- Publicidade -

Anaconda: Paul Rudd, Jack Black e Selton Mello estrelam o blockbuster do Natal 2025

Publicado em:

Confesso que no ato do anúncio do remake/reboot de Anaconda, um “clássico” de 1997 dirigido pelo mesmo Luis Llosa de outro “clássico”, O Especialista, me peguei automaticamente perguntando: quem pediu? O tempo passou nas investidas da produção, e fomos apresentados então à proposta, respirando surpreendentemente aliviados. Afinal, Anaconda, em sua versão 2025 dirigida e escrita pelo mesmo Tom Gormican do divertido O Peso do Talento, está em conexão direta não apenas do que o autor quer amplificar no cinema, como também a própria indústria na atualidade. Hoje, tudo é sinônimo de nostalgia, seja uma recordação de Casablanca, seja a infame perseguição de uma cobra lendária e gigantesca por uma equipe disposta a filmá-la – ou a morrer tentando. Ao fim da sessão, uma das poucas críticas que podem ser feitas ao que vemos é a pouca exploração da personagem-título. 

Esse é o terceiro longa de Gormican (seu primeiro é o igualmente eficiente Namoro ou Liberdade), e resta ao espectador saindo da sessão de Anaconda torcer pelo sucesso da mesma, porque está claro que o autor tem um futuro especial pela frente. Sua visão cinematográfica conjuga afeto coletivo, despretensão irrestrita e uma profunda relação de amor com o cinema, exemplificado em suas andanças por gêneros, suas sub-vertentes e o comboio de situações e personagens que abraçam o que ele mesmo congrega. Aqui, ele conta com seu maior orçamento para tocar o espectador mais uma vez, em uma narrativa que fala, acima de tudo, sobre a força da amizade e o poder inigualável da coletividade. Agora, me digam, quem esperava que Anaconda fosse inserido nesse contexto de construção narrativa?

O filme parte do princípio da metalinguagem, assim como Gormican assinou seu filme anterior protagonizado por Nicolas Cage interpretando Nicolas Cage. Aqui, Paul Rudd não é Paul Rudd, muito menos Jack Black é Jack Black. Eles são, respectivamente, um astro de cinema que nunca se tornou astro, e um diretor de cinema que nunca se tornou diretor de cinema. Frustrados e desmotivados, eles reencontram Thandwie Newton e Steve Zahn e resolvem retomar a parceria da infância, ao tentar realizar seu primeiro longa-metragem coletivo. O resultado é uma viagem à Amazônia para rodar uma sequência maldita de Anaconda, e o que se apresenta como um tardio Conta Comigo transformar-se em uma galhofa sincera, enquanto não deixa de desenvolver a retomada dessa amizade.

O curioso é perceber que, apesar da experiência do autor com material mais ternos em algum grau, é exatamente na parte, digamos, mais conectada aos dilemas do quarteto de amigos que o filme não consegue ir além das intenções. Os quatro atores esbanjam talento e carisma, já a química entre eles parece gerada por um piloto automático. Ainda que seja dessa maneira, estamos falando de um quarteto de atores consagrados que nunca deixam Anaconda passar despercebido, e quando eles assumem a comédia mais rasgada, aí o filme se realiza por completo. Entram em cena também as aparições da protagonista em cenas mais sutis, mas que ainda conseguem agregar resultados acima da média individualmente, deixando os acertos da comédia quase graças a um homem só. 

Mas se o espectador se conectar exclusivamente com o bom humor de Selton Mello, que contagia toda a produção, então preparem-se para o que só um dos nossos maiores atores pode fazer. Mello está absolutamente à vontade entre os colegas estrangeiros, sua presença em uma produção estadunidense parece natural, seu envolvimento com o filme não se restringe a um aspecto ou outro. Anaconda é uma diversão ligeira, que obviamente procura o sucesso através de seu elenco, com a tentativa de uma continuação óbvia (e que pode sim ser bem-vinda, para ampliar o discurso), e que também o elenco se privilegia da presença de Mello, que os deixam à vontade para ampliar suas capacidades em torno do melhor que podem fazer. 

Quando o elenco do filme se encontra, ou melhor, quando os astros hollywoodianos encontram o astro brasileiro, na chegada dos personagens ao Brasil, Anaconda desabrocha e o roteiro evolui para outro campo, além da nostalgia. Gormican, que é adepto e defensor desse afeto propagado pela premissa, é muito melhor sucedido quando deixa de lado suas reservas ao exagero; uma produção como essa, refém de um original já histérico, funciona mais quando aposta na falta de sutileza. É assim que uma produção que exala diversão em primeiro lugar deve fazer para funcionar: um elenco que entende o que está fazendo, decidindo fazer o que é preciso para divertir o espectador. Pronto, o resultado é o esperado. 

Mais Notícias

Nossas Redes

2,459FansGostar
216SeguidoresSeguir
125InscritosInscrever
4.310 Seguidores
Seguir
- Publicidade -