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Patrícia Pedrosa apresenta “Eu aos pedaços ou Ainda assim eu voo”, no Centro Cultural Correios 

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O Centro Cultural Correios Rio de Janeiro apresenta, a exposição “Eu aos pedaços ou Ainda assim eu voo”, de Patrícia Pedrosa. A exposição reúne um conjunto de trabalhos inéditos produzidos entre 2021 e 2025, período em que a artista intensificou sua investigação sobre a gravura e suas expansões possíveis. Na mostra, Patrícia compartilha um percurso marcado por atravessamentos íntimos e coletivos, nos quais a linguagem gráfica se desdobra para além das técnicas tradicionais e encontra novos modos de existir.

Composta por 20 trabalhos — dezesseis gravuras, uma vídeo-performance, uma cerâmica, um livro de artista e um sketchbook — a mostra evidencia o modo como Patrícia Pedrosa expande a gravura para territórios híbridos. Suas obras articulam técnicas variadas, como bordado, colagem, recortes, pintura e procedimentos xerográficos, criando camadas que tensionam superfície e materialidade. O uso de suportes como papel vegetal, tecidos bordados em bastidores e tintas fosforescentes reforça esse interesse por deslocar a tradição gráfica para outros campos de experimentação, produzindo composições que se constroem entre transparências, cortes, marcas e sobreposições.

A pesquisa de Patrícia Pedrosa se estrutura a partir do corpo feminino e das marcas que o atravessam — cicatrizes físicas e simbólicas que se acumulam como registro das experiências somatizadas ao longo dos anos. Durante o período da pandemia de Covid-19, esse campo de investigação ganhou novos contornos. O isolamento em seu ateliê e a ruptura da rotina coletiva intensificaram a percepção da artista sobre finitude, fragilidade e transformação. 

Entre os trabalhos apresentados, destaca-se o livro de artista construído a partir de um exemplar da segunda edição de Conheça o escritor brasileiro Carlos Drummond de Andrade (1978), recebido por Patrícia ainda na adolescência como prêmio em um concurso de poesia. O gesto de intervir nesse livro — extraindo palavras e versos para outras composições e devolvendo ao objeto camadas de desenho, recorte e inscrição — insere a literatura como parte constitutiva de sua própria memória corporal. O sketchbook reunido entre 2021 e 2025 amplia esse campo, abrigando anotações, referências, estudos e passo a passo dos processos que conduziram às obras, revelando a trama íntima entre pensamento e gesto. 

cerâmica apresentada também nasce diretamente do corpo: moldada a partir dos próprios seios da artista, a peça se quebrou em várias partes durante a queima, mas registrou uma fratura mais evidente sobre o seio esquerdo, que havia passado por uma cirurgia em 2017. Mantida guardada por dois anos, a obra foi retomada em 2025, e logo depois a artista passou por uma nova intervenção cirúrgica nessa mesma área. Nesse processo, Patrícia reuniu os fragmentos e concluiu a peça inspirada na estética e no conceito do kintsugi — tradição japonesa que evidencia as fissuras ao invés de ocultá-las — utilizando materiais contemporâneos para promover essa sutura simbólica. Como em toda a série, o tamanho real das peças deriva diretamente das medidas do seu corpo, reafirmando a centralidade da anatomia como matriz e matéria de trabalho. “A artista decompõe as dimensões do seu próprio corpo em gravura e o expande na figura de uma trindade feminina, deusa tríplice que faz das suas vivencias matéria de seu ofício”, destaca Ana Chaves, que assina o texto crítico que acompanha a mostra.

Ao reunir trabalhos que partem diretamente das medidas e das vivências do próprio corpo, Patrícia Pedrosa aciona uma espécie de cartografia íntima, na qual cada obra opera como registro e reflexão. “O corpo é o nosso projeto mais honesto — ininterrupto e irrevogável. Ele é redesenhado todos os dias por sentimentos, hábitos, escolhas e interações”, afirma a artista, para quem o ato de expor o corpo — seja em escala, em gesto ou em memória — amplia o campo dessa pesquisa. Sua produção se aproxima do que ela chama de autobiomórfica, uma forma de dar materialidade às marcas deixadas pelo tempo e pelas somatizações, sem dissociar adoecimento de cura. Ao tornar visíveis essas camadas, a artista desloca a gravura para uma zona em que anatomia, fantasia e experiência se entrelaçam, produzindo obras que tensionam vulnerabilidade, reconstrução e presença.

Serviço
Abertura: 26 de novembro de 2025 (quarta-feira), das 16h às 20h
Período de visitação: até 17 de janeiro de 2026
Horário: terça a sábado, das 12h às 19h
Local: Centro Cultural Correios Rio de Janeiro — Rua Visconde de Itaboraí, 20, Centro / Entrada gratuita

Rota Cult
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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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