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Produção russa de terror, A Noiva estreia na semana do Halloween

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Uma maldição antiga que passa de geração em geração e um lindo noivo que não avisa sobre os perturbadores costumes de sua família, não são o que a jovem Nastya tinha em mente quando se casou com Ivan. Agora o casal terá que descobrir como fugir das garras tradicionalistas eslavas da nora e da sogra, e do estranho ritual que praticam com os falecidos. Com estreia marcada para dia 2 de novembro (por pouco perdendo o dia das bruxas), o longa é um remake assinado na produção pelos gêmeos do terror, Chad e Carey Hayes (Invocação do Mal, Casa de Cera), com direção e roteiro de Svyatoslav Podgaylvskiy, A Noiva apresenta uma tentativa mal sucedida dos russos em entrar para o mundo do terror.

Há séculos atrás, um jovem fotógrafo (interpretado por Igor Khripunov) perde sua futura esposa em uma tragédia pouco antes do casamento. Ele realiza um ritual da família que consiste em pintar olhos nas pálpebras dos mortos e tirar uma foto, a fim de eternizar a alma do ente querido. No entanto, essas almas não vagam livremente e precisam hospedar um novo corpo imaculado para sobreviverem a eternidade.

Muito tempo depois, ocorre um casamento simples e íntimo entre Ivan (Vyacheslav Chepirchenko) e Nastya (Aleksandra Rebenok), a família do marido deseja conhecer a garota e realizar uma tradicional cerimônia eslava. Ao chegar na casa, a garota percebe que a visita foi um erro terrível. Ela passa a ter visões estranhas, conhecer segredos. Para piorar as coisas, Ivan está desaparecido e ela gora está presa na companhia da nora e dos dois sobrinhos, mas logo a família inteira chegará para o grande dia e ritual.

A influência dos Hayes na produção é percebida em alguns momentos típicos de seus filmes. Quando o público se pega perguntando “por que essa garota estúpida está entrando nesse minúsculo e tenebroso espaço, sem ninguém, por nenhuma razão?” ou os jumpscares de volume alto demais, é aí que se encontram os gêmeos do terror. A direção do novato Svyatoslav tem muito a amadurecer. Além disso, a história poderia ser um pouco mais complexa do que o roteiro limitado se permite fazer. A simplicidade das justificativas de alguns momentos simplesmente não se encaixam com a natureza do longa.

Por outro lado, as falhas do roteiro talvez passassem mais despercebidas não fosse a dublagem do russo para o inglês que é muito difícil de ficar uniforme. É muito perceptível que os sons saindo dos personagens não pertencem a eles próprios e isso não ajuda em nada na imersão necessária para se assustar com um filme de terror. Contudo, a sincronia labial não foi o único problema de som.

Há cenas em que os sussurros compartilham o volume com barulhos de chuviscos da sala de gravação da dublagem, e ainda, a trilha escolhida para os momentos de maior tensão nunca estão totalmente alinhadas com os acontecimentos, parecendo haver um delay na edição, que também conta com um erro nos efeitos da cena de chuva em uma floresta, muito claramente adicionados por cima da filmagem já que a mesma não se move naturalmente.

Os atores que acabaram indo parar nessa armadilha de filme não são dos piores, mas com certeza não conseguem brilhar por cima de tantos erros na construção de seus personagens (um marido que sabe do segredo de sua família, e mesmo assim leva a esposa para a casa mal-assombrada e uma jovem tão inocente que não dá para acreditar que não tenha sido morta antes por simples descuido da vida).

A grande moral de toda a história acaba sendo que a castidade não leva a nada, já que a única razão porque Nastya tem chance de fugir é que não “se guardou para o casamento” com Ivan. Contudo, mesmo assim ainda há um longo caminho entre a casa da família e qualquer habitante que não apoie a transferência de corpos entre a protagonista e a noiva original, afinal o espírito assombra a todos desde antes do começo do século.

É interessante acompanhar o ingresso de outras nacionalidades em gêneros normalmente dominados por americanos. Apesar de um grande passo para a Rússia, é um pequeno passo para o mundo, já que o filme não assusta ou impacta da forma que se pretendia fazer, e o público acaba saindo vendo que seu maior medo é ter que aguentar mais algum minutos de dublagem ruim e história fraca.

Luana Feliciano
Luana Feliciano
Estudante de Jornalismo, ama escrever e meus filmes favoritos sempre me fazem chorar. Minhas séries preferidas são todas de comédia, e meus livros são meus filhos.

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