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Peça com texto de Walter Daguerre, “Branca” reestreia no Sede das Cias

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Escrita em 2012, “Branca” é uma investigação teatral sobre famílias e afetos e, ao mesmo tempo, uma pesquisa sobre linguagem. O tema – mulher sem memória que não consegue mais se encaixar em seu passado e seguir com a vida que levava – e a forma – a escrita dramatúrgica aproximada da literatura poética – se complementam à medida que um serve de anteparo à outra: a ideia do sujeito está no centro da discussão.

Por se tratar de um tema que questiona conceitos (memória e sujeito) e valores (família e afeto) consagrados, o dramaturgo Walter Daguerre sentiu-se compelido a também repensar a estrutura da dramaturgia realista. Em “Branca”, o autor aventura-se pela desconstrução dos estilos clássicos, optando por flertar com gêneros literários, sobretudo o poético – com passagens em verso, canções e rebelde quanto às normas gramaticais – e explora as nuances internas de um ser em relação a outro, exibindo as distâncias entre o pensar, o falar e o agir.

Uma mulher acorda de um coma profundo sem memória e não se reconhece na vida que lhe é apresentada. Este é o ponto de partida de “Branca”, espetáculo com texto inédito de Walter Daguerre que estreia dia 6 de maio no Teatro Glaucio Gill, espaço da Secretaria de Estado de Cultura/FUNARJ, em Copacabana, com temporada de sexta a segunda-feira, às 20h, até 29 de maio. Depois, a peça segue em cartaz de 2 a 26 de junho, na Sede das Cias, na Lapa. Dirigida por Ivan Sugahara, a montagem traz no elenco José Karini, Julia Stockler, Karen Coelho e Ludmila Wischanky.

“Branca” conta a história de uma mulher que, após ficar seis meses em coma, tem perda total de memória. Para tentar reintegrá-la à sua antiga rotina, o marido procura por uma terapia especializada e a mulher passa a ter encontros periódicos com uma conceituada profissional. Entretanto, conforme vai sendo reapresentada à vida que levava, a mulher passa a rejeitá-la, como se aquela existência não fosse sua, e deixando evidente a impossibilidade de (re)assumi-la. Essa nova realidade coloca em conflito o marido, a filha adolescente e a terapeuta, que se sente tocada pelos questionamentos e desejos dessa mulher.

O projeto é a primeira idealização da atriz, e agora produtora, Ludmila Wischansky, que lançou o convite ao diretor artístico Ivan Sugahara e ao diretor de produção Sérgio Saboya, para a realização de uma pesquisa e montagem teatral a partir de um texto de autor contemporâneo brasileiro. O resultado dessa pesquisa foi o encontro com a obra inédita de Walter Daguerre: “Branca”.

“Foi encantamento à primeira leitura. Nesse primeiro projeto, eu tinha o desejo de falar sobre o feminino, mas queria tratar esse tema numa visão sutil, poética e subjetiva, e foi exatamente esse olhar que encontrei no texto de Daguerre”, conta Ludmila.

A direção de Ivan Sugahara valoriza a força do texto e o trabalho dos atores como principais motores da encenação. No palco, os elementos cênicos, a iluminação e a música constroem uma atmosfera etérea, poética e subjetiva que traduz o universo interior da protagonista.

“Fui completamente fuzilado por esse texto. Há muito tempo não lia algo que me arrebatasse tanto. Logo no primeiro contato, fui tomado pela intensidade das palavras e, mesmo sem saber que iria montá-lo, me veio o espetáculo inteiro na cabeça. Isso é raro de acontecer. Tive certeza que o texto é quem que escolhe o diretor”, conta Ivan Sugahara.

SERVIÇO:
BRANCA
Local: Sede das Cias (Rua Manoel Carneiro 10, Lapa. Escadaria do Selarón.)
Temporada: de 2 a 26 de junho – de sexta a segunda-feira, às 20h.
Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia e lista amiga).
Duração: 90 minutos.
Classificação indicativa: 14 anos.
Foto: Renato Mangolin

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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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