 2; ele, com Uma Advogada BrilhanteFamília Pero no Mucho O Rei da Feira. Para ambos, Silvio Santos Vem Aí se mostra um divisor de águas, se tratando de uma produção mais séria, cujo olhar final poderia representar um novo capítulo. No empreendimento, Hassum consegue sucesso maior que sua diretora, mas também ela não empreende o brilho que sua entrega poderia apontar. Ainda assim, é sua performance que sempre mantém nosso interesse ao longo da duração curta. 

Apesar do interesse verdadeiro que tal passagem poderia implicar no espectador, e na qualidade que esse recorte poderia ter, a impressão é de que Silvio Santos Vem Aí não tem a seriedade e o comprometimento que poderiam ter. O resultado fica bastante aquém das possibilidade para um evento tão rico, e que poderia gerar muitas discussões amplificadas sobre seus resultados, afinal, como poderia ser um Brasil governado por Silvio Santos? Fica a impressão de que a produção não captou a força do recorte que eles mesmo tiveram a sapiência de escolher, mas com o desejo de realizar algo leve e passageiro, o filme não consegue ir além de um entretenimento ligeiro. Uma pena que tal sacada tenha se contentado em não ir além da superficialidade. 

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