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Drama Redemoinho, de Walter Carvalho chega aos cinemas

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Um redemoinho é um turbilhão. Movimento forte rápido e circular de massa de água ou ar, que avança em espiral, arrastando para dentro o que tem em volta. Evolução desgovernada, desequilibrada. Descontrole. Uma força violenta e destrutiva.

As escolhas que fazemos ao longo da vida de um jeito de outro nos tornam quem somos. A maneira como lidamos com as coisas que acontecem no passado estão de muitas maneiras ligadas ao presente e ao futuro. A vida é um fluxo continuo em que tudo está interligado.

Ah, memoria, inimiga mortal do meu repouso! (Miguel de Cervantes)

Alguns eventos marcam e mudam nossas vidas de maneira irremediável. As vezes fugimos, as vezes estancamos, seja como, for estamos sempre sob influência dessa enorme força que é o passado. A vida segue, mas as memórias ficam à espreita, acompanhando nossos movimentos, e as vezes direcionando nossas escolhas à medida que vamos nos tornando quem somos, sem descanso, ainda que inconscientemente, outras, simplesmente fingindo esquecer.

Luzimar, vivido por Irandhir Santos, mora em uma cidadezinha no interior de Minas Gerais. Uma vida simples dividida entre o trabalho na tecelagem e a casa a beira dos trilhos do trem dividida com a esposa Toninha, interpretada por Dira Paes. Na véspera do natal, absorto enquanto pedala para a casa de sua mãe se depara, na porta de uma antiga vizinha, com um carro estacionado vindo São Paulo. Logo descobre se tratar de um antigo amigo de infância, Gildo retorna a cidade natal para passar o natal com a mãe, Cássia Kiss, após ter deixado a cidade natal rumo à São Paulo muitos anos antes. Numa daquelas cenas tipicamente brasileiras Luzimar é quase que intimado a entrar e tomar uma cerveja, em homenagem aos velhos tempos.

O que parece um simples reencontro entre velhos amigos se mostra de cara muito mais desconcertante que isso. Um constrangimento quase palpável transborda da tela, e à medida que o encontro avança cresce a tensão. Existe uma presença forte do passado no silêncio de Luzimar que explode nos gestos efusivos de Gildo, vivido por Júlio Andrade. Conforme o tempo passa o desconforto aumenta e apesar de várias vezes fazer menção de levantar é como se preso em um redemoinho a força daquele encontro puxasse Luzimar cada vez mais pra dentro, cada vez mais pra presença daquelas memórias e da conscientização das consequências daquele passado na vida de ambos.

O filme de José Luiz Villamarinho é, tal como o nome, redemoinho, uma força motriz que suga você de forma cada vez mais forte para o cerne desse relacionamento e dessas lembranças, para a força desgovernada dos sentimentos trazidos à tona por esse encontro. A maneiro como o filme é construído faz com que sejamos incapazes de nos desprender tomados pela curiosidade de conhecer as motivações e os motor da tensão que envolve nos fazendo o tempo conjecturar sobre os possíveis acontecimentos que os levaram até ali.

Um filme de atuações arrebatadoras, em que é fácil esquecer que não estamos distantes da vida real, mas de personagens, e que construção de personagens. Cheios de nuances e profundidades percebidos no olhar, no silêncio, na maneira de parar, no jeito de falar! Tanto que alguns gestos passam despercebidos muitas vezes, de tanto que parecem naturalizados por esses atores.

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