Manifesto: uma crítica à estética artística pela arte

Por Isis Mendonça

Se você está pensando em ir ao cinema procurando entretenimento leve, relaxar a cabeça ou sair em um primeiro encontro, escolha outro título. Manifesto é uma obra dura e de complexa compreensão. Um manifesto conforme sua definição no dicionário: “declaração formal, persuasiva e pública, com cunho político para a transmissão de opiniões”. Uma declaração de Julian Rosenfeldt através de Cate Blanchet e seus 13 personagens.

O filme foi visto inicialmente em 2015 como uma instalação artística, percorrendo também grandes museus dos EUA. Após grande retorno, o longa integrou a seleção do Festival de Sundance 2017, realizado entre 19 e 29 de janeiro em Park City. Logo, adaptado para as telonas.

O cineasta alemão questiona de maneira forte o conceito de arte contemporânea e as referências artísticas do passado, movendo pela fugacidade e pela rapidez dos anseios da geração atual. Expõe também sobre temas como ficção, reprodução e originalidade. A arquitetura, música, pintura, teatro, artesanato, escrita e a própria indústria cinematográfica entram conjuntamente na mira do Manifesto de Rosenfeldt.

O público que conseguir entrar na trama, certamente encontrará momentos com os quais se identificará. Ao mesmo tempo, não é difícil se pegar girando o pescoço para tentar entender alguma cena ou trecho do texto, como se estivéssemos confusos diante de um objeto estranho num museu de arte moderna. E nisso o filme é brilhante.

Quanto a Cate, surpreende em se expor à interpretação de 13 personagens numa só trama. Justamente por isso, a atriz foi muito corajosa e conseguiu mostrar bem os arquétipos trabalhados. Alguns personagens se destacando mais do que outros.

Com um roteiro ousado que é uma poesia imperativa quase que do início ao fim, Manifesto, talvez em algum momento te faça se perguntar se é realmente um filme, mas certamente verá que é arte de certa forma. Definitivamente, não é um filme para qualquer um.