- Publicidade -

“Memória Negra em Cartaz(es)” revela a luta por direitos fundamentais através de cartazes históricos

Publicado em:

A partir de discussões sobre legado, ancestralidade e futuro, o Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST) e o Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros (Ipeafro) firmam parceria inédita voltada à preservação e difusão da memória afro-brasileira. A primeira etapa do Acordo de Cooperação Técnica  incluiu a digitalização de 250 cartazes históricos. Parte destes itens de acervo  integra a exposição “Memória Negra em Cartaz(es)”, que reflete sobre as proposições de pessoas, organizações e coletivos da sociedade civil e do movimento negro, das quais Abdias Nascimento, cofundador do Ipeafro, tornou-se um de seus principais porta-vozes. 

Dentre esses momentos históricos, destacam-se os cartazes de divulgação do curso de extensão “Sankofa: Conscientização da Cultura Afro-Brasileira”realizado entre 1985 e 1995 na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Com a colaboração de autores como Nei Lopes, Lélia Gonzalez, Muniz Sodré, Helena Theodoro, Abdias Nascimento, Elisa Larkin Nascimento, entre outros, a iniciativa do Ipeafro pavimentou debates acadêmicos fundamentais que contribuíram para a UERJ ser uma das pioneiras na adoção das cotas raciais como política afirmativa.

“A parceria com o MAST, uma instituição pública da área da ciência e tecnologia, revela o reconhecimento da atuação dos povos negros na construção da cultura, da história e das ciências no Brasil e no mundo. A iniciativa demonstra ainda o compromisso com a defesa da memória negra através de sua preservação e com a produção de uma narrativa de luta por direitos e cidadania”, explica Clícea Maria Miranda, diretora de Preservação e Gestão do Acervo Ipeafro

Outro marco histórico foram as primeiras peregrinações à Serra da Barriga, local histórico da luta contra a escravização dos quilombos que compuseram a República de Palmares, em União dos Palmares (AL). A arte criada para esses cartazes pelo artista visual Jota Cunha em 1981 e 1983, rememora a formação do Memorial Zumbi, movimento crucial que articulou lideranças negras nacionais, levou centenas de pessoas à Serra e abriu caminho para a consolidação do 20 de Novembro como data simbólica pela conscientização da luta pela melhoria de vida das populações afro-brasileiras. O Memorial Zumbi e suas peregrinações foram essenciais para a criação da Fundação Cultural Palmares, elevando a causa quilombola, por exemplo, ao patamar de política de Estado.  

“A parceria é importante por focar na preservação do acervo de Abdias Nascimento, um símbolo das lutas pela igualdade, mas também por colocar o MAST como referência na captação e tratamento de arquivos pessoais de cientistas negros, compromisso que a instituição assumiu no seu planejamento plurianual e vem tendo dificuldade em acessar, seja pela pouca visibilidade alcançada ou pelo baixo número de ocupação de cargos desse grupo em espaços de ciência”, diz Everaldo Pereira Frade, chefe do Serviço de Arquivo de História da Ciência (SEAHC-MAST).

As iniciativas reforçam a urgência de ações voltadas à preservação da memória, especialmente de grupos historicamente marginalizados e excluídos dos espaços de decisão. Ao unir esforços, MAST e Ipeafro garantem que esse patrimônio siga vivo, inspirando pesquisas, reflexões e práticas sociais comprometidas com a valorização da cultura negra.

Serviço Período expositivo: De 17 de novembro de 2025 a 31 de janeiro de 2026. / Local: Museu de Astronomia (MAST) – São Cristóvão, Rio de Janeiro. / Entrada: gratuita.

Rota Cult
Rota Cult
Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

Mais Notícias

Nossas Redes

2,459FansGostar
216SeguidoresSeguir
125InscritosInscrever
4.310 Seguidores
Seguir
- Publicidade -